São Paulo, sexta-feira, 13 de maio de 2011

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XICO SÁ

Neymacho


Ao assumir publicamente a paternidade, tu foste não somente Neymar, foste Neymacho


AMIGO TORCEDOR, amigo secador, claro que assumir a paternidade é uma obrigação e não deveria, em um cenário de mais civilização e menos barbárie, nem mesmo ser motivo do louvor que farei nestas linhas tortas.
Infelizmente, porém, a gente sabe como funciona a parada. As tantas novelas sensacionalistas de DNA, os tantos dramas, com personagens milionários ou "gente diferenciada", como na classificação de pobres feita em Higienópolis.
No mundo dos boleiros, então, nem careço gastar mais tinta e listar os casos. No presente e na história. O próprio rei do futebol, para ficar apenas no chão de estrelas do Santos, teve o sagrado nome envolvido em demoradas polêmicas.
Sim, caro Neymar, este respeitável senhor que costuma dar tantos conselhos, muitos acertados, para o comportamento dos jovens da Vila e de outros viveiros de craques. Por todo este histórico dramático e de tantas omissões de pais brasileiros -saibam ou não o que é uma bola-, é que te digo, caríssimo Neymar, moleque com quem já tive o prazer de levar um lero, parabéns pela atitude.
Meu jovem, tu agora não és mais um menino, agora és um homem. Ao assumir publicamente a paternidade, foste não somente Neymar, tampouco um ensaio do Neymessi, foste Neymacho, para usar um trocadilho com o meu viés nordestino.
Macho não no sentido lampirônico do termo, muito menos na acepção de conservadorismo e machismo rasteiro. Macho na grandeza de ser homem e não fugir à luta, na maneira de ser responsável por aquilo que praticas.
Sim, meu rapaz, como bem falaste ontem, foi um baque, um susto, tens apenas 19 anos, é o começo da vida. Contar isso para o teu pai, imagino, que barra. Por mais que tenhas um bom relacionamento com ele, ave Maria, não é fácil mesmo.
Ainda mais, menino, quer dizer, grande homem, com a força da grana que envolve o teu nome. Por mais que sejas simples e na "buena onda praieira", como senti na nossa conversa, não é moleza relaxar com o jogo todo que está por trás de uma decisão como essa. Mil vezes mais tranquilo enfrentar uma dúzia de Once Caldas, dez jogos com o rival Corinthians -como na decisão de domingo- e todos os beques brucutus que te perseguem como se fossem aquele personagem do Javier Bardem, o famigerado Chigur, no filme "Onde os fracos não têm vez".
Que tenhas muito carinho pela mãe, sempre, e que, como bem disseste, Deus abençoe a criança.

xico.folha@uol.com.br

@xicosa


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