São Paulo, terça-feira, 12 de novembro de 2002

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BOXE

Pela primeira vez, Aiba, que dirige o esporte olímpico, dará prêmios em dinheiro, a título de "ajuda de manutenção"

Nova liga enterra amadorismo no ringue

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Aiba (Associação Internacional de Boxe Amador) anunciou a criação da Liga Mundial, a partir do próximo ano, primeira vez que a entidade oferecerá premiação em dinheiro em uma das competições que controla. O Brasil já foi sondado pela Aiba para tratar da possibilidade de o país receber uma das etapas da competição.
A premiação, que pode chegar a um total de US$ 50 mil para ser rateado, ao menos oficialmente não será classificada de bolsa, mas de "ajuda para manutenção".
O objetivo do torneio é estimular o interesse no boxe olímpico e proporcionar aos pugilistas amadores incentivo para que possam prosseguir no amadorismo.
No Brasil, experiência semelhante acontece com o programa Circuito Brasil Olímpico, do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), no qual atletas amadores recebem premiações em dinheiro, também a título de "manutenção".
Segundo Luiz Claudio Boselli, 45, membro do Comitê Executivo da Aiba e presidente da Confederação Brasileira de Boxe, representantes do departamento de marketing da associação o contataram durante o congresso da entidade, no Egito, neste mês.
"Conversei com representantes da Aiba [Adrian Metcalfe e David McConachie]. Eles ficaram sabendo que a TV brasileira exibe boxe amador e ficaram interessados", diz Boselli. "Essa Liga Mundial vai ajudar a entrar dinheiro na Aiba, a imprimir mais dinamismo."
Trata-se de um contra-ataque da parte da Aiba contra as críticas das quais o boxe amador é alvo.
São frequentes os textos em publicações especializadas dos EUA nas quais afirma-se que os amadores esperam anos para participar de uma Olimpíada só para ser vítimas de decisões polêmicas. Na sequência, questiona-se: "Por que esperar anos para participar dos Jogos Olímpicos se é possível passar ao profissionalismo e começar a boxear por dinheiro?"
Um dos adeptos dessa linha de pensamento é o brasileiro Newton Campos, presidente da Federação Paulista de Boxe e membro do CMB (Conselho Mundial de Boxe). "A Aiba está desesperada pelo fato de estar diminuindo o número de amadores, por isso está fazendo isso", diz. "Não vai dar certo [a Liga]. Afinal, o que são US$ 50 mil se rateado entre todos? Com duas ou três lutas, um profissional consegue o mesmo."
Boselli contesta a informação de Campos e diz que o número de amadores aumenta, não diminui.
A fórmula a ser utilizada na Liga Mundial é semelhante à da competição de vôlei, a terceira mais importante daquela modalidade (atrás de Olimpíada e Mundial).
Para obter vaga na liga de vôlei, anual, é necessário estar entre os primeiros do ranking, e as confederações têm de garantir transmissão e cobertura da mídia.
A Liga Mundial de boxe, com etapas em quatro continentes (América, Europa, África e Ásia), tem previsão para acontecer ao longo de seis semanas. Cada uma reunirá os principais boxeadores do mundo em todas as categorias.
As cidades que receberam, são ou pretendem ser candidatas a recepcionar uma edição dos Jogos Olímpicos terão prioridade. Os eventos serão supervisionados pela Aiba, que apontará árbitros e jurados que atuarão na Liga.



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