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FUTEBOL
Ameaçado pelo descenso, técnico diz que já fez tudo para empurrar time
Palmeiras esgota recursos e vê salvação por superação
EDUARDO ARRUDA
LÚCIO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
Troca de treinador, novo jogador para suprir posição carente,
escalações diferentes, retiro estratégico, treinos de fim-de-semana,
palestras motivacionais, premiação extra, bandeira de Nossa Senhora Aparecida na torcida, orações entre os evangélicos do time.
O Palmeiras parece ter esgotado
todas as possibilidades materiais e
espirituais para incentivar seus
atletas rumo à permanência na
elite do futebol brasileiro em
2003. Teria alguma coisa a mais a
ser tentada para o jogo decisivo
contra o Flamengo, amanhã no
Parque Antarctica?
"Não dá para inventar mais nada", acredita o técnico Levir Culpi. "Agora é ir para campo e jogar.
Tudo o que era possível fazer com
um time de futebol nós fizemos."
"A gente já passou por várias situações neste campeonato. Tudo
que fizemos de errado já foi corrigido, pena que foi tarde. Mas agora estamos preparados para sair
dessa situação ruim", completou
o colombiano Muñoz, que volta
ao time depois de cumprir suspensão contra o Fluminense.
Apesar de dizer que tudo já foi
feito, Culpi vai apelar para mais
dois artifícios nesta reta final, já
usados na ruim campanha do time no Nacional: a convocação da
torcida e mais uma palestra de auto-ajuda para "arrancar o vencedor de cada atleta".
"Precisamos muito da torcida.
O time é muito maior do que apenas 11 jogadores. Se perdermos,
todo mundo perde. Se escaparmos, ganhamos todos."
A palestra motivacional será
ministrada pelo engenheiro
Evandro Motta, 47 anos, que faz
um trabalho a longo prazo com o
rival Corinthians e aparece às vezes para "apagar incêndios".
"Essa é a terceira vez que falo
para os palmeirenses", disse Motta, que já prestou serviço para a
seleção nas Copas de 94 e 98.
"Não terá nada de muito especial. Vou usar a vitória contra o
Fluminense como referencial e
mobilizar a idéia da entrega total
para este jogo decisivo contra o
Flamengo", falou Motta, que vai
estar na concentração hoje com
os jogadores e amanhã fará a preleção aos palmeirenses.
"Nessa hora não tem mais esse
negócio de motivação. Já estamos
motivados faz tempo. Agora é tudo ou nada, jogar bola. O Evandro
é um cara inteligente, mas acho
que não precisamos mais disso",
afirmou o atacante Nenê.
O Palmeiras vencedor comandado por Luiz Felipe Scolari em
1999 também foi submetido a táticas motivacionais. Scolari é adepto declarado da psicologia como
forma de incentivar seus atletas.
Tanto é assim que no dia que o
Palmeiras enfrentou o Corinthians pelas quartas-de-final da
Taça Libertadores, o treinador
chamou para a preleção o jornalista Roberto Monteiro. Como o
Palmeiras havia vencido o primeiro jogo por 2 a 0, Monteiro enfatizou o poder de reação do rival,
que precisava vencer por três gols
de diferença para ficar com a vaga. Os corintianos ganharam,
mas, nos pênaltis, deu Palmeiras.
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