São Paulo, terça-feira, 13 de junho de 2006

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Croácia testa pré-Copa confuso

Em sua preparação, rival passou por oito cidades e viajou 4.000 km, três vezes mais que brasileiros

Europeus jogaram quatro amistosos, o maior número entre times na Copa, para atender estratégia política feita pela federação do país


FÁBIO VICTOR
ENVIADO ESPECIAL A BERLIM

A Croácia que vai a campo contra o Brasil hoje é uma equipe prejudicada por uma preparação corrida e turbulenta. Viagens em seqüência e amistosos em excesso provocaram contusões e críticas e deixaram os croatas, pelo menos no papel, mais desgastados que os brasileiros para a estréia na Copa.
O time dos Bálcãs está reunido há 26 dias, quatro a mais que a seleção. Neste período, passou por sete cidades em cinco países (Eslovênia, Áustria, voltou à Croácia, Suíça e Alemanha). Berlim é o oitavo pouso.
Não teve uma base. Só há poucos dias instalou-se em Bad Brückenau, norte da Baviera. Percorreu ao todo cerca de 4.000 km, de avião, trem e ônibus. O Brasil esteve em quatro cidades de dois países, viajando três vezes menos, aproximadamente 1.300 km.
O que seria uma desvantagem colossal para a seleção -a viagem transcontinental e a mudança de fuso horário- não existe, pois 20 dos 23 jogadores brasileiros, inclusive os 11 titulares, atuam na Europa.
Nenhum dos 32 participantes da Copa fez mais amistosos preparatórios que a Croácia. Alguns poucos, como Arábia Saudita, Coréia do Sul e Paraguai, igualaram a marca de quatro partidas. A maioria jogou duas, como o Brasil, ou três.
Se, à exceção do cortado Edmílson e das bolhas de Ronaldo, o time brasileiro não teve contundidos ao longo da preparação, os croatas tiveram cinco. Um deles, o atacante Olic, não se recuperou e deve ficar no banco hoje. Ele teve um estiramento muscular na coxa durante o quinto compromisso de sua seleção às vésperas da Copa, um jogo-treino contra a seleção de veteranos da Croácia.
Outros lesionados aparentemente recobraram a forma, incluindo os que tiveram infecção intestinal provocada por comida em Wolfsburg.
A correria da pré-temporada foi desqualificada por muitos, do técnico Otto Baric, antecessor de Zlatko Kranjcar, a titulares, como o volante Tudor.
Foram só dez treinos, boa parte foi de relaxamento -jogos de handebol, de futetênis, corridas leves, alongamento.
Para piorar, o retrospecto dos amistosos foi sofrível: duas derrotas (1 a 2 para a Espanha e 0 a 1 contra a Polônia), um empate (2 a 2 com o Irã) e só uma vitória (4 a 1 sobre a Áustria).
Esses jogos tiveram motivações políticas e financeiras. No primeiro caso, para fazer lobby pela candidatura croata, junto com a Hungria, para sede da Eurocopa-2012. No segundo, para cumprir acertos com outras confederações. A Croácia joga em troca de receber os adversários em casa, depois.
Os dirigentes do país negam que o esquema tenha interferido na preparação. "O time está pronto e relaxado", disse o secretário-geral da federação croata, Zorislav Srebric.


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