UOL


São Paulo, sexta-feira, 13 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

Para se adequar ao Estatuto do Torcedor, entidade acaba com convites, mas só soltará verba para elite do torneio

CBF impõe a clubes contrato de risco ao bancar meia Série C

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
MARCELO SAKATE
DA REPORTAGEM LOCAL

A tradicional festa de convites na Série C acabou. A CBF, que anuncia semana que vem o regulamento e os critérios de escolha dos participantes da terceira divisão, seguirá o Estatuto do Torcedor, mas resolveu impor contrato de risco aos participantes.
Alegando não ter dinheiro para bancar transporte e hospedagem de todos os times, a entidade vai bancar apenas a "elite" da Série C. Os outros terão que assinar um "termo de compromisso", em que assumem que pagarão todas as despesas. Caso desistam da competição, estarão sujeitos a sanções que vão desde multa até suspensão, por um ano, dos Estaduais.
"Antes, um clube entrava na Série C, perdia dois jogos e pedia dispensa. É uma terceira divisão, mas não pode ser uma bagunça. Os clubes que não forem ajudados pela CBF terão que assumir as despesas até o fim", afirma Virgílio Elísio, diretor do Departamento Técnico da CBF.
A entidade promete usar critérios técnicos para escolher os que não terão despesas na competição. "Premiará" só um clube de cada unidade da federação -o melhor da seletiva ou do Estadual- e os seis que foram rebaixados da Série B de 2002.
"Temos condições de ajudar 33 clubes, que serão definidos de acordo com um ranking, tudo no espírito do Estatuto do Torcedor. Não é paternalismo, vamos premiar os que forem melhor em campo", afirma Elísio.
Os beneficiados receberão passagens aéreas e R$ 3.000 para hospedagem. Em jogos realizados a até 700 km de distância da sede do time, a viagem será de ônibus.
Segundo a CBF, até 60 times podem disputar a competição. Ou seja, quase metade dos clubes teria que assinar o compromisso.
A entidade prevê gasto de pelo menos R$ 3,5 milhões para a viabilizar a Série C. Boa parte do dinheiro, no entanto, sai dos cofres dos clubes da Série A, que são obrigados a descontar 5% da receita bruta de seus jogos.
Para não aumentar os gastos, a entidade manterá a divisão de grupos por regiões. Assim, clubes do Norte só jogarão entre si na primeira fase, e assim por diante.
Para atender ao estatuto, a escolha dos times será feita por meio de seletivas ou da classificação no Estadual deste ano. A CBF promete cobrar das federações os critérios utilizados para a indicação.
Antes da designação dos clubes, porém, a entidade terá que resolver um problema de ordem jurídica. O Malutron, que em 2002 desistiu da Série B alegando falta de dinheiro, pleiteia a inclusão imediata na segunda divisão. Como o próprio presidente de honra do clube, Joel Malucelli, reconhece que será difícil a empreitada, espera um comunicado da CBF para ver se disputa a Série C.


Texto Anterior: Futebol - José Roberto Torero: Varetas
Próximo Texto: Na contramão, torneio terá só 100 dias de bola
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.