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Em ano de retorno à elite, clube celebra união da nova e da velha-guarda
MÁRVIO DOS ANJOS
ENVIADO ESPECIAL A ÁGUAS DE
LINDÓIA
É debaixo de um calor intenso que o time da Portuguesa faz seu segundo jogo-treino em Águas de Lindóia.
Em seu primeiro ano 100%
elite desde a queda no Brasileiro-02, o time de Vagner Benazzi tem motivos para otimismo no Paulista.
Os investimentos em contratações experientes, como o
centroavante Christian (ex-Internacional e Corinthians),
e atletas identificados com o
clube, como o meia Zé Maria,
que era lateral e estava no Levante (ESP), já animam.
Se conseguir manter promessas como Diogo, 20, o clube passa a sonhar com dias
melhores que os de 2007,
quando se viu disputando as
Segundonas do Brasil e de SP.
Dificuldades, porém, não
faltam. Na noite de sexta-feira, a federação paulista acatou exigência do Ministério
Público de transferir o jogo de
estréia do time no Estadual
do Canindé para o Morumbi,
por problemas estruturais.
Como se não bastasse, o jogo é contra o Santos, atual bicampeão paulista, uma pedreira para um time pouco entrosado. Até sexta, em dois
jogos-treino, com alguns titulares sendo poupados, a Lusa
não havia marcado gols. Empatou com o XV de Jaú e perdeu por 2 a 0 para o Brasilis,
de Águas de Lindóia -com direito a frango do reserva
Eduardo Gottardi, que soltou
uma bola fácil nos pés de um
rival.
Ao ver o segundo gol, Benazzi balançava a cabeça, incrédulo. Mesmo após dois
acessos e um ano e meio de
trabalho contínuo, ainda há
muito trabalho para que a Lusa recupere seu prestígio de
quinta força do Estado.
"A partir de amanhã, tudo
vai melhorar", brincava um
resignado Christian, 32, nos
minutos finais daquela derrota inesperada.
"Não dá para prometer nada, mas nós vamos incomodar. A gente vê o pessoal treinando sério, ninguém tá dando "migué" [corpo mole]."
Para o atacante, que está
em sua quarta passagem pelo
futebol paulista, sua etapa na
Portuguesa parece estar mais
para os seus dias de goleador
no Corinthians-07 que para a
seca de gols que amargou defendendo o São Paulo-06.
"Tudo depende de me deixar jogar na área, onde eu sei
que posso ajudar mais, e o Benazzi já entendeu isso", acredita o centroavante.
Para quem volta, é perceptível que o clube está se reestruturando. Doze anos após
deixar a Lusa rumo ao Flamengo, Zé Maria viu que algumas dependências que
eram novas em sua época
precisam de manutenção.
Mas se satisfaz com o esforço
do clube de manter a folha de
pagamento em dia.
"Voltar para cá era uma
promessa que eu tinha feito",
afirma Zé Maria, 32, que passou por Flamengo, Parma,
Perugia e Inter de Milão.
"Não queria fazer isso com 38
anos, queria ser competitivo.
É a minha casa, passei 12 anos
aqui", diz o atleta.
Para o meia, será um Paulista ainda mais especial, pois
marcará seu reencontro com
um ex-colega dos tempos de
Inter: o atacante Adriano, hoje no São Paulo.
"Aqui ele vai reencontrar
seu futebol. Na Inter, ele tinha estrutura, mas sofria com
um técnico [Roberto Mancini] que não aceita dividir o
destaque com ninguém", comenta o meia.
Em Águas de Lindóia, o ex-lateral-direito da seleção encontrou outro velho conhecido. Em 1996, quando deixou a Portuguesa, ele colocou uma
medalha no peito do atacante
Diogo, então com sete anos,
por conta de seu primeiro título no futebol.
"Ele nem se lembra, mas eu
tenho uma foto disso", afirma
Diogo, sempre chamado de
"juvenil" por Zé Maria.
Essa união de gerações pode ser fortalecida com a permanência do lateral Leonardo, que vê sua negociação
com o CSKA de Moscou emperrar. O Palmeiras ainda luta pelo jogador.
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