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GINÁSTICA ARTÍSTICA
Soberana, China impõe maior vitória em 28 anos
Homens têm pontuação nunca vista, e mulheres derrotam EUA
Time masculino usa cordão "da sorte" e domina 5 dos 6 aparelhos para levar 1º ouro, e chinesas contam com erros de rival para fechar a festa
EDUARDO OHATA
ENVIADO ESPECIAL A PEQUIM
CRISTIANO CIPRIANO POMBO
DA REPORTAGEM LOCAL
A disputa do primeiro ouro
na ginástica artística dos Jogos
de Pequim evidenciou um abismo: o que separa a seleção masculina da China das outras.
Na competição por equipes,
na madrugada de ontem, os
chineses assombraram o Ginásio Nacional ao estabelecer a
maior vitória dos últimos 28
anos. Os ginastas chineses faturaram a medalha de ouro com
7,25 pontos de vantagem sobre
o segundo colocado, o Japão, e
10,25 sobre os EUA, que levaram a medalha de bronze.
Apesar das mudanças realizadas no código de pontuação,
só em 1980, quando os Jogos de
Moscou sofreram boicote
-EUA, Japão e China não disputaram a prova por equipe-, a
diferença foi maior: 17,45 pontos separaram a União Soviética da Alemanha Oriental.
Ao todo, perante um público
efusivo, a seleção chinesa somou 286,125 pontos, maior índice entre todos os torneios da
Federação Internacional de Ginástica desde o fim da nota 10 e
a adoção da regra atual, em
2006. Vale lembrar que hoje,
apesar de a notas terem valor
mais alto, o que ajudou a impulsionar o escore chinês, as dificuldades e as punições para os
erros também são maiores.
Se levado em conta o maior
erro, a queda, a diferença chinesa se equipara às maiores dos
últimos 28 anos. A vantagem
sobre o Japão equivale a quase
dez quedas, índice perto dos de
Seul-88 e Barcelona-92, que viu
os soviéticos triunfarem.
""Nossa vitória mostra a força
do povo chinês. Ofereço o ouro
à minha mãe e a todo o povo da
China", disse Zou Kai, 20, o ginasta mais novo da seleção.
Mesclando experiência
(Huang Xu, 29, Yang Wei, 28, e
Li Xiaopeng, 27) com promessas (Zou, Xiao Qin, 23, e Chen
Yibing, 24), a China mostrou-se soberana em 5 dos 6 aparelhos para faturar seu segundo
título por equipe nos Jogos.
Além de exibir séries difíceis,
os chineses atuaram com um
cordãozinho vermelho amarrado ao pulso. ""É uma tradição na
China", afirmou Zou, oriundo
da Província de Sichuan, que
foi atingida por terremoto em
maio. ""Ganhamos o cordão em
um templo e achamos que nos
traria sorte. O ouro servirá de
motivação à minha Província."
O técnico da equipe, Huang
Yubin, disse que o título marca
a superação da China, que, após
a vitória em Sydney-2000, acabou fora do pódio em Atenas-2004. Ele fez questão de contar
em Pequim com veteranos, como Huang, Yang e Li, que atuaram nas campanhas anteriores.
"Eles não irão se aposentar
após os Jogos. Como, pelo novo
regulamento, é difícil acumular
uma nota de partida alta, então
os veteranos são valiosos. Eles
se adaptarão para a próxima
Olimpíada", apontou Huang.
Retrato da supremacia dos
ginastas foi o fato de a China ter
obtido nove notas acima de 16
pontos. A seguir vieram Romênia e França, com três.
Diante de tanta superioridade, os rivais se renderam à habilidade dos anfitriões. ""Deu
para sentir o espírito do público. E eles [os chineses] foram
tão impressionantes que quero
cumprimentá-los", falou Kevin
Mazeika, treinador dos EUA.
Já os japoneses, que defendiam o título de 2004, foram
simplórios: ""Nós mostramos
uma bela ginástica. A China
também, mas eles exibiram força. Se tivéssemos mais força,
poderíamos ter ido melhor",
disse o técnico Koji Gushiken.
As chinesas, lideradas por
Cheng Fei, faturaram na madrugada o primeiro ouro da seleção feminina nos Jogos. Elas
venceram 2 dos 4 aparelhos e
superaram por 2,375 pontos de
vantagem os EUA (188,900 a
186,525), que viram Alicia Sacramone sofrer duas quedas.
Foi a primeira vez desde 1992
que um país vence no feminino
e no masculino. Para a festa de
1,3 bilhão de chineses.
16,775
PONTOS
obteve o chinês Li Xiaopeng no salto, sendo a
nota mais alta entre as
144 da disputa por equipe
6ª
melhor nota apenas registrou a China na somatória do solo, único dos
seis aparelhos masculinos (solo, salto, paralelas, cavalo com alças,
barra fixa e argolas) em
que os ginastas do país
anfitrião não foram dominantes na final por
equipe. Mesmo assim,
seu índice, de 45,925, ficou só a 0,425 da líder no
aparelho, a Coréia do Sul.
Já os EUA, mesmo com a
pior somatória no cavalo
com alças, foram quem
mais subiram seu posto
em relação à 1ª fase, indo de sexto para terceiro.
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