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Nacionais expõem a distância entre Brasil e Alemanha
No ano da Copa-2006, alemães tinham liga com o triplo do público do Brasileiro, estrelas e estádios geridos por times
Ao pleitear Mundial, Brasil tem apenas quatro estádios privados da principal divisão com mais de 40 mil lugares, o limite mínimo exigido
DA REPORTAGEM LOCAL
Véspera do início do Brasileiro-07. O site da CBF publica
um texto com 18 parágrafos
destacando a importância da
competição. O Clube dos 13 ignora a estréia em seu site.
Emissora da competição, a Globo promove o campeonato na
semana anterior ao início, pois,
antes, falava dos Estaduais.
Véspera do início da Bundesliga, o Campeonato Alemão,
2006/2007. Os organizadores
apresentam estudo sobre o
crescimento da marca da competição, que tem um site próprio. Uma das pesquisas mostra que 42% da população alemã considera o evento indispensável na vida pública.
Quando o Brasil tenta repetir
a Alemanha e organizar uma
Copa, esse contraste reflete o
estágio de desenvolvimento
dos dois Nacionais. A lição alemã mostra que a evolução do
seu campeonato estruturou o
país para receber o Mundial.
Basta dizer que, em 2006, 11
times alemães jogaram em estádios com capacidade acima
de 40 mil pessoas (o limite mínimo para jogos de Copa), próprios ou geridos por eles em
concessões feitas pelo Estado.
No Brasil, são apenas quatro,
Sport, São Paulo, Grêmio e Internacional. O restante espalha-se em estádios pequenos ou
em locais públicos, como Maracanã e Mineirão, onde pagam
aluguel e não desenvolvem
ações para obter receitas.
O fato de os clubes administrarem os estádios direcionou
os investimentos privados para
eles. Alguns locais foram totalmente bancados pelos times,
embora o governo alemão tenha sido o maior investidor.
A conseqüência disso é a diferença de média de público entre os dois campeonatos.
No ano passado, o Brasileiro
atingiu meros 12.401 torcedores por jogo, número menor do
que os 14.034 da temporada anterior. Liga de mais público na
Europa, a Alemanha recebeu
38.191 pessoas em média em
2005/2006. Esse número vem
crescendo a cada ano. Mas,
quando a Alemanha foi escolhida para sediar o Mundial, já era
de 28.421. Ou seja, houve um
crescimento de 34,4%.
O Brasileiro rivaliza com a
segunda divisão alemã, que leva
12.020 pagantes por jogo.
A presença de estrelas intensifica a do público. Do time do
Mundial-2006, somente 3 dos
23 jogadores estavam fora do
solo alemão. Na equipe brasileira, só três atuavam no Brasil.
Se o contraste econômico explica o fato, não justifica a falta
de promoção da competição
brasileira em contraposição ao
tratamento de grande evento
dado na Alemanha. Quase
100% dos jogos lá são nos fins
de semana, contra 74% aqui.
Enquanto a CBF distribui comunicados formais sobre o
Brasileiro, o site da Liga Alemã
faz relatórios prévios de cada
jogo para os torcedores. Resultado da independência da liga,
única responsável pela organização do Nacional, em relação à
federação do país. A CBF cuida
das seleções brasileiras, do Brasileiro e ainda tem funções burocráticas e administrativas,
como registro de jogadores.
Não se pode atribuir essa diferença à tradição. A Bundesliga surgiu em 1963, oito anos
apenas antes do Brasileiro. No
período, a Alemanha organizou
duas Copas. O Brasil busca sua
segunda, após 57 anos.
(RODRIGO BUENO E RODRIGO MATTOS)
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