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Medalha, medalha, medalha
ADALBERTO LEISTER FILHO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Estouro de quase 800% no
orçamento, problemas de segurança, apagão aéreo, previsão
de caos no trânsito, ameaças de
greve de servidores, cortes de
luz em confederações... Mas virão as luzes, os discursos e os
fogos de artifício da cerimônia
de abertura do 15º Pan-Americano, hoje. E virão as medalhas.
Tudo indica -a história, o fator casa, mudanças na programação, aporte de investimentos públicos- um recorde de
medalhas. Que se tornará o
único assunto. Que encantará.
É a segunda vez que o país é
anfitrião do Pan. São Paulo promoveu os Jogos em 1963. Mas
nem mesmo a Copa do Mundo
de 1950 contou com números
tão expressivos. As três esferas
de governo desembolsaram para o evento R$ 3,7 bilhões. A
conta inicial era de R$ 414 milhões -aumento de 793,7%.
Apesar do crescimento das
despesas, o Rio perdeu a chance de modificar a estrutura da
cidade, como fizeram outras
sedes de grandes eventos esportivos. O metrô não foi ampliado, e a segurança é um problema crônico, sem perspectivas de melhora após os Jogos.
Ontem, já houve os primeiros jogos de futebol. Amanhã,
15 esportes terão disputas, alguns nos quais o Brasil é favorito, como ginástica e vôlei.
O Pan será o grande teste para a candidatura brasileira à
Olimpíada de 2016. Para Mario
Vázquez Raña, presidente da
Organização Desportiva Pan-Americana, o sucesso do evento fortalece as ambições nacionais. "A primeira coisa que se
deve conseguir é que o Pan tenha nível olímpico", prega.
O Rio também deve assistir a
um crescimento vertiginoso do
Brasil no quadro de medalhas
em relação ao recorde obtido
no Pan de Santo Domingo-03
(29 ouros, 40 pratas e 54 bronzes). Levantamento feito pela
Folha mostra que, historicamente, anfitriões arrebatam
60% mais ouros e sobem 55%
mais vezes ao pódio do que em
sua participação anterior.
Por essa projeção, o país deve
superar com folga o Canadá na
disputa pelo terceiro lugar no
Pan. Mas ficaria longe de ameaçar o segundo posto de Cuba
-o país teve 72 ouros em 2003.
Segundo essa conta, o Brasil
levaria 46 ouros, 56 pratas e 89
bronzes (191 medalhas).
Além do apoio da torcida, ser
anfitrião traz outras vantagens.
Os atletas conhecem as arenas.
"Os gritos da torcida também
podem influenciar o árbitro a
dar nota melhor", crê Cassius
Duran, dos saltos ornamentais.
O país-sede pode incluir no
programa esportes em que é
forte, caso do futsal. Além disso, tem força política para excluir outras, pouco divulgadas,
como pelota basca e raquetebol, que não estarão no Rio.
Graças ao aumento de recursos públicos canalizados ao esporte olímpico, modalidades
como boxe e ginástica devem
produzir mais pódios. Já atletismo e natação, que mais trouxeram medalhas ao país, devem
superar seus recordes.
No ano passado, foram distribuídos R$ 69 milhões às confederações olímpicas através da
Lei Piva. Estatais despejaram
mais R$ 194 milhões no setor.
O encantamento, porém,
tem data de validade: a quase
cabalística 8/8/08, abertura da
Olimpíada de Pequim. No Pan-03, os brasileiros ganharam 123
medalhas. Na Olimpíada de
Atenas-04, foram dez pódios.
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