|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
Muricy ignora apelo de atletas, que queriam ser poupados para final do Paulista, e leva todo o elenco para a Bolívia
São Caetano cria "concentração forçada"
MARCUS VINICIUS MARINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Embora vários atletas tenham
pedido para ser poupados do jogo
de quinta-feira contra o The
Strongest, em La Paz, pela Libertadores, o técnico do São Caetano,
Muricy Ramalho, decidiu que todos os 25 jogadores do elenco do
time do ABC embarcarão hoje,
pela manhã, para a Bolívia.
Segundo o técnico, alguns titulares podem até ser realmente
poupados, mas viajam com o resto do grupo para fazer uma espécie de concentração antecipada
para a final do Estadual, no domingo, contra o Paulista.
"Se a gente não tivesse que jogar
no meio de semana, também iria
ter que concentrar. É bom levar os
jogadores para longe dessa badalação toda", afirma Muricy.
"Sei que eles [atletas] não queriam ir para a Bolívia. Quem quer?
Nem eu. Ainda se fosse Paris...
Mas expliquei para eles a situação
e eles entenderam", disse.
A decisão foi tomada poucas
horas após o volante Fábio Santos, aparentemente embriagado e
armado com uma faca, ter brigado com sua mulher e ido parar
numa delegacia do ABC, após resistir à prisão.
Segundo Muricy, a confusão de
Fábio Santos nada teve a ver com
a decisão. "Isso é um problema
pessoal dele, não tem nada a ver
com o clube. Se fosse durante a semana, era outra coisa, mas depois
do jogo é problema dele."
O técnico diz que definirá quem
será poupado e quem vai jogar só
amanhã, já em solo boliviano.
"Não dá nem para definir agora, o
jogador ainda está sob o impacto
da partida anterior. Lá é que poderemos definir quem pode jogar
e quem não. O problema não é
técnico, é físico", afirmou, em referência à vitória de anteontem
sobre o Paulista, por 3 a 1, na primeira final do Estadual.
Com o resultado, o São Caetano
pode até perder por diferença de
um gol na segunda final, domingo, que conquistará seu primeiro
título na primeira divisão.
Ao chegar na Bolívia, o time
treina na cidade de Santa Cruz de
la Sierra, a 416 metros de altitude,
e só embarca para a capital, La
Paz, 3.600 metros acima do nível
do mar, algumas horas antes da
partida. Segundo Muricy, é bem
possível que os atletas não relacionados nem façam essa última viagem. "A Bolívia não é longe, o
problema é jogar na altitude."
Os jogadores parecem ter assimilado bem o discurso do treinador. "Mesmo com alguns não jogando, é importante manter o
grupo junto nessa semana decisiva. Nem vai desgastar nada.
Quem não jogar, vai ficar torcendo pelos outros", diz o zagueiro
Serginho, um dos que pediram
para ser poupados anteontem.
Outro dos que não queriam jogar, o goleiro Silvio Luiz, concorda. "É importante todos ficarem
juntos. Não faz sentido metade do
grupo ir e metade ficar."
O jogo contra a equipe boliviana
é decisivo para o futuro da equipe
do ABC na Libertadores. O time
está na segunda posição do Grupo
1, empatado em pontos e saldo de
gols com o Peñarol, que recebe o
América do México, já classificado. Se o Peñarol conseguir uma
vitória por mais gols que o São
Caetano, fecha a fase em segundo
e elimina a equipe do ABC.
"É difícil jogar de olho em outros jogos que não o nosso", diz o
lateral-direito Anderson Lima,
que não jogou a primeira final do
Estadual, suspenso, e deve voltar
ao time na quinta-feira.
Embora tenham batido o rival
boliviano por 4 a 2 no primeiro jogo entre as equipes, no ABC, os
atletas do São Caetano evitam fazer comparações. "Agora vamos
ter de encarar a principal arma
deles: a altitude. Vai ser um jogo
bem diferente", diz Serginho.
A classificação também vale a
continuidade dos US$ 125 mil que
o time ganha por jogo dentro de
casa. "Não tem essa de prioridade
no Paulista", diz o presidente do
clube, Nairo Ferreira de Souza.
Texto Anterior: Futebol: Lesão deve tirar Ronaldo do Real por 15 dias Próximo Texto: Fábio Santos é preso após briga com a mulher Índice
|