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Exército faz israelense frear carreira
Shahar Peer, tenista número 25 do mundo, troca participações em torneios por serviço militar obrigatório em seu país
Nos quartéis desde outubro, jogadora de 19 anos teme pela segurança da família, mas diz que abrirá mão da carreira se o país precisar
TALES TORRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
As atividades do Exército de
Israel no Líbano devem tirar
das quadras uma das principais
promessas do tênis mundial.
Shahar Peer, 19, escalou 158
posições no ranking mundial
nos últimos dois anos e hoje
ocupa o 25º lugar na lista da
WTA, entidade que controla o
esporte. Israelense, ganhou
três títulos neste ano, na República Tcheca, na Turquia e na
Tailândia. Teve convincente
atuação em Roland Garros,
quando caiu nas oitavas. Faturou mais de US$ 500 mil (cerca
de R$ 1,1 milhão) na carreira.
Apesar de passar boa parte
do tempo em treinos nos Estados Unidos, Peer não quis escapar do serviço militar obrigatório de seu país. Desde outubro
do ano passado, é obrigada a
cumprir carga horária específica a atletas no quartel de Tel
Hashomer, na região de Tel
Aviv. Só estará livre do Exército
em outubro do ano que vem.
Sempre quando não está
competindo, passa três horas
diárias desempenhando funções administrativas. Atende a
telefonemas e atualiza programas de computador. E corre o
risco de ter parte da carreira sacrificada para atender aos interesses do Exército no mais delicado momento militar do país
nas últimas décadas. Peer garante não se importar.
"Estou preparada para fazer
o que meu país precisar", disse
a tenista à Folha na última semana, enquanto se preparava
para jogar o Torneio de Los Angeles -foi eliminada nas oitavas pela russa Elena Dementieva, número seis do mundo.
Peer tem autorização para
viajar e participar de torneios,
mas a quantidade de competições é limitada pelo Exército.
Tal exigência faz com que ela
jogue menos que rivais diretas
no ranking -a atleta que vem
logo a seguir na lista, a francesa
Marion Bartoli, disputou 21
torneios na temporada, quatro
a mais que a israelense.
Os acontecimentos em seu
país, porém, têm feito com que
a tenista enfrente dificuldades
nas quadras. "Vivi dias duros
nas últimas semanas. Tenho
um primo lutando no Líbano,
onde estão também alguns colegas de Exército. É duro se
concentrar enquanto tem tanta gente morrendo lá", falou.
"Ligo para casa quase todos
os dias. Os conflitos não são novidade em Israel, mas a crise
tem tomado proporções que
nunca vivi. É preocupante."
Peer não é obrigada a lutar.
Mas foi treinada no período
mais extensivo de sua integração ao Exército, quando passou
duas semanas e meia no quartel. "Aprendi a mexer em armas. Hoje em dia, sou uma das
melhores atirando. Tem sido
uma experiência diferente."
Para quem desde os seis anos
sonha em ser uma número um
do mundo, "como Monica Seles, por quem eu era maluca",
Peer sabe que seu inusitado
trabalho pode trazer mais prejuízos que lucros. Mas nega
qualquer intenção prévia de escapar do serviço militar obrigatório. "Nunca pensei em alguma tática para escapar do Exército. Meus pais sempre me
apoiaram nesta decisão, mesmo sendo a filha caçula. Nunca
ninguém questionou o fato de
eu ter sempre pensado no serviço militar. Minha mãe acha
lindo e fica emocionada."
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