São Paulo, terça-feira, 13 de julho de 2004

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FUTEBOL

Brasileirão no exterior

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO

Está de uma pobreza só o futebol praticado no Brasil. O panorama é desolador. É preciso muita condescendência para considerar que há no país um campeonato de primeira divisão.
O que temos na verdade é uma "segundona" A e uma "segundona" B -e a distância entre elas está cada vez menor. As peladas se sucedem num processo de decadência lenta, gradual e segura.
Não há craques nos gramados e os jogadores recém-desmamados, que pintam (muitas vezes apenas pintam) como acima da média, já entram em campo acenando o lencinho do adeus.
O sonho de todos eles é ir para a Europa. Se não der, para a Rússia, a Turquia, o Japão, a Conchinchina. Aqui é que ninguém quer mais ficar. Os clubes não pagam ou pagam com atraso ou pagam mal.
Dias atrás, tive a oportunidade de trocar umas palavras com o Kaká em São Paulo. Kaká, aquele que a esperta Tricolor Independente vivia vaiando. Disse-me que já havia recebido a programação de tudo que fará no Milan até setembro. Cada treino, cada jogo, cada data para fazer isso ou aquilo. "Não há comparação", afirmou sobre o grau de organização do futebol brasileiro e o do europeu. E olha que Kaká jogava no São Paulo, tido como um dos clubes mais organizados do país.
Em breve, como o sucesso do Felipão já prenuncia, teremos o êxodo dos técnicos.
Muitos já perambulam mundo afora, mas o mercado europeu -que todos cobiçam- ainda não é tão receptivo. Mas é questão de tempo. Vanderlei Luxemburgo, por exemplo, não pensa em outra coisa.
Logo iremos ver, portanto, os melhores jogadores e os melhores treinadores fora do país. Aí só vai faltar a torcida -se bem que essa o pessoal lá da Europa não parece estar muito interessado em importar. Mesmo assim, ela já é grande, graças às renovadas ondas de emigrantes que deixam o país em busca de emprego e do sonho de uma vida melhor.
Talvez um dia, quem sabe, a gente chegue à perfeição: um Campeonato Brasileiro de futebol disputado no exterior!
A Uefa arruma lá umas datas para um belo mata-mata, dividem-se os times no par-ou-ímpar e os clubes daqui emprestam as camisas. De repente, a Globo até compra e manda o Galvão Bueno para transmitir...
 
A seleção brasileira fixou-se no 4-3-1-2. O esquema é igual ao do Milan. Com dois centroavantes fica mais caracterizado -e mais problemático. Com o Ronaldinho, a coisa melhora, já que o número 1 (Kaká no time A, Alex no B) encontra alguém para jogar e se revezar.
Com dois atacantes típicos, a armação fica mais sacrificada. Nesse caso, um dos volantes precisaria ser mais efetivo -e criativo- na construção.
O esquema pode funcionar, mas ainda não aconteceu. O futebol das duas seleções continua travado. Não rola bonito. Vamos ver como (e se) evolui.

Vantagem do Palmeiras
O Palmeiras parece ter uma vantagem: um grupo de jogadores que desceu ao inferno, comeu o pão que o diabo amassou e voltou, vencendo a Série B. É, nesse sentido, um time vencedor. Foi campeão de um torneio difícil, com o qual a Série A está cada vez mais igual.

Vantagem do Santos
O Santos ainda tem um bom elenco. Dos poucos que restaram. E conta com o melhor treinador. Do jeito que vai, é candidatíssimo ao título.

Vantagem do Fla
Já esse não tem vantagem nenhuma. Só desvantagem. O Abel que perdoe, mas a coisa se encaminha para aquela troca de técnico de última hora para ver se o time consegue energia para fugir do rebaixamento.

E-mail mag@folhasp.com.br


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