São Paulo, sexta, 13 de março de 1998

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JUCA KFOURI
No tempo de Rivellino

Revela o repórter André Kfouri (sorry, periferia), da ESPN-Brasil, que ouviu de um jogador da seleção uma historinha que dá a medida de a quantas anda a cabeça de nosso velho e querido Zagallo.
No intervalo de uma das partidas recentes da seleção, o treinador virou-se para um determinado jogador e orientou: Faça como o Rivellino fazia em 1970.
Não bastasse o anacronismo, o jogador em questão nem sequer era nascido quando o Brasil ganhou o tricampeonato no México.

Quer dizer então que Zagallo não aprovou o campo de treinamentos reservado para seleção na França?!
Um campo escolhido há tanto tempo por dois dos luminares da CBF, os senhores Marco Antônio Teixeira e Américo Faria?!!
E que Zagallo só foi conhecê-lo agora, embora tenha estado lá perto quando disputou o Torneio de Paris?!!!
Ora, se é assim, a comissão técnica não precisa de intervenção, precisa é de uma boa e simples implosão.
Se bem que, para dar um voto de confiança à escolha de Teixeira e Faria, um gramado no inverno é uma coisa e no verão é outra.
E que, afinal, as placas já estão negociadas lá mesmo, detalhe para o qual só chamaram a atenção de Zagallo agora e é a razão de sua súbita mudança de opinião, aceitando o campinho.

"Para ajudar a conquista do penta, aqui estão os convocados", diz um folheto dos Laboratórios Geigy, distribuído entre médicos, apresentando o remédio Voltaren como "já escalado pela CBF".
Só falta agora a CBF fazer propaganda de inseticida.

Faz sentido Zico proibir jogo a dinheiro na seleção?
A resposta é sim, como princípio, e não, pelas circunstâncias históricas.
O grupo que ganhou a Copa nos EUA já jogava a dinheiro, e a proibição soará como provocação.
Em bom português, o decreto de Zico não ajudará que ele venha a ser bem aceito pelos remanescentes (e são tantos!) da campanha do tetra, e não tenha dúvida, caro leitor: ninguém dirá nada de muito grave até que os 22 estejam fechados e inscritos para a Copa.
Depois, porém, a guerra não será surda nem muda.

Pelo andar da carruagem, só há um nome que poderia pacificar as coisas na seleção: o de Carlos Alberto Parreira.



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