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FUTEBOL
Dia de fazer perguntas
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
O Palmeiras, quem diria, está seriamente ameaçado de não ir à
próxima fase do Brasileirão. Uma
pergunta para a "turma do
amendoim" do Parque Antarctica: não era o Celso Roth que era
burro?
O Santos goleia o Cruzeiro com
dois gols de Viola (mais um de
Marcelinho e outro de Elano) e
entra na briga por uma vaga.
Uma pergunta para a turma que
invadiu o CT santista: não era
para o Viola deixar a Vila?
O São Caetano voltou à liderança isolada num jogo morno contra o Corinthians. Nenhum dos times mostrou grande coisa, mas o
alvinegro merecia pelo menos
empatar, pois dominou a maior
parte do jogo. E os abnegados que
enfrentaram chuva para ir ao Pacaembu mereciam coisa melhor.
Contra o Vasco, o Atlético-MG
perdeu muitos gols e contou com
uma ajuda da arbitragem, que
anulou um gol legítimo de Romário. Mas um lance bastou para
mostrar por que o Galo é um dos
melhores times do país: a jogada
do segundo gol de Guilherme.
Marques recebeu lançamento
na direita, disputou corrida com
o zagueiro e cruzou de primeira,
sem olhar. Perto da marca do pênalti, Guilherme cabeceou para
as redes. Velocidade, técnica e entrosamento, eis o segredo de polichinelo do Atlético de Levir Culpi.
Algumas perguntas sobre a seleção brasileira:
1. Já estão elegendo Luizão como salvador da pátria no jogo
contra a Venezuela. Por que sempre tem de haver um messias?
2. Se era para valorizar a posse
de bola contra a Bolívia e esperar
o momento certo de dar o bote,
por que não foram convocados jogadores capazes de fazer isso, como Ricardinho, Zinho, Alex ou
Juninho Pernambucano?
3. Juan virou reserva por causa
de um escorregão? Então, troca o
time todo.
Muitas explicações taxativas
para o fracasso brasileiro têm sido apresentadas por torcedores,
comentaristas e boleiros. "Falta
amor à camisa", "faltou convocar
Fulano e Beltrano", "falta treino", falta isso e falta aquilo. De
fato, falta tudo.
Desconfio, entretanto, que a
melhor pista para entendermos o
que se passa com a seleção é a reportagem de Paulo Cobos publicada ontem neste caderno, comprovando que, desde a conquista
da Copa-94, a equipe está sendo
usada como máquina caça-níqueis, vitrine publicitária e instrumento político, em detrimento
da qualidade de sua preparação.
Na opinião de muitos torcedores, essa situação só vai mudar se
o Brasil ficar de fora da próxima
Copa. Sempre discordei dessa tese, argumentando que uma eventual desclassificação só nos lançaria na depressão e na apatia.
Hoje confesso que já não tenho
tanta certeza. O fato é que a atual
seleção brasileira não merece se
classificar e não está à altura do
futebol que se pratica no país. Se
estivesse disputando uma chave
eliminatória mais dura, como as
européias, já estaria fora da disputa faz tempo, dada sua péssima
performance.
Não gostaria de ver, pela primeira vez, o Brasil fora da Copa.
Mas não me anima a idéia de
chegar lá aos trancos (com uma
possível ajuda da Fifa), muito
menos a de passar um vexame no
Oriente. Como Sócrates (o filósofo), só sei que nada sei.
Despedidas
Parabéns à ESPN Brasil, que
transmitiu "de enfiada", no
sábado, as despedidas de Raí
e Maradona. Elas foram condizentes com os homenageados. A de Raí foi discreta e
elegante. A de Maradona,
melodramática e um tanto
circense. Foi bonito, no Parc
des Princes, ver craques de
diversas gerações, como Júnior, George Weah, Amoroso
e o próprio Raí, tratar a bola
com um carinho cada vez
mais raro. Em "La Bombonera" houve um misto de "marmelada" e novela mexicana,
mas não deixou de ser comovente constatar a identificação do povo argentino com
seu ídolo maior. Em campo,
de quebra, uma legião de brilhantes "bad boys": Stoichkov, Suker, Cantona, Valderrama e o palhaço Higuita.
Ponto para Pelé, que foi lá para aplaudir seu maior rival.
Vaias para o São Paulo, que
perdeu para o PSG a chance
de homenagear seu craque.
E-mail: jgcouto@uol.com.br
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