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Pequim-08 veta política nas arenas
Proibição, também para as faixas com mensagem religiosa, é para credenciados
Principais alvos do Bocog são budistas tibetanos, muçulmanos da minoria étnica uigur e membros de seitas religiosas proibidas
TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A PEQUIM
O apêndice está lá. Na página
250 do calhamaço de 279 que o
Comitê Organizador da Olimpíada de Pequim distribuiu à
imprensa ontem, em evento
promovido para dar detalhes
de como serão os Jogos-08.
Apesar de escondida, a lista
de itens proibidos nos locais de
prova para pessoas credenciadas deve causar polêmica.
Um dos itens mais controversos da relação é a proibição
de faixa ou cartaz com mensagens religiosas, políticas e comerciais. Outra restrição é o
uso de bandeiras de países que
não estejam na Olimpíada.
Segundo o manual, esses são
artigos restritos, ou seja, não
violam nenhuma lei, mas têm
vetada sua utilização nos locais.
Caso sejam encontrados, os seguranças solicitarão ao portador que se desfaça deles ou que
os deposite em um contêiner
próximo dos portões de acesso.
O Bocog, comitê organizador
dos Jogos, não deu detalhes sobre a proibição de outros itens
religiosos, como a Bíblia ou o
Alcorão. Essas regras, por enquanto, não se aplicam à torcida, cujos direitos e deveres são
tratados separadamente.
A restrição pode ter como
principal alvo os budistas tibetanos, os muçulmanos da minoria étnica uigur e membros
de seita religiosa, considerada
ilegal pelo governo da China.
Não é a primeira vez que
questões ligadas à religião causam polêmica. No início do ano,
organizações cristãs começaram a mobilizar missionários
voluntários para ir ao Jogos, já
que a entrada no país estará
mais fácil. Pela lei chinesa, é
proibido catequizar as pessoas.
Em resposta, Cao Shengjie,
presidente do Conselho Cristão da China, veio a público pedir que não usem a Olimpíada
para fins religiosos, respeitando os princípios da igreja local.
Independentemente disso,
na Vila Olímpica, que está em
construção, haverá um espaço
ecumênico para os atletas.
Além dos itens com material
religioso, também serão vetados nos locais de competição
instrumentos musicais tais como cornetas e bumbos. Bandeiras grandes, bolas, raquetes, bebidas alcóolicas, copos e garrafas também estão na lista.
Uma das preocupações do
Bocog é assegurar que os jornalistas que irão cobrir a Olimpíada tenham liberdade para trabalhar. O uso livre da internet,
por exemplo, é um dos principais pontos a serem resolvidos
pelas autoridades chinesas.
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