São Paulo, domingo, 13 de janeiro de 2008

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Em ano de retorno à elite, clube celebra união da nova e da velha-guarda

MÁRVIO DOS ANJOS
ENVIADO ESPECIAL A ÁGUAS DE LINDÓIA

É debaixo de um calor intenso que o time da Portuguesa faz seu segundo jogo-treino em Águas de Lindóia. Em seu primeiro ano 100% elite desde a queda no Brasileiro-02, o time de Vagner Benazzi tem motivos para otimismo no Paulista.
Os investimentos em contratações experientes, como o centroavante Christian (ex-Internacional e Corinthians), e atletas identificados com o clube, como o meia Zé Maria, que era lateral e estava no Levante (ESP), já animam.
Se conseguir manter promessas como Diogo, 20, o clube passa a sonhar com dias melhores que os de 2007, quando se viu disputando as Segundonas do Brasil e de SP.
Dificuldades, porém, não faltam. Na noite de sexta-feira, a federação paulista acatou exigência do Ministério Público de transferir o jogo de estréia do time no Estadual do Canindé para o Morumbi, por problemas estruturais.
Como se não bastasse, o jogo é contra o Santos, atual bicampeão paulista, uma pedreira para um time pouco entrosado. Até sexta, em dois jogos-treino, com alguns titulares sendo poupados, a Lusa não havia marcado gols. Empatou com o XV de Jaú e perdeu por 2 a 0 para o Brasilis, de Águas de Lindóia -com direito a frango do reserva Eduardo Gottardi, que soltou uma bola fácil nos pés de um rival.
Ao ver o segundo gol, Benazzi balançava a cabeça, incrédulo. Mesmo após dois acessos e um ano e meio de trabalho contínuo, ainda há muito trabalho para que a Lusa recupere seu prestígio de quinta força do Estado.
"A partir de amanhã, tudo vai melhorar", brincava um resignado Christian, 32, nos minutos finais daquela derrota inesperada.
"Não dá para prometer nada, mas nós vamos incomodar. A gente vê o pessoal treinando sério, ninguém tá dando "migué" [corpo mole]."
Para o atacante, que está em sua quarta passagem pelo futebol paulista, sua etapa na Portuguesa parece estar mais para os seus dias de goleador no Corinthians-07 que para a seca de gols que amargou defendendo o São Paulo-06.
"Tudo depende de me deixar jogar na área, onde eu sei que posso ajudar mais, e o Benazzi já entendeu isso", acredita o centroavante.
Para quem volta, é perceptível que o clube está se reestruturando. Doze anos após deixar a Lusa rumo ao Flamengo, Zé Maria viu que algumas dependências que eram novas em sua época precisam de manutenção. Mas se satisfaz com o esforço do clube de manter a folha de pagamento em dia.
"Voltar para cá era uma promessa que eu tinha feito", afirma Zé Maria, 32, que passou por Flamengo, Parma, Perugia e Inter de Milão. "Não queria fazer isso com 38 anos, queria ser competitivo. É a minha casa, passei 12 anos aqui", diz o atleta.
Para o meia, será um Paulista ainda mais especial, pois marcará seu reencontro com um ex-colega dos tempos de Inter: o atacante Adriano, hoje no São Paulo.
"Aqui ele vai reencontrar seu futebol. Na Inter, ele tinha estrutura, mas sofria com um técnico [Roberto Mancini] que não aceita dividir o destaque com ninguém", comenta o meia.
Em Águas de Lindóia, o ex-lateral-direito da seleção encontrou outro velho conhecido. Em 1996, quando deixou a Portuguesa, ele colocou uma medalha no peito do atacante Diogo, então com sete anos, por conta de seu primeiro título no futebol.
"Ele nem se lembra, mas eu tenho uma foto disso", afirma Diogo, sempre chamado de "juvenil" por Zé Maria.
Essa união de gerações pode ser fortalecida com a permanência do lateral Leonardo, que vê sua negociação com o CSKA de Moscou emperrar. O Palmeiras ainda luta pelo jogador.


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