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BOXE
Pela primeira vez, Aiba, que dirige o esporte olímpico, dará prêmios em dinheiro, a título de "ajuda de manutenção"
Nova liga enterra amadorismo no ringue
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Aiba (Associação Internacional de Boxe Amador) anunciou a
criação da Liga Mundial, a partir
do próximo ano, primeira vez que
a entidade oferecerá premiação
em dinheiro em uma das competições que controla. O Brasil já foi
sondado pela Aiba para tratar da
possibilidade de o país receber
uma das etapas da competição.
A premiação, que pode chegar a
um total de US$ 50 mil para ser
rateado, ao menos oficialmente
não será classificada de bolsa, mas
de "ajuda para manutenção".
O objetivo do torneio é estimular o interesse no boxe olímpico e
proporcionar aos pugilistas amadores incentivo para que possam
prosseguir no amadorismo.
No Brasil, experiência semelhante acontece com o programa
Circuito Brasil Olímpico, do COB
(Comitê Olímpico Brasileiro), no
qual atletas amadores recebem
premiações em dinheiro, também
a título de "manutenção".
Segundo Luiz Claudio Boselli,
45, membro do Comitê Executivo
da Aiba e presidente da Confederação Brasileira de Boxe, representantes do departamento de
marketing da associação o contataram durante o congresso da entidade, no Egito, neste mês.
"Conversei com representantes
da Aiba [Adrian Metcalfe e David
McConachie]. Eles ficaram sabendo que a TV brasileira exibe boxe
amador e ficaram interessados",
diz Boselli. "Essa Liga Mundial vai
ajudar a entrar dinheiro na Aiba,
a imprimir mais dinamismo."
Trata-se de um contra-ataque
da parte da Aiba contra as críticas
das quais o boxe amador é alvo.
São frequentes os textos em publicações especializadas dos EUA
nas quais afirma-se que os amadores esperam anos para participar de uma Olimpíada só para ser
vítimas de decisões polêmicas. Na
sequência, questiona-se: "Por que
esperar anos para participar dos
Jogos Olímpicos se é possível passar ao profissionalismo e começar
a boxear por dinheiro?"
Um dos adeptos dessa linha de
pensamento é o brasileiro Newton Campos, presidente da Federação Paulista de Boxe e membro
do CMB (Conselho Mundial de
Boxe). "A Aiba está desesperada
pelo fato de estar diminuindo o
número de amadores, por isso está fazendo isso", diz. "Não vai dar
certo [a Liga]. Afinal, o que são
US$ 50 mil se rateado entre todos?
Com duas ou três lutas, um profissional consegue o mesmo."
Boselli contesta a informação de
Campos e diz que o número de
amadores aumenta, não diminui.
A fórmula a ser utilizada na Liga
Mundial é semelhante à da competição de vôlei, a terceira mais
importante daquela modalidade
(atrás de Olimpíada e Mundial).
Para obter vaga na liga de vôlei,
anual, é necessário estar entre os
primeiros do ranking, e as confederações têm de garantir transmissão e cobertura da mídia.
A Liga Mundial de boxe, com
etapas em quatro continentes
(América, Europa, África e Ásia),
tem previsão para acontecer ao
longo de seis semanas. Cada uma
reunirá os principais boxeadores
do mundo em todas as categorias.
As cidades que receberam, são
ou pretendem ser candidatas a recepcionar uma edição dos Jogos
Olímpicos terão prioridade. Os
eventos serão supervisionados
pela Aiba, que apontará árbitros e
jurados que atuarão na Liga.
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