São Paulo, quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

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Thiago pode estar a um braço de Phelps

Testes apontam diferença em movimento do nadador no crawl, seu estilo mais fraco em relação ao campeão olímpico

Confederação brasileira usa software para analisar a mecânica dos movimentos dos atletas e compará-la com a dos principais rivais


Bruno Miranda/Folha Imagem
Thiago Pereira na piscina de uma academia de São Paulo, onde o nadador fez teste biomecânico, que faz parte de sua preparação para a Olimpíada de Pequim

MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

O detalhe que ainda separa Thiago Pereira do multicampeão olímpico Michael Phelps pode estar em uma braçada.
Quando tem suas três primeiras parciais em uma prova de medley (que engloba os quatro estilos) comparadas com as do norte-americano, o brasileiro apresenta desempenhos semelhantes. Às vezes, consegue ser até mais rápido. Mas, a partir do momento em que Phelps inicia o nado livre (crawl), a distância parece inatingível.
Para entender a discrepância e lapidar a técnica de Thiago, a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos fez ontem o primeiro teste biomecânico no nadador na preparação olímpica -estão previstos ao menos mais dois até Pequim. Kaio Márcio, recordista mundial dos 50 m borboleta em piscina curta, também passou pela avaliação em São Paulo.
E um dos detalhes que saltaram aos olhos foi o fato de Thiago ter braçadas mais fracas com o braço direito, independentemente do lado da respiração.
"A questão que o separa de Phelps pode ser fisiológica, de estratégia de prova ou técnica. Temos uma suspeita agora. Fizemos um teste de força anteontem. Agora vamos trabalhar em cima dos dados", afirmou Paulo Cezar Marinho, doutor em ciências do esporte, que comandou a avaliação.
Thiago foi filmado embaixo e em cima da água, pela lateral. Uma câmera na mesma linha da raia também acompanhou seus movimentos. No chão da piscina, foram colocadas marcações de um em um metro.
As imagens serão analisadas quadro a quadro. A idéia é calcular a velocidade de cada uma das braçadas e verificar se há diferença entre os braços.
O processo de avaliação deslanchou no país com Rein Haljand, da Estônia, convidado pela CBDA em 2002. Marinho, que acompanhou seu trabalho à época, fez adaptações no software e introduziu, entre outras coisas, a possibilidade de ser calculada a velocidade da atuação de cada braço.
Com as imagens captadas ontem, os técnicos também poderão aferir a velocidade de cada uma das ondulações durante o nado submerso, uma das especialidades de Kaio e Thiago.
"No nível em que o Thiago está hoje, não é possível fazer mudanças radicais na técnica dele. Agora, mexemos nos detalhes. Se ele tiver mesmo uma braçada mais fraca que a outra, poderemos introduzir exercícios de correção e ver o que mais pode ser trabalhado", diz o técnico Fernando Vanzella, que quer testar o pupilo também em fevereiro e maio.


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