São Paulo, domingo, 13 de abril de 2008

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Interesses chineses esfriam roteiro da tocha olímpica

Tanzânia e Omã, países onde China faz, respectivamente, caridade e negócio, são próximas paradas do fogo olímpico

Só relação com o gigante asiático explica a inclusão dos dois países, além do Cazaquistão, no desfile da tocha dos Jogos pelo mundo


PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A tocha olímpica dos Jogos de Pequim vai passar hoje por Dar-es-Salaam, na Tanzânia. Amanhã, estará em Mascate, em Omã, no Oriente Médio.
Estranho? Não para a diplomacia chinesa, que incluiu no roteiro da tocha olímpica pelo menos três países -o Cazaquistão é o outro- exclusivamente por interesses políticos e econômicos particulares, enquanto vizinhos de mais apelo global foram deixados de lado.
O Cazaquistão é grande, pouco populoso e vizinho da China. Tudo o que a Mongólia também é, com o fato de ainda ter uma história que em muitos momentos se confunde com a chinesa. Mas os mongóis não vão ver a tocha passar, enquanto os cazaques foram os primeiros fora da China a recebê-la.
Mas a Mongólia não tem petróleo jorrando fartamente como o Cazaquistão. E esse é produto vital para o ritmo acelerado de crescimento chinês.
Tanto que a CNPC, a estatal do petróleo chinesa, gastou US$ 4,2 bilhões em 2004 para comprar uma empresa que explora poços no Cazaquistão, país que antes do petróleo tinha laços comerciais quase nulos com o vizinho gigante.
A um custo de US$ 700 milhões, foi construído também um oleoduto para levar óleo cazaque para a China.
Petróleo também colocou Omã como o único país do Oriente Médio no roteiro.
A China é o maior importador de óleo de Omã. E uma característica do produto é essencial para os chineses: o óleo de Omã é bastante leve, o que lhe torna perfeito para as refinarias chinesas, muitas delas ultrapassadas e obsoletas.
A China também ganha bastante dinheiro em Omã. Uma empresa do país, a Sino Hydro, constrói um bilionário sistema de abastecimento de água.
Na Tanzânia, a China mostra que também é "generosa".
O próprio ministério das relações exteriores chinês diz que a Tanzânia é a nação africana que mais ajuda recebeu até hoje do país -foram US$ 2 bilhões em mais de 40 anos. Os dois países mantêm relações próximas desde a década de 60, quando a então recém-independente Tanzânia adotou um governo socialista com forte influência chinesa.
"A amizade entre os dois países é antiga. Nós temos uma rodovia construída pela China, e agora temos um estádio nacional com a ajuda dela. Muitos chineses também estão fazendo negócios em Dar-es-Salaam", diz Filbert Bayi, secretário-geral do Comitê Olímpico da Tanzânia, prometendo uma recepção calorosa para a tocha.
Deve repetir assim o que aconteceu no Cazaquistão, em que a tocha desfilou sem protestos, passando por zonas inóspitas.


Com agências internacionais


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