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Justiça "convida" Tyson para março
FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O conturbado tour de Mike
Tyson, 39, pelo Brasil deve continuar somente até amanhã, mas a
próxima visita do ex-pugilista ao
país já está agendada.
Após prestar depoimento ontem à tarde no Fórum Criminal
da Barra Funda, o norte-americano foi intimado pelo juiz José
Zoéga Coelho a comparecer a
uma nova audiência em 7 de março do ano que vem. Até o horário
já foi marcado: 13h30.
Ele responderá pela acusação de
lesão corporal contra o cinegrafista Carlos Eduardo da Silva, 34, do
SBT, na madrugada de anteontem. Foi a única das três acusações anteriores mantida pelo promotor Fábio Farinazzo Lorza.
Houve tentativas de acordo, segundo o advogado de Tyson, Fernando Mônaco. Silva e seu advogado, Áureo Aires Mesquita propuseram encerrar o caso em troca
de R$ 1 milhão. Tyson recusou.
Na segunda tentativa, o advogado
de Silva sugeriu acordo por R$
500 mil. Foi rechaçado de novo.
Enquanto março não chega, a
Justiça brasileira pedirá a autoridades dos EUA informações da ficha criminal do ex-campeão.
Caso esteja há mais de cinco
anos sem problemas de lá, Tyson
terá o benefício de ver uma eventual pena convertida em doações
de cestas básicas ou trabalhos comunitários -sempre no Brasil.
Do contrário, o Código Penal
prevê detenção de três meses a
um ano, mais multa cujo valor será estipulado pelo juiz.
Ontem, Tyson comeu omelete e
tomou chá no café da manhã no
seu hotel, no centro de São Paulo.
Acompanhado por dois advogados brasileiros, só reapareceu
pelo lobby do hotel às 14h40.
A bordo de uma Mercedes
C320, de propriedade de Oscar
Maroni, dono da boate Bahamas,
Tyson foi levado direto para o Fórum, onde chegou às 15h20.
Sua presença causou aglomeração e corre-corre. Enquanto ele
prestava depoimento, cerca de 50
curiosos esperavam na saída do
Jecrim (Juizado Especial Criminal), na esperança de conseguir
um autógrafo ou uma foto.
Ficaram frustrados. Depois dos
45 minutos da audiência, Tyson
deixou o Fórum por uma saída
exclusiva para funcionários e foi
almoçar em uma churrascaria.
De lá seguiu para o escritório
dos advogados que o defendem:
Alexandre Husni e Fernando Mônaco, na rua Canadá, nos Jardins.
Regressou para o hotel às 18h15.
De cara fechada, não falou com
repórteres e pediu à segurança
que tirasse a imprensa do lobby.
Mandou arrumar o quarto, indicando que passaria a noite em São
Paulo, e, segundo a assessoria de
imprensa do Crowne Plaza, só deve deixar a cidade amanhã à noite.
Segundo o cinegrafista Silva,
que disse ter sido agredido na
boate Bahamas pelo ex-lutador,
que lhe quebrou a câmera, o comportamento de Tyson foi bem
mais descontraído que antes.
"Ele estava dando risada o tempo todo e entrou na sala assobiando. Fiquei com muito medo e até
avisei a Polícia Militar para que
eles ficassem de olho", declarou.
"Ele só ficou mais nervoso quando percebeu que a história não se
encerraria ali", disse Silva, cujo
advogado disse que vai contatar
colegas americanos para processar Tyson nos EUA por danos
morais. Segundo Mesquita, se ele
não compareça à audiência em
março, pode ser julgado à revelia.
Como é acusado de um crime leve, o ex-pugilista não teve o passaporte retido pela Justiça e já pode
voltar aos EUA.
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