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Na Venezuela, Copa é pelo celular
Bares e cinemas se agitam no país em que 27% da torcida quer ver o Mundial no telefone
FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS
Quem passeia pelas ruas
de Caracas nestes dias se pergunta: este não era o país do
beisebol, que nunca participou de uma Copa do Mundo?
Sim, é, mas isso não impede que as referências ao futebol estejam por todos os bares, que penduram bandeirinhas de todos os países participantes, nas praças onde se
trocam figurinhas de jogadores e até nos cinemas.
As salas de uma das maiores redes de cinema do país,
os Cines Unidos, transmitirão várias partidas (o ingresso para a tela premium custa
o equivalente a R$ 16). As cinco administrações que formam a capital também disputam quem instala os melhores telões em praças.
A paixão crescente pelo futebol encontra outra fixação
recente venezuelana: os celulares BlackBerry.
Segundo pesquisa da consultoria de mercado Nielsen,
a Venezuela tem a maior porcentagem de torcedores do
continente que dizem que
vão acompanhar a Copa pelo
celular (27%, contra 21% no
Brasil e 10% na Argentina).
"Baixei um programa que
tem a tabela e um canal para
receber notícias", declara
Brian Finchel, 22, exibindo a
tela do seu celular.
Torcedor do Brasil, ele é
um dos responsáveis pela
instalação do telão na praça
de Sebucán, bairro nobre da
cidade. "A cada Copa cresce
o número de venezuelanos
que gostam de futebol", diz.
O aplicativo baixado gratuitamente por ele já é um sucesso. No país de 28 milhões
de habitantes, que tem duas
vezes mais BlackBerries que
a média da região (o quarto
maior mercado do mundo,
depois de EUA, Canadá e Japão), 720 mil pessoas já têm o
programa desenvolvido pela
empresa venezuelana S42.
"Deixamos de contar [anteontem a quantidade de
downloads realizada] porque o sistema estava a ponto
de colapsar", declara Rafael
Hernández, da S42.
"BRASILEIROS"
Com a camisa do Brasil, o
vendedor Daniel Patrón, 38,
assistia a África do Sul x México no telão de Sebucán.
"Os venezuelanos torcem pelo Brasil, mas há os que gostam da Argentina e também
colônias de espanhóis e portugueses, que são grandes."
"[O presidente Hugo] Chávez já "encadeou" o país três
vezes nesses dias, mas acho
que não vai fazer isso na hora
das partidas. Quem não tem
TV a cabo estaria perdido."
"Encadear", em "venezuelanês", quer dizer convocar
cadeia obrigatória de rádio e
TV, o que o presidente faz
com frequência. Anteontem,
uma transmissão obrigatória
cortou parte da cerimônia de
abertura da Copa do Mundo.
Mas Chávez já mostrou
que não quer problemas com
os torcedores. Também anteontem, ele anunciou o fim
dos cortes programados de
energia, entre outros motivos, para não afetar a transmissão das partidas da Copa.
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