São Paulo, domingo, 13 de maio de 2007

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Nacionais expõem a distância entre Brasil e Alemanha

No ano da Copa-2006, alemães tinham liga com o triplo do público do Brasileiro, estrelas e estádios geridos por times

Ao pleitear Mundial, Brasil tem apenas quatro estádios privados da principal divisão com mais de 40 mil lugares, o limite mínimo exigido

DA REPORTAGEM LOCAL

Véspera do início do Brasileiro-07. O site da CBF publica um texto com 18 parágrafos destacando a importância da competição. O Clube dos 13 ignora a estréia em seu site. Emissora da competição, a Globo promove o campeonato na semana anterior ao início, pois, antes, falava dos Estaduais.
Véspera do início da Bundesliga, o Campeonato Alemão, 2006/2007. Os organizadores apresentam estudo sobre o crescimento da marca da competição, que tem um site próprio. Uma das pesquisas mostra que 42% da população alemã considera o evento indispensável na vida pública.
Quando o Brasil tenta repetir a Alemanha e organizar uma Copa, esse contraste reflete o estágio de desenvolvimento dos dois Nacionais. A lição alemã mostra que a evolução do seu campeonato estruturou o país para receber o Mundial.
Basta dizer que, em 2006, 11 times alemães jogaram em estádios com capacidade acima de 40 mil pessoas (o limite mínimo para jogos de Copa), próprios ou geridos por eles em concessões feitas pelo Estado.
No Brasil, são apenas quatro, Sport, São Paulo, Grêmio e Internacional. O restante espalha-se em estádios pequenos ou em locais públicos, como Maracanã e Mineirão, onde pagam aluguel e não desenvolvem ações para obter receitas.
O fato de os clubes administrarem os estádios direcionou os investimentos privados para eles. Alguns locais foram totalmente bancados pelos times, embora o governo alemão tenha sido o maior investidor.
A conseqüência disso é a diferença de média de público entre os dois campeonatos.
No ano passado, o Brasileiro atingiu meros 12.401 torcedores por jogo, número menor do que os 14.034 da temporada anterior. Liga de mais público na Europa, a Alemanha recebeu 38.191 pessoas em média em 2005/2006. Esse número vem crescendo a cada ano. Mas, quando a Alemanha foi escolhida para sediar o Mundial, já era de 28.421. Ou seja, houve um crescimento de 34,4%.
O Brasileiro rivaliza com a segunda divisão alemã, que leva 12.020 pagantes por jogo.
A presença de estrelas intensifica a do público. Do time do Mundial-2006, somente 3 dos 23 jogadores estavam fora do solo alemão. Na equipe brasileira, só três atuavam no Brasil.
Se o contraste econômico explica o fato, não justifica a falta de promoção da competição brasileira em contraposição ao tratamento de grande evento dado na Alemanha. Quase 100% dos jogos lá são nos fins de semana, contra 74% aqui.
Enquanto a CBF distribui comunicados formais sobre o Brasileiro, o site da Liga Alemã faz relatórios prévios de cada jogo para os torcedores. Resultado da independência da liga, única responsável pela organização do Nacional, em relação à federação do país. A CBF cuida das seleções brasileiras, do Brasileiro e ainda tem funções burocráticas e administrativas, como registro de jogadores.
Não se pode atribuir essa diferença à tradição. A Bundesliga surgiu em 1963, oito anos apenas antes do Brasileiro. No período, a Alemanha organizou duas Copas. O Brasil busca sua segunda, após 57 anos. (RODRIGO BUENO E RODRIGO MATTOS)


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