São Paulo, domingo, 13 de maio de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

sabatina

Brasileiro torna-se o 1º evento-teste para Copa

Nacional é amostra da estrutura do futebol no país, único candidato ao Mundial

CBF fez caderno de encargos para estádios que querem receber jogos do evento, mas todos estão longe do padrão exigido pela Fifa

RODRIGO BUENO
RODRIGO MATTOS

DA REPORTAGEM LOCAL

Candidato único à Copa de 2014, o Brasil estará sob os olhos da Fifa neste ano. A definição do país-sede será em novembro. Até lá, dificilmente o Brasileiro, que começou ontem, a CBF, os estádios e os torcedores passarão no teste.
Ciente disso, a confederação fez um caderno de encargos para os locais dos jogos. Com exigências, óbvio, menos complexas do que as feitas pela Fifa. Ainda assim, a situação de algumas praças locais forçou a entidade a pedir adequações.
É apenas um passo inicial: o próprio presidente Ricardo Teixeira afirma que não há estádios brasileiros em condições de receber o Mundial. Mas não faltam candidatos.
Cerca de 20 estádios devem abrigar jogos neste Nacional. O número pode variar, já que apenas 12 clubes atuam em sedes próprias. Desses, só nove arenas têm capacidade superior a 40 mil pessoas, número mínimo exigido pela Fifa para o evento. São candidatos campos como os do Beira-Rio, do Serra Dourada, do Morumbi, do Mineirão e do Maracanã. Outros, menores, prometem ampliações e outras reformas.
No Nacional, quase todos têm estrutura antiga. As exceções são o Kyocera Arena e, possivelmente, o Engenhão, estádio construído para o Pan.
A realidade fica exposta no tratamento dado a jogadores e torcedores. Nenhuma das praças, por exemplo, trata os atletas segundo o padrão exigido pela Fifa. Os vestiários deveriam ter área de 100 m2, armários individuais, televisão, bancos de massagem e ar-condicionado. Ainda são previstas duas áreas de aquecimento.
Há estádios próximos disso, como Morumbi, Beira-Rio, Arena, Maracanã e Mineirão. Mas, segundo relatos ouvidos pela Folha, boa parte dos outros obriga as equipes a se aquecer em pleno campo, faça chuva ou faça sol.
A chegada é complicada a alguns deles, como na Vila Belmiro, onde os ônibus dos times estacionam fora do estádio.
E o conforto reservado aos torcedores é similar aos dos jogadores. Mesmo no Morumbi e no Maracanã, os assentos não atendem às especificações da Fifa, sem falar dos banheiros e dos acessos aos lugares.
Além disso, a operação em torno dos jogos distancia bastante o Brasileiro do que se espera em uma Copa do Mundo.
Ingressos pela internet convivem com filas nas bilheterias e cambistas. Transporte e segurança, responsabilidade dos clubes pela legislação atual, carecem de investimento público -os dois itens foram os mais pesados do orçamento executado na Alemanha-2006.
O Nacional ainda sofre com a violência nos estádios. Na edição de 2005, foram seis mortes.
Próxima de conseguir sua Copa e adulada por políticos, a CBF estará longe de todo esse dia-a-dia de dificuldades crônicas. Diz a lei que o problema é dos clubes. Na Copa, não será.


Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: Nacionais expõem a distância entre Brasil e Alemanha
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.