São Paulo, segunda-feira, 13 de agosto de 2007

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Parapan falha no acesso de deficientes

Na abertura, platéia só enche arena com liberação de portões e destina vaias ao prefeito do Rio e quando locutor cita Lula

Festa inaugural apresenta problemas na segurança para usuários de cadeira de rodas e falta de legendas para deficientes auditivos

LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

No quesito acessibilidade, os Jogos Parapan-Americanos começaram sua edição no Rio com reprovação. A Corde (Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência) apontou falhas na cerimônia de abertura do terceiro Parapan, ontem, na Arena Multiuso, no Rio.
Entre elas, a falta de segurança nas tribunas para portadores de cadeira de rodas, que também foi apontada por usuários.
Não havia proteção suficiente para evitar quedas de pessoas em cadeira de rodas, afirmaram portadores de deficiência e especialistas ouvidos pela reportagem da Folha.
As tribunas -eram oito, com espaço para dez cadeiras de rodas- apresentavam um vão entre um relevo no chão, para bloquear as rodas, e um cano de ferro na altura do ombro dos usuários. No espaço vazio, havia somente uma lona.
"Este relevo não segura nem as rodas menores. Se alguém for para a frente, cai", disse o para-atleta Gladimir Vieira, 39.
Carolina Sanchez, coordenadora da Corde, órgão da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, responsável pela gestão de políticas públicas de integração de deficientes, anotou, com sua equipe, as falhas da organização para relatório.
"A avaliação está feita. Ainda falta muito para [o Parapan] ficar bom, nos padrões de acessibilidade", avaliou. Carolina citou ainda a falta de legendas para deficientes auditivos no telão da cerimônia.
Acostumado a eventos com a participação de deficientes físicos, o dançarino sobre cadeira de rodas Josias dos Santos, 38, também achou a tribuna imprópria: "O ideal é que nestes espaços haja uma mureta na altura do nosso joelho, porque trava a cadeira de rodas".
Pela falta de segurança, teve cadeirante que optou por ficar fora das tribunas. O empresário Fabrício Machado preferiu o incômodo das cadeiras normais. "Por ser o Parapan, achei que teria todos os acessos. Está muito ruim aqui, desconfortável. Eu trabalho com eventos e sei que não deve ser assim."
O secretário-geral do Co-Rio (comitê organizador), Carlos Roberto Osório, percorreu as tribunas para checar a situação e rebateu as reclamações: "Os nossos engenheiros fizeram [as tribunas] de acordo com o que foi recomendado, que era o relevo no chão e o ferro na parte de cima. A Arena já atendia às normas de acessibilidade, mas resolvemos instalar tribunas".
Apesar das reclamações, o público aplaudiu a festa, uma versão reduzida da abertura do Pan, com muito playback.
A platéia, só para convidados, começou tímida. Quarenta minutos antes, havia menos de 20 pessoas nas arquibancadas. No fim, segundo o Co-Rio, 70% dos assentos estavam ocupados -o que só ocorreu depois que a entrada foi liberada.
A exemplo da abertura do Pan, o público vaiou quando o nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi citado pelo locutor do evento. O prefeito Cesar Maia também foi vaiado.
Os aplausos mais entusiasmados foram para o desfile dos 238 competidores brasileiros, que tiveram à frente o nadador Clodoaldo Silva. O show contou com ritmistas da escola de samba Beija-Flor e teve o Hino Nacional tocado pelo bandolinista Hamilton de Holanda.


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