São Paulo, sábado, 12 de novembro de 2005

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Justiça "convida" Tyson para março

FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O conturbado tour de Mike Tyson, 39, pelo Brasil deve continuar somente até amanhã, mas a próxima visita do ex-pugilista ao país já está agendada.
Após prestar depoimento ontem à tarde no Fórum Criminal da Barra Funda, o norte-americano foi intimado pelo juiz José Zoéga Coelho a comparecer a uma nova audiência em 7 de março do ano que vem. Até o horário já foi marcado: 13h30.
Ele responderá pela acusação de lesão corporal contra o cinegrafista Carlos Eduardo da Silva, 34, do SBT, na madrugada de anteontem. Foi a única das três acusações anteriores mantida pelo promotor Fábio Farinazzo Lorza.
Houve tentativas de acordo, segundo o advogado de Tyson, Fernando Mônaco. Silva e seu advogado, Áureo Aires Mesquita propuseram encerrar o caso em troca de R$ 1 milhão. Tyson recusou. Na segunda tentativa, o advogado de Silva sugeriu acordo por R$ 500 mil. Foi rechaçado de novo.
Enquanto março não chega, a Justiça brasileira pedirá a autoridades dos EUA informações da ficha criminal do ex-campeão.
Caso esteja há mais de cinco anos sem problemas de lá, Tyson terá o benefício de ver uma eventual pena convertida em doações de cestas básicas ou trabalhos comunitários -sempre no Brasil.
Do contrário, o Código Penal prevê detenção de três meses a um ano, mais multa cujo valor será estipulado pelo juiz.
Ontem, Tyson comeu omelete e tomou chá no café da manhã no seu hotel, no centro de São Paulo.
Acompanhado por dois advogados brasileiros, só reapareceu pelo lobby do hotel às 14h40.
A bordo de uma Mercedes C320, de propriedade de Oscar Maroni, dono da boate Bahamas, Tyson foi levado direto para o Fórum, onde chegou às 15h20.
Sua presença causou aglomeração e corre-corre. Enquanto ele prestava depoimento, cerca de 50 curiosos esperavam na saída do Jecrim (Juizado Especial Criminal), na esperança de conseguir um autógrafo ou uma foto.
Ficaram frustrados. Depois dos 45 minutos da audiência, Tyson deixou o Fórum por uma saída exclusiva para funcionários e foi almoçar em uma churrascaria.
De lá seguiu para o escritório dos advogados que o defendem: Alexandre Husni e Fernando Mônaco, na rua Canadá, nos Jardins. Regressou para o hotel às 18h15.
De cara fechada, não falou com repórteres e pediu à segurança que tirasse a imprensa do lobby. Mandou arrumar o quarto, indicando que passaria a noite em São Paulo, e, segundo a assessoria de imprensa do Crowne Plaza, só deve deixar a cidade amanhã à noite.
Segundo o cinegrafista Silva, que disse ter sido agredido na boate Bahamas pelo ex-lutador, que lhe quebrou a câmera, o comportamento de Tyson foi bem mais descontraído que antes.
"Ele estava dando risada o tempo todo e entrou na sala assobiando. Fiquei com muito medo e até avisei a Polícia Militar para que eles ficassem de olho", declarou. "Ele só ficou mais nervoso quando percebeu que a história não se encerraria ali", disse Silva, cujo advogado disse que vai contatar colegas americanos para processar Tyson nos EUA por danos morais. Segundo Mesquita, se ele não compareça à audiência em março, pode ser julgado à revelia. Como é acusado de um crime leve, o ex-pugilista não teve o passaporte retido pela Justiça e já pode voltar aos EUA.


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