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São Paulo, sexta-feira, 13 de junho de 2003

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FUTEBOL

Varetas

JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA

Truqueiro leitor, binguista leitora, eu lhes pergunto: Qual o mais aflitivo dos jogos? E, para facilitar, dou-lhes algumas opções:
a) sinuca;
b) buraco;
c) loteria;
d) burro;
e) roleta russa.
Se você respondeu "a", não acertou. Se escolheu "b", enganou-se. Se disse "c", deu-se mal. Se falou "d", passou longe. E, se disse "e", também errou, mas pelo menos adiou a decepção.
Na verdade, o mais aflitivo dos jogos é o jogo de varetas.
Sim, isso mesmo. E, antes de balançar sua cabeça negativamente, reviva a cena da infância: sua vez de jogar chegou e o feixe de varetas está intrincado. Você tenta achar um jeito de adiar, por uma rodada, o momento fatal. Por fim você seleciona uma vareta e a puxa com cuidado, mas... tristeza, o feixe todo vem abaixo.
Que desalento! Que sensação arrasadora...
De uma forma ou de outra, uma equipe de futebol é parecida com esse jogo. Às vezes, na falta de uma simples varetinha, o time desaba diante do adversário.
Tomemos o exemplo do fracasso do Corinthians na Taça Libertadores. O setor defensivo não esteve bem nos jogos contra o River Plate, e o ataque também não empolgou, mas boa parte dos analistas apontou como causa da desclassificação a ausência de Vampeta. Com ele em campo teria sido diferente, disseram, pois Vampeta dá equilíbrio e consistência à saída de bola.
No São Paulo, há quem jure que a defesa piorou depois da saída do organizador Maldonado, o verdadeiro fator de estabilidade do time.
Já o Palmeiras, volta e meia se ressente da falta de Magrão, o multihomem. Com ele em campo, os passes chegam redondos à frente e Muñoz e Vágner têm mais oportunidades para perder gols.
O Santos possui Diego e Robinho? Grande coisa. Tudo bem, eles são fenômenos, mas, se Paulo Almeida se machuca, o balanceamento do time fica todo comprometido.
Até o Real Madrid, pasmem, andou justificando sua eliminação da Copa dos Campeões por causa da ausência do volante Makelele. De nada adianta pagar milhões por Figo, Zidane, Raúl e Ronaldo se a jogada ofensiva não se inicia com o passe certo na hora certa.
Mas nem toda vareta é apenas um jogador esforçado. Às vezes há varetas douradas, como é o caso de Alex, do Cruzeiro. Quando ele está em campo, o time acerta os passes, é criativo e inteligente. Quando ele sai, o time cai na vala dos comuns.
Foi o que se viu no jogo contra o Flamengo. Com ele, o Cruzeiro é o melhor time do país. Sem ele, apenas um dos melhores.
Agora que Alex vai para a seleção, veremos o que o Cruzeiro fará sem ele. Talvez entre numa sinuca e caia num buraco, mas, como o futebol é uma loteria, pode ser que ganhe todos os jogos e mostre como sou burro. Então, só me restará a roleta russa.

Botão
Dos dias 19 a 22 teremos o 15º Brasileiro de futebol de mesa, em Blumenau. Este, sim, será um torneio sem virada de mesa. Mesmo porque, se isso ocorrer, os botões caem no chão.

Rojas
A história de Rojas com o São Paulo parece a da moça que queria se casar com um príncipe, ou, mais ainda, com um banqueiro. Mas acabou mesmo com o vizinho.

Fox
A Fox passou o VT de Boca Jrs. x América de Cali como se fosse ao vivo. Fazer o assinante de bobo não me parece boa idéia.

Haicai
Robinho, questão atroz:/ dribla feito Denílson,/ chuta que nem Muñoz.

E-mail torero@uol.com.br


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