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FUTEBOL
Brasileirão no exterior
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO
Está de uma pobreza só o futebol praticado no Brasil. O
panorama é desolador. É preciso
muita condescendência para considerar que há no país um campeonato de primeira divisão.
O que temos na verdade é uma
"segundona" A e uma "segundona" B -e a distância entre elas
está cada vez menor. As peladas
se sucedem num processo de decadência lenta, gradual e segura.
Não há craques nos gramados e
os jogadores recém-desmamados,
que pintam (muitas vezes apenas
pintam) como acima da média, já
entram em campo acenando o
lencinho do adeus.
O sonho de todos eles é ir para a
Europa. Se não der, para a Rússia, a Turquia, o Japão, a Conchinchina. Aqui é que ninguém
quer mais ficar. Os clubes não pagam ou pagam com atraso ou pagam mal.
Dias atrás, tive a oportunidade
de trocar umas palavras com o
Kaká em São Paulo. Kaká, aquele
que a esperta Tricolor Independente vivia vaiando. Disse-me
que já havia recebido a programação de tudo que fará no Milan
até setembro. Cada treino, cada
jogo, cada data para fazer isso ou
aquilo. "Não há comparação",
afirmou sobre o grau de organização do futebol brasileiro e o do
europeu. E olha que Kaká jogava
no São Paulo, tido como um dos
clubes mais organizados do país.
Em breve, como o sucesso do Felipão já prenuncia, teremos o êxodo dos técnicos.
Muitos já perambulam mundo
afora, mas o mercado europeu
-que todos cobiçam- ainda
não é tão receptivo. Mas é questão
de tempo. Vanderlei Luxemburgo, por exemplo, não pensa em
outra coisa.
Logo iremos ver, portanto, os
melhores jogadores e os melhores
treinadores fora do país. Aí só vai
faltar a torcida -se bem que essa
o pessoal lá da Europa não parece
estar muito interessado em importar. Mesmo assim, ela já é
grande, graças às renovadas ondas de emigrantes que deixam o
país em busca de emprego e do sonho de uma vida melhor.
Talvez um dia, quem sabe, a
gente chegue à perfeição: um
Campeonato Brasileiro de futebol
disputado no exterior!
A Uefa arruma lá umas datas
para um belo mata-mata, dividem-se os times no par-ou-ímpar
e os clubes daqui emprestam as
camisas. De repente, a Globo até
compra e manda o Galvão Bueno
para transmitir...
A seleção brasileira fixou-se no
4-3-1-2. O esquema é igual ao do
Milan. Com dois centroavantes fica mais caracterizado -e mais
problemático. Com o Ronaldinho, a coisa melhora, já que o número 1 (Kaká no time A, Alex no
B) encontra alguém para jogar e
se revezar.
Com dois atacantes típicos, a
armação fica mais sacrificada.
Nesse caso, um dos volantes precisaria ser mais efetivo -e criativo- na construção.
O esquema pode funcionar, mas
ainda não aconteceu. O futebol
das duas seleções continua travado. Não rola bonito. Vamos ver
como (e se) evolui.
Vantagem do Palmeiras
O Palmeiras parece ter uma
vantagem: um grupo de jogadores que desceu ao inferno,
comeu o pão que o diabo amassou e voltou, vencendo a Série
B. É, nesse sentido, um time
vencedor. Foi campeão de um
torneio difícil, com o qual a Série A está cada vez mais igual.
Vantagem do Santos
O Santos ainda tem um bom
elenco. Dos poucos que restaram. E conta com o melhor treinador. Do jeito que vai, é candidatíssimo ao título.
Vantagem do Fla
Já esse não tem vantagem nenhuma. Só desvantagem. O
Abel que perdoe, mas a coisa se
encaminha para aquela troca
de técnico de última hora para
ver se o time consegue energia
para fugir do rebaixamento.
E-mail mag@folhasp.com.br
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