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GUERRA FRIA
EUA >> SÉRGIO DÁVILA
Troca de hegemonias
SE EXAGERO automobilístico fosse uma modalidade olímpica, os EUA
teriam 200 milhões de Michael
Phelps atrás dos volantes. Os
motoristas locais estão sozinhos quando se trata de gastar
combustível fóssil -dos outros,
diga-se, já que o país importa
US$ 700 bilhões de petróleo
por ano- para colocar para rodar seus SUVs, aqueles jipões
enormes e gastadores que evidenciam algum complexo de
inferioridade local.
Mas as coisas começam a
mudar. Se a necessidade é a
mãe da invenção, o preço alto
da gasolina pode ser o pai da redenção ecológica do país. Com
o combustível a US$ 4 o galão
(R$ 1,4 por litro, uma barganha
para os brasileiros, mas um recorde para os norte-americanos), começam a cair as vendas
dos carros grandes no país.
Com declínio no número de
compradores, a GM pensa em
fechar as quatro fábricas da
América do Norte que produzem os Humvees, o Schwarzenegger dos jipões, aqueles veículos semi-militares beberrões
de combustível que foram moda um dia e que hoje recebem
vaias quando passam pelas ruas
de Los Angeles e Nova York.
Mas as vendas nos EUA dos
jipões e caminhonetes em geral
caíram em julho em comparação ao ano anterior nas principais montadoras. Só na
Chrysler e só nessa categoria, a
queda foi de 30%. É antropologicamente curioso olhar americanos dirigindo constrangidos
seus novos "carros pequenos",
como o Ford Focus, que viu as
vendas saltarem 16%.
Ao mesmo tempo, segundo
relatório divulgado ontem pela
empresa de consultoria Global
Insight, a China vai ultrapassar
os Estados Unidos como primeiro país produtor de bens
manufaturados do mundo em
2009, quatro antes do que o
previsto. Será responsável por
17% da produção mundial, ante
16% dos norte-americanos.
Quebra assim uma hegemonia que já durava cem anos. E
retoma a que durou, segundo
historiadores, 18 séculos...
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