São Paulo, sexta-feira, 13 de julho de 2007

Próximo Texto | Índice

Medalha, medalha, medalha

ADALBERTO LEISTER FILHO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Estouro de quase 800% no orçamento, problemas de segurança, apagão aéreo, previsão de caos no trânsito, ameaças de greve de servidores, cortes de luz em confederações... Mas virão as luzes, os discursos e os fogos de artifício da cerimônia de abertura do 15º Pan-Americano, hoje. E virão as medalhas.
Tudo indica -a história, o fator casa, mudanças na programação, aporte de investimentos públicos- um recorde de medalhas. Que se tornará o único assunto. Que encantará.
É a segunda vez que o país é anfitrião do Pan. São Paulo promoveu os Jogos em 1963. Mas nem mesmo a Copa do Mundo de 1950 contou com números tão expressivos. As três esferas de governo desembolsaram para o evento R$ 3,7 bilhões. A conta inicial era de R$ 414 milhões -aumento de 793,7%.
Apesar do crescimento das despesas, o Rio perdeu a chance de modificar a estrutura da cidade, como fizeram outras sedes de grandes eventos esportivos. O metrô não foi ampliado, e a segurança é um problema crônico, sem perspectivas de melhora após os Jogos.
Ontem, já houve os primeiros jogos de futebol. Amanhã, 15 esportes terão disputas, alguns nos quais o Brasil é favorito, como ginástica e vôlei.
O Pan será o grande teste para a candidatura brasileira à Olimpíada de 2016. Para Mario Vázquez Raña, presidente da Organização Desportiva Pan-Americana, o sucesso do evento fortalece as ambições nacionais. "A primeira coisa que se deve conseguir é que o Pan tenha nível olímpico", prega.
O Rio também deve assistir a um crescimento vertiginoso do Brasil no quadro de medalhas em relação ao recorde obtido no Pan de Santo Domingo-03 (29 ouros, 40 pratas e 54 bronzes). Levantamento feito pela Folha mostra que, historicamente, anfitriões arrebatam 60% mais ouros e sobem 55% mais vezes ao pódio do que em sua participação anterior.
Por essa projeção, o país deve superar com folga o Canadá na disputa pelo terceiro lugar no Pan. Mas ficaria longe de ameaçar o segundo posto de Cuba -o país teve 72 ouros em 2003.
Segundo essa conta, o Brasil levaria 46 ouros, 56 pratas e 89 bronzes (191 medalhas).
Além do apoio da torcida, ser anfitrião traz outras vantagens. Os atletas conhecem as arenas. "Os gritos da torcida também podem influenciar o árbitro a dar nota melhor", crê Cassius Duran, dos saltos ornamentais.
O país-sede pode incluir no programa esportes em que é forte, caso do futsal. Além disso, tem força política para excluir outras, pouco divulgadas, como pelota basca e raquetebol, que não estarão no Rio.
Graças ao aumento de recursos públicos canalizados ao esporte olímpico, modalidades como boxe e ginástica devem produzir mais pódios. Já atletismo e natação, que mais trouxeram medalhas ao país, devem superar seus recordes.
No ano passado, foram distribuídos R$ 69 milhões às confederações olímpicas através da Lei Piva. Estatais despejaram mais R$ 194 milhões no setor.
O encantamento, porém, tem data de validade: a quase cabalística 8/8/08, abertura da Olimpíada de Pequim. No Pan-03, os brasileiros ganharam 123 medalhas. Na Olimpíada de Atenas-04, foram dez pódios.


Próximo Texto: Abertura terá Pelé e é comparada ao Titanic
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.