São Paulo, domingo, 13 de fevereiro de 2011

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PAULO VINICIUS COELHO

A solidão de Mano


Desde que foi escolhido para a seleção, Mano tem sido técnico e diretor da CBF ao mesmo tempo


MANO MENEZES subiu para seu quarto, no Sofitel do Arco do Triunfo, em Paris, às 5h30 da manhã de quinta-feira.
Compartilhava a madrugada com o narrador Galvão Bueno, da Rede Globo, o presidente do Corinthians, Andres Sanchez, o goleiro Júlio César e sua esposa, Suzana Werner. Ninguém da cúpula da CBF.
Mano tem tomado mais decisões certas do que erradas. Essa avaliação independe dos primeiros três jogos, em que seu time não sofreu gols, e dos dois seguintes, em que não marcou.
Mas, sete meses depois da eliminação na Copa, contra a Holanda, e da escolha de Mano Menezes como sucessor de Dunga, a CBF não criou um interlocutor do técnico que não seja um dos que dividiam a mesa do restaurante do Sofitel.
Mano Menezes tem sido técnico e diretor da CBF ao mesmo tempo. Partiu dele a indicação de Ney Franco para ser treinador da seleção sub-20 e coordenador das seleções de base. Foi sua a decisão de viajar para o Peru para acompanhar de perto os treinamentos do time de Neymar. É sua também a escolha de adversários fortes para os amistosos. "Precisamos de jogos fortes para não esconder os erros", disse Mano na última semana.
O Brasil saiu da Copa na sexta-feira, 2 de julho do ano passado. No sábado, dia 3, o diretor de comunicação, Rodrigo Paiva, deixou claro que haveria uma reforma na seleção brasileira. No domingo, dia 4, Dunga foi demitido. Mano Menezes deu a entrevista coletiva em que aceitou o convite da CBF no sábado, 24 de julho, 22 dias após a eliminação na África do Sul. No 23º dia, Ricardo Teixeira descansou.
Qualquer reformulação deveria supor a indicação de um diretor de seleções, alguém capaz de pensar todos os times do ponto de vista técnico e estratégico. Alguém capaz de planejar junto com o treinador os passos a seguir e de discutir com ele os acertos das vitórias, as razões das derrotas.
Mano Menezes não é centralizador e divide com sua comissão técnica parte dessas discussões. Mas ele é o técnico, não pode ser o bombeiro.
Na CBF de Ricardo Teixeira, o exemplo mais próximo de um técnico que concentrou as decisões na seleção é Vanderlei Luxemburgo. Não deu certo.
Na história do futebol brasileiro, o exemplo mais bem-acabado de um técnico que decidia tudo é Flávio Costa, vice-campeão do mundo em 1950.
O Brasil não vai querer perder sua segunda Copa em casa por deixar seu treinador abandonado.

pvc@uol.com.br


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