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Time de Dunga apanha, revida e derrota Estônia
Partida tem 37 faltas e o recorde de cartões em amistosos da seleção brasileira
Estônia 0
Brasil 1
PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A TALLINN
Foi uma batalha, e só mesmo
no sentido bélico dessa palavra,
o amistoso de ontem entre Estônia e Brasil, em Tallinn. Em
um duelo de pobre técnica, de
acordo com o tamanho do estádio (10 mil lugares, 1.500 deles
vazios), o time de Dunga venceu por 1 a 0 e completou seu
17º jogo invicto -tem agora a
maior série sem derrotas do time nacional nesta década.
Seria demais pedir que o Brasil, com jogadores que acabavam de voltar das férias, atuasse bem. Mas o time não precisava dar uma demonstração de
falta de "fair play", o que foi admitido pelos próprios atletas.
Os anfitriões foram os que
começaram a bater. Até fizeram mais faltas -21 contra 16,
segundo o Datafolha.
Mas as entradas mais duras
foram as dos brasileiros. Tanto
que o time levou seis cartões
amarelos, o recorde da era
Dunga como treinador e um
número totalmente fora dos
padrões para um amistoso.
É só comparar com o que
ocorreu nos últimos seis jogos
desse tipo da seleção: ao todo,
foram só quatro amarelos.
"Não queremos incitar a violência, mas eles começaram a
chegar do lado de lá, e a gente
começou a chegar do lado de
cá", declarou Robinho.
"Chegou uma hora em que a
gente começou a fazer como
eles", acrescentou Felipe Melo.
"Se eles agarram suas mulheres como agarraram nossos jogadores, elas devem ser muitos
felizes", ironizou Dunga, que
até demorou para explodir com
o festival de pontapés.
Aos 41min do primeiro tempo, depois de falta sofrida por
Maicon, ele e os jogadores perderam a paciência com o juiz
sueco Martin Ingvarsson.
Gilberto Silva e Kaká, fluentes em inglês, discutiram com
ele no meio-campo enquanto
Dunga reclamava, revoltado, na
beira do gramado, gesticulando
como se mandasse seus jogadores também "darem neles".
Aí, então, o time resolveu jogar um pouco. Aos 44min, Luis
Fabiano aproveitou sobra, na
marca do pênalti, para abrir o
placar e continuar sendo o salvador da pátria -são 17 gols em
20 partidas com Dunga.
Antes da saída para o intervalo, Lúcio protagonizou talvez o
lance mais violento do jogo até
então, um desleal carrinho que
só foi advertido com o amarelo.
Com o clima quente, Dunga
não fez substituições no time
para o segundo tempo.
O jogo prosseguia violento,
mas parecia que voltaria a ser
"amistoso" a partir dos 16min,
quando começou uma série de
substituições dos dois lados.
Puro engano.
Aos 26min, Luisão se chocou
com o goleiro Pareiko. Os dois
passaram a discutir acintosamente. Um bolo de jogadores se
formou, o juiz interveio e puniu
ambos com o amarelo.
Um jogo com tanta falta de
modos dos dois lados não podia
acabar sem expulsão.
Aos 42min, novo bate-boca e
dedos nos rostos. Cartão amarelo para Daniel Alves e vermelho para Dmitrijev, que saiu de
campo aplaudido.
A seleção terá agora pela
frente o seu maior clássico. No
dia 5 de setembro, pega a Argentina, em Rosario, num confronto que pode garantir a vaga
da Copa da África do Sul.
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