São Paulo, terça-feira, 13 de junho de 2006

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"Asiáticos" fazem coro, e calor vira novo vilão

Críticas ocorrem a despeito da redução de jogos à tarde

DA REPORTAGEM LOCAL

Começou com o seleção inglesa no sábado, que, a despeito da vitória na estréia, atribuiu o fraco desempenho em Frankfurt ao calor. No dia seguinte, foi a vez de os holandeses reclamarem da temperatura em Leipzig. E, ontem, o clima ganhou de vez contornos de primeiro vilão do Mundial. No confronto entre Austrália e Japão, em Kaiserslautern, tanto o brasileiro Zico como o holandês Guus Hiddink, técnicos das duas seleções, respectivamente, endossaram as críticas dos dias anteriores. "Não é só o Japão que sofre ao jogar numa temperatura como a de hoje. Todos os times estão sofrendo. Mas é o horário que a Fifa exige. Vamos fazer o quê?", reclamou Zico. Ao ressaltar a virada nos minutos finais, o holandês não deixou de fazer referência à temperatura, em torno de 28º C no momento da partida. "Meus jogadores merecem os parabéns não só porque mostraram espírito de luta mas sobretudo porque não desistiram em momento algum, nem quando o calor já castigava a todos em campo", disse. Em comum às críticas, o fato de os jogos terem começado às 15h na Alemanha, o que teria contribuído à queda de rendimento no segundo tempo. As reclamações, porém, proliferam justamente na Copa que reduziu o número de jogos à tarde -com início às 16h ou antes- em relação às edições anteriores. Serão 18 partidas com término previsto para até as 18h no fuso local, o equivalente a 28,1% do torneio. Há quatro anos, no primeiro Mundial asiático, 24 jogos -ou 37,5% dos 64 confrontos- começaram até às 16h. O sol em Frankfurt levou a delegação do English Team a encaminhar à Fifa solicitação para que os atletas tenham acesso facilitado à água. De imediato, a entidade soltou comunicado em que declarou "encorajar os atletas a beber líquidos durante os jogos". Mas, em medida que dividiu especialistas, a Fifa anunciou ontem que as próximas partidas à tarde em Frankfurt serão disputadas com o teto retrátil fechado, para reduzir as interferências causadas por sombras na transmissão da TV. Para a entidade, a mudança irá até atenuar as temperaturas no estádio, o que é contestado por especialistas, para quem pode haver efeito contrário. Na última vez em que o calor havia sido motivo de reclamações generalizadas por parte das seleções, na Copa nos EUA, em 1994, 75% dos jogos começaram até as 16h. Sob temperaturas que chegaram a 40º C, os atletas disputaram 28 duelos, incluindo a final, com início até as 13h locais, o que serviu aos interesses de emissoras de TV européias, interessadas em transmitir no horário nobre. Livre dos jogos antes das 17h na Alemanha, a seleção brasileira, porém, não ignora a influência das temperaturas em campo, ao menos no discurso. "Diferentemente de outras, esta será a Copa da saúde, da intensidade e da preparação [...] Vemos isso em todas as equipes. O condicionamento físico será fundamental", disse o técnico da seleção, Carlos Alberto Parreira, que começou a carreira como preparador físico.


Colaborou GUILHERME ROSEGUINI , enviado especial a Kaiserslautern


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