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Guerra da FPF vem à tona
Às vésperas do Paulista, Farah, ex-presidente da federação, escancara disputa com sucessor, Del Nero
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
O futebol paulista está formalmente rachado. Após cinco meses
de guerra velada nos bastidores,
Eduardo José Farah, 69, e seu sucessor na presidência da Federação Paulista, Marco Polo Del Nero, 62, romperam publicamente.
Em entrevistas concedidas à Folha, ambas na sexta-feira, criador
e criatura se atacaram mutuamente. Nas respostas, evitaram
citar o nome do novo inimigo. Pela primeira vez, trocaram fogo.
Em seu novo escritório nos Jardins, o "cartola aposentado",
muitas vezes em tom emocionado, criticou a administração Del
Nero, comparou-se a João Havelange e a Mao Tse-tung e previu
que o Paulista deste ano não será
um grande campeonato.
Na suntuosa sede da FPF, a
"criatura" reagiu. Falando em voz
baixa, Del Nero insinuou que o
antecessor deveria ser comparado
a Adolf Hitler e a Saddam Hussein. Afirmou que a imagem de
bom administrador de Farah não
sobreviveu a uma pesquisa nos livros-caixa da FPF. E disse que a
entidade não vai mais brincar
com o dinheiro dos clubes.
Vice mais velho da FPF na chapa que venceu as eleições em outubro de 2002, Del Nero não era o
candidato predileto do cartola
que comandou o futebol paulista
por 15 anos (1988-2003). Ex-presidente do Tribunal de Justiça Desportiva-SP, o conselheiro palmeirense só virou vice porque poderia ser um adversário potencial de
Farah no pleito -tinha apoio de
clubes do interior e de Corinthians, Palmeiras e Santos, então
rompidos com a FPF.
A mudança brusca de discurso
de ambas as partes é resultado de
alterações implementadas por
Del Nero nos últimos três meses e
meio. No fim de setembro, o atual
mandatário da FPF extinguiu o
programa de TV "Futebol Paulista e Você" e demitiu Elena Zampietro, filha de Farah e uma das
apresentadoras da atração.
Na última semana, Del Nero
desferiu mais dois golpes no ex-aliado. Tirou o salário de José Jorge Farah Neto, filho do ex-cartola
e diretor de marketing da FPF, e
demitiu Farah do cargo de consultor remunerado da entidade.
Tudo isso a uma semana do início do Campeonato Paulista, que,
graças ao novo tiroteio que racha
a cartolagem, começará dividido
entre a política e a bola.
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