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FUTEBOL
Trabalho encomendado pelo C13 pouco vai mudar distribuição de verba
Estudo põe bola, só como perfumaria, na cota de TV
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Imagine um campeonato virtual em que o time que fizer mais
gols ganha uma premiação. Uma
zaga bem fechada renderia recursos. Cada ponto seria bonificado
com uma bolada. E até evitar pancadas nos rivais geraria dinheiro.
Em escala reduzida, essa realidade até foi ensaiada para a divisão do dinheiro da TV do Brasileiro, em estudos técnicos de consultorias contratadas pelo Clube dos
13. No total, são R$ 300 milhões
anuais a serem divididos.
Mas, na prática, Corinthians e
Flamengo devem concentrar
mais as receitas, seguidos por Palmeiras, Vasco e São Paulo.
Se for respeitada a maior parte
dos trabalhos, pouco mudará nas
fatias dos bolos de televisão.
Atualmente, os cinco ficam com
com cerca de 50% do total da TV.
Nos bastidores, esses cinco clubes já começaram a se digladiar
para manter ou aumentar seus
quinhões. Isso deve gerar um racha na reunião do Clube dos 13,
hoje, em São Paulo.
A pedido da entidade, as consultorias Informídia e TNS elaboraram estudos para sugerir uma
nova divisão de contas. Teria três
critérios: 1) participação fixa, baseada na tradição. 2) exposição de
cada clube na mídia; 3) premiação
por desempenho.
A primeira empresa sugeriu o
conceito mais inovador, e mais
questionado pelos cartolas. Do total a ser distribuído, 5% vai ser
destinado à performance no Brasileiro, sendo 4,9% à pontuação.
Mas 0,1% seria dado aos melhores ataques, defesas e disciplina. O
time mais goleador embolsaria
0,05% do total, ou R$ 150 mil. Melhor zaga e time com menos cartões dividiriam o mesmo valor.
Mas 95% do total seria destinado à participação (torcida, média
de público, pay-per-view) e à exposição do time na televisão.
Somados os critérios, o Corinthians ficaria com 11,9% do total,
2% a mais do que o Flamengo.
São Paulo, Palmeiras e Vasco teriam percentuais próximos, em
torno de 6,7%.
Hoje, os cinco ganham a mesma
coisa, em torno de 6,75% ou R$ 21
milhões. Os times cariocas e os
são-paulinos protestam.
"Peso de renda e PIB da cidade
do time não podem influenciar",
ataca Eurico Miranda, do Vasco,
que quer seguir ganhando a mesma coisa que os outros quatro.
Mais conservador, o estudo da
TNS foi mais bem aceito por todos, e tem mais chance de emplacar. Mantém uma cota fixa, igual à
atual, para 75% do total do dinheiro da TV. Separa 20% para o
item de exposição de mídia. E
também dá 5% para a performance no campeonato.
Por este critério, em 2005, o Corinthians saltaria de R$ 21 milhões
de ganho para R$ 25,4 milhões. O
Flamengo viria atrás, com R$ 22,3
milhões, R$ 1,3 milhão mais do
que atualmente. São Paulo, Palmeiras e Vasco teriam perdas de
receitas de até R$ 2 milhões, no
caso tricolor.
Aplicado a 2004, o critério daria
mais dinheiro ao Flamengo do
que ao time de Parque São Jorge,
pois o carioca teve mais jogos exibidos. Os outros três viriam em
um degrau abaixo.
Dirigentes são-paulinos argumentam que não é possível que
tenham índices de exibição em
TV menores do que corintianos
em 2005. Afinal, alegam que o
Mundial teve maior repercussão
do que o Brasileiro.
Sexto que mais recebe hoje, e
que se manteria na mesma posição pelos estudos, o Santos defende maior participação da premiação na divisão da fatia.
"Acho que a participação no
campeonato tem que ter maior
peso. Sempre defendo isso", ressaltou o diretor santista Dagoberto Lopes. Seu time tem obtido posições favoráveis recentemente.
Times médios, como o Atlético-PR, apóiam a iniciativa. Pois só
assim têm chances de crescer.
A questão será decidida em votação na Assembléia Geral do
Clube dos 13, hoje. Vinte clubes
associados votam.
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