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GUERRA FRIA
CHINA >> RAUL JUSTE LORES
Loucos por carros
NOS PRÓXIMOS dez
anos, quase 100 milhões de novos carros
devem ser vendidos na China.
A motorização empurra a alta
do preço do petróleo no mundo
e polui ainda mais o país asiático, mas essas preocupações
passam longe de qualquer concessionária chinesa.
Condenados a pedalar com
velhas bicicletas por décadas, o
sonho chinês do carro próprio é
recente. Embora a propriedade
de automóvel tenha sido permitida em 1978, só em 1994 o
governo estimulou a compra.
Em 1990, a China produzia
apenas 40 mil veículos por ano.
Em 2008, serão 10 milhões - o
segundo maior mercado do
mundo. Há 50 milhões de veículos no país de 1,3 bilhão de
habitantes, o que mostra o
quanto ainda dá para crescer.
80% dos compradores são
motoristas de primeira corrida.
Ninguém na sua família dirigiu
antes, com exceção de poucos
afortunados. Nota-se. Os motoristas dirigem lentamente e
muitos se negam a conversar
enquanto estão no volante, colados na direção.
Com exceção das revendedoras de bairros chiques de Pequim, o normal é que o comprador pague à vista e em dinheiro,
levando sacolas com centenas
de notas. Carros populares são
vendidos ao equivalente a R$ 10
mil, mas a venda de carros de
luxo é a que mais cresce. Foram
vendidos no ano passado 18 mil
Mercedes e 50 mil Audis, a
marca favorita dos membros do
Partido Comunista.
Em uma sociedade louca por
status, depois de décadas de
igualitarismo e miséria forçados, quem compra um automóvel tem privilégios.
Avenidas de doze faixas são
abertas regularmente e pobre
de quem tentar atravessar a pé.
Lei de trânsito não cola nem
em temporada olímpica. Carros e ônibus param em cima da
faixa de pedestres, cruzam à esquerda, à direita, fecham cruzamentos, estacionam nas calçadas e, principalmente, empurram ciclistas e pedestres, os
perdedores da nova China.
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