|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Interesses chineses esfriam roteiro da tocha olímpica
Tanzânia e Omã, países onde China faz, respectivamente, caridade e negócio, são próximas paradas do fogo olímpico
Só relação com o gigante asiático explica a inclusão dos dois países, além do Cazaquistão, no desfile da
tocha dos Jogos pelo mundo
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A tocha olímpica dos Jogos
de Pequim vai passar hoje por
Dar-es-Salaam, na Tanzânia.
Amanhã, estará em Mascate,
em Omã, no Oriente Médio.
Estranho? Não para a diplomacia chinesa, que incluiu no
roteiro da tocha olímpica pelo
menos três países -o Cazaquistão é o outro- exclusivamente por interesses políticos
e econômicos particulares, enquanto vizinhos de mais apelo
global foram deixados de lado.
O Cazaquistão é grande, pouco populoso e vizinho da China.
Tudo o que a Mongólia também
é, com o fato de ainda ter uma
história que em muitos momentos se confunde com a chinesa. Mas os mongóis não vão
ver a tocha passar, enquanto os
cazaques foram os primeiros
fora da China a recebê-la.
Mas a Mongólia não tem petróleo jorrando fartamente como o Cazaquistão. E esse é produto vital para o ritmo acelerado de crescimento chinês.
Tanto que a CNPC, a estatal
do petróleo chinesa, gastou
US$ 4,2 bilhões em 2004 para
comprar uma empresa que explora poços no Cazaquistão,
país que antes do petróleo tinha laços comerciais quase nulos com o vizinho gigante.
A um custo de US$ 700 milhões, foi construído também
um oleoduto para levar óleo cazaque para a China.
Petróleo também colocou
Omã como o único país do
Oriente Médio no roteiro.
A China é o maior importador de óleo de Omã. E uma característica do produto é essencial para os chineses: o óleo de
Omã é bastante leve, o que lhe
torna perfeito para as refinarias chinesas, muitas delas ultrapassadas e obsoletas.
A China também ganha bastante dinheiro em Omã. Uma
empresa do país, a Sino Hydro,
constrói um bilionário sistema
de abastecimento de água.
Na Tanzânia, a China mostra
que também é "generosa".
O próprio ministério das relações exteriores chinês diz que
a Tanzânia é a nação africana
que mais ajuda recebeu até hoje do país -foram US$ 2 bilhões em mais de 40 anos. Os
dois países mantêm relações
próximas desde a década de 60,
quando a então recém-independente Tanzânia adotou um
governo socialista com forte influência chinesa.
"A amizade entre os dois países é antiga. Nós temos uma rodovia construída pela China, e
agora temos um estádio nacional com a ajuda dela. Muitos
chineses também estão fazendo negócios em Dar-es-Salaam", diz Filbert Bayi, secretário-geral do Comitê Olímpico
da Tanzânia, prometendo uma
recepção calorosa para a tocha.
Deve repetir assim o que
aconteceu no Cazaquistão, em
que a tocha desfilou sem protestos, passando por zonas
inóspitas.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Alemão: Werder goleia e reassume 2º lugar Próximo Texto: Vôlei: De virada, Osasco vence e vai à decisão Índice
|