São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 2008

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GINÁSTICA ARTÍSTICA

Soberana, China impõe maior vitória em 28 anos

Homens têm pontuação nunca vista, e mulheres derrotam EUA

Time masculino usa cordão "da sorte" e domina 5 dos 6 aparelhos para levar 1º ouro, e chinesas contam com erros de rival para fechar a festa


EDUARDO OHATA
ENVIADO ESPECIAL A PEQUIM

CRISTIANO CIPRIANO POMBO
DA REPORTAGEM LOCAL

A disputa do primeiro ouro na ginástica artística dos Jogos de Pequim evidenciou um abismo: o que separa a seleção masculina da China das outras.
Na competição por equipes, na madrugada de ontem, os chineses assombraram o Ginásio Nacional ao estabelecer a maior vitória dos últimos 28 anos. Os ginastas chineses faturaram a medalha de ouro com 7,25 pontos de vantagem sobre o segundo colocado, o Japão, e 10,25 sobre os EUA, que levaram a medalha de bronze.
Apesar das mudanças realizadas no código de pontuação, só em 1980, quando os Jogos de Moscou sofreram boicote -EUA, Japão e China não disputaram a prova por equipe-, a diferença foi maior: 17,45 pontos separaram a União Soviética da Alemanha Oriental.
Ao todo, perante um público efusivo, a seleção chinesa somou 286,125 pontos, maior índice entre todos os torneios da Federação Internacional de Ginástica desde o fim da nota 10 e a adoção da regra atual, em 2006. Vale lembrar que hoje, apesar de a notas terem valor mais alto, o que ajudou a impulsionar o escore chinês, as dificuldades e as punições para os erros também são maiores.
Se levado em conta o maior erro, a queda, a diferença chinesa se equipara às maiores dos últimos 28 anos. A vantagem sobre o Japão equivale a quase dez quedas, índice perto dos de Seul-88 e Barcelona-92, que viu os soviéticos triunfarem.
""Nossa vitória mostra a força do povo chinês. Ofereço o ouro à minha mãe e a todo o povo da China", disse Zou Kai, 20, o ginasta mais novo da seleção.
Mesclando experiência (Huang Xu, 29, Yang Wei, 28, e Li Xiaopeng, 27) com promessas (Zou, Xiao Qin, 23, e Chen Yibing, 24), a China mostrou-se soberana em 5 dos 6 aparelhos para faturar seu segundo título por equipe nos Jogos.
Além de exibir séries difíceis, os chineses atuaram com um cordãozinho vermelho amarrado ao pulso. ""É uma tradição na China", afirmou Zou, oriundo da Província de Sichuan, que foi atingida por terremoto em maio. ""Ganhamos o cordão em um templo e achamos que nos traria sorte. O ouro servirá de motivação à minha Província."
O técnico da equipe, Huang Yubin, disse que o título marca a superação da China, que, após a vitória em Sydney-2000, acabou fora do pódio em Atenas-2004. Ele fez questão de contar em Pequim com veteranos, como Huang, Yang e Li, que atuaram nas campanhas anteriores.
"Eles não irão se aposentar após os Jogos. Como, pelo novo regulamento, é difícil acumular uma nota de partida alta, então os veteranos são valiosos. Eles se adaptarão para a próxima Olimpíada", apontou Huang.
Retrato da supremacia dos ginastas foi o fato de a China ter obtido nove notas acima de 16 pontos. A seguir vieram Romênia e França, com três.
Diante de tanta superioridade, os rivais se renderam à habilidade dos anfitriões. ""Deu para sentir o espírito do público. E eles [os chineses] foram tão impressionantes que quero cumprimentá-los", falou Kevin Mazeika, treinador dos EUA.
Já os japoneses, que defendiam o título de 2004, foram simplórios: ""Nós mostramos uma bela ginástica. A China também, mas eles exibiram força. Se tivéssemos mais força, poderíamos ter ido melhor", disse o técnico Koji Gushiken.
As chinesas, lideradas por Cheng Fei, faturaram na madrugada o primeiro ouro da seleção feminina nos Jogos. Elas venceram 2 dos 4 aparelhos e superaram por 2,375 pontos de vantagem os EUA (188,900 a 186,525), que viram Alicia Sacramone sofrer duas quedas.
Foi a primeira vez desde 1992 que um país vence no feminino e no masculino. Para a festa de 1,3 bilhão de chineses.

16,775 PONTOS
obteve o chinês Li Xiaopeng no salto, sendo a nota mais alta entre as 144 da disputa por equipe


melhor nota apenas registrou a China na somatória do solo, único dos seis aparelhos masculinos (solo, salto, paralelas, cavalo com alças, barra fixa e argolas) em que os ginastas do país anfitrião não foram dominantes na final por equipe. Mesmo assim, seu índice, de 45,925, ficou só a 0,425 da líder no aparelho, a Coréia do Sul. Já os EUA, mesmo com a pior somatória no cavalo com alças, foram quem mais subiram seu posto em relação à 1ª fase, indo de sexto para terceiro.


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