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Parapan falha no acesso de deficientes
Na abertura, platéia só enche arena com liberação de portões e destina vaias ao prefeito do Rio e quando locutor cita Lula
Festa inaugural apresenta problemas na segurança para usuários de cadeira de rodas e falta de legendas para deficientes auditivos
LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
No quesito acessibilidade, os
Jogos Parapan-Americanos começaram sua edição no Rio
com reprovação. A Corde
(Coordenadoria Nacional para
a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência) apontou
falhas na cerimônia de abertura do terceiro Parapan, ontem,
na Arena Multiuso, no Rio.
Entre elas, a falta de segurança nas tribunas para portadores
de cadeira de rodas, que também foi apontada por usuários.
Não havia proteção suficiente para evitar quedas de pessoas em cadeira de rodas, afirmaram portadores de deficiência e especialistas ouvidos pela
reportagem da Folha.
As tribunas -eram oito, com
espaço para dez cadeiras de rodas- apresentavam um vão
entre um relevo no chão, para
bloquear as rodas, e um cano
de ferro na altura do ombro dos
usuários. No espaço vazio, havia somente uma lona.
"Este relevo não segura nem
as rodas menores. Se alguém
for para a frente, cai", disse o
para-atleta Gladimir Vieira, 39.
Carolina Sanchez, coordenadora da Corde, órgão da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, responsável pela gestão
de políticas públicas de integração de deficientes, anotou,
com sua equipe, as falhas da organização para relatório.
"A avaliação está feita. Ainda
falta muito para [o Parapan] ficar bom, nos padrões de acessibilidade", avaliou. Carolina citou ainda a falta de legendas
para deficientes auditivos no
telão da cerimônia.
Acostumado a eventos com a
participação de deficientes físicos, o dançarino sobre cadeira
de rodas Josias dos Santos, 38,
também achou a tribuna imprópria: "O ideal é que nestes
espaços haja uma mureta na altura do nosso joelho, porque
trava a cadeira de rodas".
Pela falta de segurança, teve
cadeirante que optou por ficar
fora das tribunas. O empresário Fabrício Machado preferiu
o incômodo das cadeiras normais. "Por ser o Parapan, achei
que teria todos os acessos. Está
muito ruim aqui, desconfortável. Eu trabalho com eventos e
sei que não deve ser assim."
O secretário-geral do Co-Rio
(comitê organizador), Carlos
Roberto Osório, percorreu as
tribunas para checar a situação
e rebateu as reclamações: "Os
nossos engenheiros fizeram [as
tribunas] de acordo com o que
foi recomendado, que era o relevo no chão e o ferro na parte
de cima. A Arena já atendia às
normas de acessibilidade, mas
resolvemos instalar tribunas".
Apesar das reclamações, o
público aplaudiu a festa, uma
versão reduzida da abertura do
Pan, com muito playback.
A platéia, só para convidados, começou tímida. Quarenta
minutos antes, havia menos de
20 pessoas nas arquibancadas.
No fim, segundo o Co-Rio, 70%
dos assentos estavam ocupados -o que só ocorreu depois
que a entrada foi liberada.
A exemplo da abertura do
Pan, o público vaiou quando o
nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi citado pelo
locutor do evento. O prefeito
Cesar Maia também foi vaiado.
Os aplausos mais entusiasmados foram para o desfile dos
238 competidores brasileiros,
que tiveram à frente o nadador
Clodoaldo Silva. O show contou com ritmistas da escola de
samba Beija-Flor e teve o Hino
Nacional tocado pelo bandolinista Hamilton de Holanda.
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