São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 2008

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GUERRA FRIA

EUA >> SÉRGIO DÁVILA

Troca de hegemonias

SE EXAGERO automobilístico fosse uma modalidade olímpica, os EUA teriam 200 milhões de Michael Phelps atrás dos volantes. Os motoristas locais estão sozinhos quando se trata de gastar combustível fóssil -dos outros, diga-se, já que o país importa US$ 700 bilhões de petróleo por ano- para colocar para rodar seus SUVs, aqueles jipões enormes e gastadores que evidenciam algum complexo de inferioridade local.
Mas as coisas começam a mudar. Se a necessidade é a mãe da invenção, o preço alto da gasolina pode ser o pai da redenção ecológica do país. Com o combustível a US$ 4 o galão (R$ 1,4 por litro, uma barganha para os brasileiros, mas um recorde para os norte-americanos), começam a cair as vendas dos carros grandes no país.
Com declínio no número de compradores, a GM pensa em fechar as quatro fábricas da América do Norte que produzem os Humvees, o Schwarzenegger dos jipões, aqueles veículos semi-militares beberrões de combustível que foram moda um dia e que hoje recebem vaias quando passam pelas ruas de Los Angeles e Nova York.
Mas as vendas nos EUA dos jipões e caminhonetes em geral caíram em julho em comparação ao ano anterior nas principais montadoras. Só na Chrysler e só nessa categoria, a queda foi de 30%. É antropologicamente curioso olhar americanos dirigindo constrangidos seus novos "carros pequenos", como o Ford Focus, que viu as vendas saltarem 16%.
Ao mesmo tempo, segundo relatório divulgado ontem pela empresa de consultoria Global Insight, a China vai ultrapassar os Estados Unidos como primeiro país produtor de bens manufaturados do mundo em 2009, quatro antes do que o previsto. Será responsável por 17% da produção mundial, ante 16% dos norte-americanos.
Quebra assim uma hegemonia que já durava cem anos. E retoma a que durou, segundo historiadores, 18 séculos...


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