São Paulo, quinta-feira, 13 de agosto de 2009

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Time de Dunga apanha, revida e derrota Estônia

Partida tem 37 faltas e o recorde de cartões em amistosos da seleção brasileira

Estônia 0
Brasil 1


PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A TALLINN

Foi uma batalha, e só mesmo no sentido bélico dessa palavra, o amistoso de ontem entre Estônia e Brasil, em Tallinn. Em um duelo de pobre técnica, de acordo com o tamanho do estádio (10 mil lugares, 1.500 deles vazios), o time de Dunga venceu por 1 a 0 e completou seu 17º jogo invicto -tem agora a maior série sem derrotas do time nacional nesta década.
Seria demais pedir que o Brasil, com jogadores que acabavam de voltar das férias, atuasse bem. Mas o time não precisava dar uma demonstração de falta de "fair play", o que foi admitido pelos próprios atletas.
Os anfitriões foram os que começaram a bater. Até fizeram mais faltas -21 contra 16, segundo o Datafolha.
Mas as entradas mais duras foram as dos brasileiros. Tanto que o time levou seis cartões amarelos, o recorde da era Dunga como treinador e um número totalmente fora dos padrões para um amistoso.
É só comparar com o que ocorreu nos últimos seis jogos desse tipo da seleção: ao todo, foram só quatro amarelos.
"Não queremos incitar a violência, mas eles começaram a chegar do lado de lá, e a gente começou a chegar do lado de cá", declarou Robinho.
"Chegou uma hora em que a gente começou a fazer como eles", acrescentou Felipe Melo.
"Se eles agarram suas mulheres como agarraram nossos jogadores, elas devem ser muitos felizes", ironizou Dunga, que até demorou para explodir com o festival de pontapés.
Aos 41min do primeiro tempo, depois de falta sofrida por Maicon, ele e os jogadores perderam a paciência com o juiz sueco Martin Ingvarsson.
Gilberto Silva e Kaká, fluentes em inglês, discutiram com ele no meio-campo enquanto Dunga reclamava, revoltado, na beira do gramado, gesticulando como se mandasse seus jogadores também "darem neles".
Aí, então, o time resolveu jogar um pouco. Aos 44min, Luis Fabiano aproveitou sobra, na marca do pênalti, para abrir o placar e continuar sendo o salvador da pátria -são 17 gols em 20 partidas com Dunga.
Antes da saída para o intervalo, Lúcio protagonizou talvez o lance mais violento do jogo até então, um desleal carrinho que só foi advertido com o amarelo.
Com o clima quente, Dunga não fez substituições no time para o segundo tempo.
O jogo prosseguia violento, mas parecia que voltaria a ser "amistoso" a partir dos 16min, quando começou uma série de substituições dos dois lados.
Puro engano.
Aos 26min, Luisão se chocou com o goleiro Pareiko. Os dois passaram a discutir acintosamente. Um bolo de jogadores se formou, o juiz interveio e puniu ambos com o amarelo.
Um jogo com tanta falta de modos dos dois lados não podia acabar sem expulsão.
Aos 42min, novo bate-boca e dedos nos rostos. Cartão amarelo para Daniel Alves e vermelho para Dmitrijev, que saiu de campo aplaudido.
A seleção terá agora pela frente o seu maior clássico. No dia 5 de setembro, pega a Argentina, em Rosario, num confronto que pode garantir a vaga da Copa da África do Sul.


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