São Paulo, quinta-feira, 13 de agosto de 2009

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JUCA KFOURI

Bando de loucos


Seria ótimo se a racionalidade do técnico Mano Menezes prevalecesse no futebol. Mas ele sabe que não prevalece


MANO MENEZES disse que o corintiano é inteligente o bastante para saber que, depois de ver seu time ganhar três títulos consecutivos, tem motivo para ficar feliz por seis meses.
Como seria bom se assim fosse, mas assim não é, e o técnico sabe. Nem mesmo se o Corinthians tivesse ganhado o Campeonato Brasileiro, a Libertadores e o Mundial, seu torcedor daria tamanho prazo, embora, de fato, devesse. Mas é fácil constatar que também o torcedor do São Paulo não achou suficiente o tricampeonato brasileiro e já andava irritado até começar a reação.
Porque o torcedor é assim.
Ainda mais quando os títulos são menores, como foram os conquistados pelo Corinthians. Ganhar a Série B era mera obrigação, e até há corintianos que têm vergonha do título. O Paulistinha é só o Paulistinha, e a Copa do Brasil, sem os melhores do país, que disputam a Libertadores, não chega a ser uma façanha.
Muito embora, verdade seja dita, o Corinthians tenha vencido a Série B de maneira quase irretocável, assim como ganhou o Paulistinha de maneira irrepreensível, invicto e derrotando São Paulo e Santos, no Morumbi e na Vila Belmiro. Assim como a Copa do Brasil tenha vindo depois de superar aquele que era o favorito, o Inter, e na casa dele.
Mas a sucessão de maus resultados e a cara de time de segunda divisão que o desmanche provocou, somadas às contusões e suspensões, assustam o torcedor.
Que Mano tente aplacar a irritação é o papel dele, e ele tem crédito.
Mas que não venha com essa conversa de que há quem queira se aproveitar disso, esteja forçando, como se existisse oposição digna de ser temida no momento no Parque São Jorge ou que algum veículo de imprensa se preste a esse papel.
Porque tal bobagem não orna com o perfil do treinador, mais adequado a outro professor que sofre de complexo de perseguição.
E que Mano saiba que ele ainda tem a aprender com o chamado corintianismo, capaz das maiores generosidades e, em contrapartida, das maiores barbaridades, basta lembrar a agressão aos jogadores que em janeiro de 2000 tinham sido os "primeiros campeões mundiais de clubes da Fifa" e que menos de seis meses depois sofreram barbaridades porque foram eliminados da Libertadores pelo rival Palmeiras.
Agressores que, se não podem ser confundidos com a imensa maioria dos corintianos, são respaldados pela direção do clube, ainda refém do justo prestígio que o técnico conquistou com seu trabalho, mas que não se desgastará se tiver que jogá- -lo às feras para aplacar a ira dos uniformizados.
O que, diga-se, seria uma pena, porque Mano parece o cara certo para comandar o time no centenário alvinegro. Centenário que, por sinal, deve ser uma festa corintiana pelo país afora em vez de se resumir a tentar vencer a Libertadores, obsessão que transformada em neurose tem tudo para dar errado.

Voo da muamba
Quinze anos depois, Ricardo Teixeira, enfim, foi condenado pelo voo da muamba, revelação feita nesta Folha, é obrigatório registrar, por Fernando Rodrigues. O país da Copa-2014 agradece.

blogdojuca@uol.com.br


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