São Paulo, segunda-feira, 13 de março de 2006

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FUTEBOL

Trabalho encomendado pelo C13 pouco vai mudar distribuição de verba

Estudo põe bola, só como perfumaria, na cota de TV

RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Imagine um campeonato virtual em que o time que fizer mais gols ganha uma premiação. Uma zaga bem fechada renderia recursos. Cada ponto seria bonificado com uma bolada. E até evitar pancadas nos rivais geraria dinheiro.
Em escala reduzida, essa realidade até foi ensaiada para a divisão do dinheiro da TV do Brasileiro, em estudos técnicos de consultorias contratadas pelo Clube dos 13. No total, são R$ 300 milhões anuais a serem divididos.
Mas, na prática, Corinthians e Flamengo devem concentrar mais as receitas, seguidos por Palmeiras, Vasco e São Paulo.
Se for respeitada a maior parte dos trabalhos, pouco mudará nas fatias dos bolos de televisão. Atualmente, os cinco ficam com com cerca de 50% do total da TV.
Nos bastidores, esses cinco clubes já começaram a se digladiar para manter ou aumentar seus quinhões. Isso deve gerar um racha na reunião do Clube dos 13, hoje, em São Paulo.
A pedido da entidade, as consultorias Informídia e TNS elaboraram estudos para sugerir uma nova divisão de contas. Teria três critérios: 1) participação fixa, baseada na tradição. 2) exposição de cada clube na mídia; 3) premiação por desempenho.
A primeira empresa sugeriu o conceito mais inovador, e mais questionado pelos cartolas. Do total a ser distribuído, 5% vai ser destinado à performance no Brasileiro, sendo 4,9% à pontuação.
Mas 0,1% seria dado aos melhores ataques, defesas e disciplina. O time mais goleador embolsaria 0,05% do total, ou R$ 150 mil. Melhor zaga e time com menos cartões dividiriam o mesmo valor.
Mas 95% do total seria destinado à participação (torcida, média de público, pay-per-view) e à exposição do time na televisão.
Somados os critérios, o Corinthians ficaria com 11,9% do total, 2% a mais do que o Flamengo. São Paulo, Palmeiras e Vasco teriam percentuais próximos, em torno de 6,7%.
Hoje, os cinco ganham a mesma coisa, em torno de 6,75% ou R$ 21 milhões. Os times cariocas e os são-paulinos protestam.
"Peso de renda e PIB da cidade do time não podem influenciar", ataca Eurico Miranda, do Vasco, que quer seguir ganhando a mesma coisa que os outros quatro.
Mais conservador, o estudo da TNS foi mais bem aceito por todos, e tem mais chance de emplacar. Mantém uma cota fixa, igual à atual, para 75% do total do dinheiro da TV. Separa 20% para o item de exposição de mídia. E também dá 5% para a performance no campeonato.
Por este critério, em 2005, o Corinthians saltaria de R$ 21 milhões de ganho para R$ 25,4 milhões. O Flamengo viria atrás, com R$ 22,3 milhões, R$ 1,3 milhão mais do que atualmente. São Paulo, Palmeiras e Vasco teriam perdas de receitas de até R$ 2 milhões, no caso tricolor.
Aplicado a 2004, o critério daria mais dinheiro ao Flamengo do que ao time de Parque São Jorge, pois o carioca teve mais jogos exibidos. Os outros três viriam em um degrau abaixo.
Dirigentes são-paulinos argumentam que não é possível que tenham índices de exibição em TV menores do que corintianos em 2005. Afinal, alegam que o Mundial teve maior repercussão do que o Brasileiro.
Sexto que mais recebe hoje, e que se manteria na mesma posição pelos estudos, o Santos defende maior participação da premiação na divisão da fatia.
"Acho que a participação no campeonato tem que ter maior peso. Sempre defendo isso", ressaltou o diretor santista Dagoberto Lopes. Seu time tem obtido posições favoráveis recentemente.
Times médios, como o Atlético-PR, apóiam a iniciativa. Pois só assim têm chances de crescer.
A questão será decidida em votação na Assembléia Geral do Clube dos 13, hoje. Vinte clubes associados votam.


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