São Paulo, quinta-feira, 13 de abril de 2006

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COPA 2006

Prêmio que diário britânico diz que vencedor do Mundial terá até 2010 pode gerar conflito com patrocinadores

Bola dourada cria saia justa para campeão

LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL

A idéia é premiar o vencedor da Copa, garantindo a ele o direito de ter o título lembrado todas as vezes que entrar em campo até o próximo Mundial. A conseqüência, porém, pode afetar a relação entre a seleção campeã e sua fornecedora de material esportivo.
Ontem, o jornal britânico "The Times" noticiou que a final da Copa deste ano, na Alemanha, será disputada com uma bola dourada e que o campeão poderá jogar todas suas partidas até o próximo Mundial, em 2010, na África do Sul, com bolas da mesma cor.
Se o time comandado por Carlos Alberto Parreira conquistar o hexacampeonato, porém, isso não está assegurado.
"Essa iniciativa da bola dourada é da Adidas, que é a fornecedora na Copa. Não é possível garantir que o Brasil, se for campeão, jogará até 2010 com tais bolas, porque há contratos de fornecimento previamente estipulados, que dependem do jogo", diz Kátia Gianone, gerente de comunicação corporativa da Nike do Brasil.
Para ela, ainda falta informação sobre esse "direito" de o campeão atuar com bolas douradas, mas é difícil que a Nike -fornecedora oficial da seleção brasileira- produza bolas douradas para os jogos da equipe nacional, em caso de conquista na Alemanha.
"[O uso da bola dourada] é uma estratégia de outra empresa. Por que a Nike a adotaria?", indaga ela, ao destacar que cada jogo ou competição tem que obedecer os acordos de fornecimento previamente definidos para ele.
O entrave contratual pode não ser o único empecilho no uso da bola dourada pelo Brasil.
Neste ano, sete Campeonatos Estaduais -o do Rio, o Gaúcho, o Cearense, o Catarinense, o Paranaense, o Baiano e o Mineiro- testaram um modelo de bolas laranjas, produzido pela Penalty.
A maioria deles acabou com as tradicionais bolas brancas e pretas, após muitas reclamações de jogadores e técnicos, para quem as esféricas laranjas não eram de fácil visualização, sobretudo em jogos disputados à noite.
As bolas bicolores produzidas pela Nike para a Libertadores também foram alvo de críticas, principalmente de goleiros como o palmeirense Marcos e o são-paulino Rogério, que criticaram o fato de ela não ter uma trajetória uniforme -segundo eles, o rumo desvia muito, principalmente em chutes de longa distância.
Tonalidades metálicas também já foram testadas e descartadas pelos brasileiros. O Campeonato Paulista do ano passado usou uma bola prateada, que os atletas diziam ter dificuldade em enxergá-la à noite. Neste ano, a pedido da federação, foram usadas bolas de cores mais tradicionais.
Exceto pelo jogo decisivo, a "Teamgeist", bola oficial da Copa da Alemanha, que é comercializada por R$ 399 (a réplica custa R$ 80) na loja da Adidas em São Paulo, marcará o retorno do tradicional branco e preto rolando nos campos após o Mundial de 1994, vencido pelo Brasil nos EUA.
Na França, em 1998, a Adidas usou pela primeira vez em Copas bolas coloridas. A "Tricolore" tinhas as cores da bandeira do país sede (branco, vermelho e azul).
Na Copa da Ásia, quatro anos mais tarde, ficou marcada a estréia de tonalidades metálicas. A "Fevernova" tinha desenhos dourados, pretos e vermelhos, em alusão a armas de artes marciais -para homenagear as duas sedes, Japão e Coréia do Sul.


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