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Último "galáctico" espera ano melhor
Único remanescente da era MSI no Corinthians, Marcelo Mattos fala dos erros que presenciou entre clube e parceira
Jogador mostra mágoa com estrelas que saíram cedo demais e afirma que disputa entre Kia e Alberto Dualib atrapalhou o 2006 da equipe
PAULO GALDIERI
ENVIADO ESPECIAL A ÁGUAS DE LINDÓIA
Quando chegou ao Corinthians para a temporada de
2005, Marcelo Mattos era só
um primeiro reforço -e dos
mais modestos- de uma parceria que começava ambiciosa.
Hoje, às 18h10, diante do Juventude, no Morumbi, o volante de 23 anos faz sua terceira
estréia em Brasileiros pelo clube. Mas agora é o único remanescente dos chamados "galácticos" contratados pela MSI.
Em entrevista à Folha, Mattos diz ter ficado chateado com
a maneira como Tevez e Mascherano, as estrelas da parceria, deixaram o clube. E lembra
que a turbulência política, sobretudo a disputa Kia Joorabchian/MSI x Alberto Dualib,
atrapalhou e ainda atrapalha o
rendimento do clube. "Time
precisa ter cabeça boa."
FOLHA - Esta é sua terceira temporada no Corinthians e a primeira
sem outros jogadores contratados
pela MSI. Qual é a diferença?
MARCELO MATTOS - A primeira:
em 2005, havia grandes jogadores. Em 2006, saíram vários jogadores da MSI. E agora só sobrou eu. A esperança é que este
ano, a partir de agora, seja bem
melhor. Se a gente conseguir
fazer o que o técnico pede, dá
para fazer um ano melhor.
FOLHA - Você chegou como coadjuvante e se firmou rapidamente. A
que atribui isso?
MATTOS - Cheguei, não tinha
nome. E, para um primeiro volante aparecer... Não acontece.
Sabia que ia ter que ralar muito
para achar meu espaço. Mas
entrei num momento com
grandes jogadores, e isso facilitou. Entrar agora seria mais difícil. Chegar e disputar para não
cair é mais complicado.
FOLHA - Você esperava que o time
cheio de jogadores badalados fosse
se tornar o atual Corinthians?
MATTOS - Se a MSI tivesse saído, e os jogadores que ficaram
ou chegaram depois dessem
certo, a coisa estaria melhor. Isso não aconteceu. Mas todos os
jogadores de nome tiveram um
começo. Um dia já foram desconhecidos. O problema é que o
grupo agora é jovem e precisa
de resultados para se firmar.
FOLHA - Por que só restou você dos
jogadores da MSI?
MATTOS - Eu cheguei para ajudar, independentemente se foi
a MSI que me trouxe. Nunca tive problema com jogador, com
diretoria, com ninguém. Acho
que por isso estou até agora.
FOLHA - Você pensa em sair?
MATTOS - Não estou preparado
para ir embora agora. Meu filho
vai nascer no mês que vem. Mas
pode aparecer uma proposta irrecusável. A gente nunca sabe.
Agora, antes de sair, eu quero
voltar àquela fase alegre.
FOLHA - Como é o seu relacionamento com Kia Joorabchian?
MATTOS - Não sou de ser muito
amigo de diretor. Mas ele foi
meu padrinho de casamento.
Depois que ele se foi, a gente teve pouco contato. Conversamos umas três vezes. Ele pergunta como estou, como vai o
Corinthians...
FOLHA - Por que um time repleto
de estrelas não deu certo?
MATTOS - A Libertadores de
2006 complicou bastante. Depois, a coisa ficou ruim. Até antes do jogo com o River [Plate]
no Pacaembu, a gente estava no
céu. Depois, com pressão, não
teve mais como dar seqüência.
O Corinthians ficou muito focado naquela Libertadores.
FOLHA - Se o time tivesse se classificado, mas perdido mais adiante,
teria sido diferente?
MATTOS - Acho que seria pior. A
expectativa de ser campeão ia
crescer muito. E aí a decepção
seria ainda maior.
FOLHA - Então a turbulência do Corinthians atrapalha o rendimento
do time...
MATTOS - Você fica sabendo das
coisas pela imprensa. É Kia que
briga com Dualib, é o Kia que
vai embora e não volta mais...
Como você vai treinar assim?
Time precisa ter cabeça boa.
Concentração decide jogo.
FOLHA - A alta rotatividade de técnicos no clube influencia no mau desempenho também?
MATTOS - No Brasileiro de
2005, ainda bem que deu certo.
Troca de técnico é mais para
dar uma motivação a mais para
os jogadores. Fica naquela expectativa de que, se mudar o
modo de trabalho, melhora.
FOLHA - Com qual dos treinadores
você se deu melhor? E pior?
MATTOS - Dificuldade não houve com ninguém. O Tite era
quem me cobrava mais, mas
era para o meu bem. Mas o que
mais me marcou foi o Passarella. Ele me deu oportunidade de
ser o capitão do time logo que
cheguei. Ele me deu a confiança
necessária para me firmar.
FOLHA - Você presenciou muitos
problemas de relacionamento entre
os jogadores no Corinthians?
MATTOS - O grupo de agora é
tranqüilo. No ano passado, foi
mais difícil. Alguns jogadores
achavam que tinham que cobrar, que outros poderiam render mais.
FOLHA - A disparidade salarial no
elenco causou discórdias?
MATTOS - Não. Não teve essa.
Nunca chegou a isso. Cada um,
cada jogador, tem que lutar pelo que tem direito.
FOLHA - Por que o Corinthians não
obteve todos os títulos que almejava quando fez a parceria com a MSI?
MATTOS - É difícil dizer o que
houve. No Brasileiro de 2005,
tudo foi felicidade. Mas as disputas políticas, Kia, Dualib, diretoria, isso às vezes mexe com
o jogador.
FOLHA - O Tevez e o Mascherano fizeram certo ao deixarem o Corinthians? Eles foram "traíras"?
MATTOS - Cada um busca o que
é melhor para si. Eles não estavam felizes no Corinthians, foram buscar a felicidade em outro lugar. Mas claro que a gente
ficou chateado de eles saírem
num momento difícil.
FOLHA - Eles chegaram a se despedir do elenco?
MATTOS - De outros eu não sei,
mas de mim, não. E, depois que
saíram, eu nunca mais cheguei
a falar com eles.
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