São Paulo, sábado, 13 de agosto de 2011

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RITA SIZA

Lições de Londres


Tenho certeza de que do caos no Reino Unido haverá preciosas lições a tirar pelo Brasil


A jornada inaugural da Premier League inglesa arranca hoje com menos um jogo. Tottenham e Everton não vão cumprir o calendário e o seu confronto ficou adiado para uma altura mais apropriada. Confronto é aliás coisa que ninguém quer ouvir falar agora em Londres, e todos -entidades esportivas e autoridades de segurança- concordaram que não havia condições para ter uma multidão no bairro onde eclodiram os motins que assustaram e envergonharam o Reino Unido.
A decisão teve inteiramente a ver com questões de segurança. Muitos edifícios de Tottenham foram incendiados e oferecem ainda risco de colapso. Além disso, os fãs da bola poderiam facilmente interferir com as investigações da polícia, que estão a tratar as ruas que conduzem ao estádio de White Hart Lane como um "local de crime".
Mas, até se não houvesse uma preocupação com a segurança, parecia-me boa ideia adiar o jogo do Tottenham. A comunidade está ainda sob tensão, e infelizmente o futebol, que pode ser um magnífico exemplo de regeneração, também é muitas vezes motivo invocado para violência gratuita e injustificada.
Na Inglaterra, essa é uma realidade banal -basta pensar, por exemplo, na estranha "tradição" que determina que os duelos entre o Everton e o Manchester City tenham que terminar em violência e vandalismo, com torcedores feridos e as lojas dos clubes incendiadas. Parece-me, portanto, que neste caso da partida do Tottenham prevaleceu o bom-senso.
Já não encontro o mesmo bom-senso nas declarações daqueles que vieram levantar dúvidas quanto à capacidade das forças britânicas garantirem a segurança dos Jogos Olímpicos de 2012 -como por exemplo a China, que apareceu logo a dizer que estava muito preocupada com a situação.
Essas críticas são, na minha opinião, francamente exageradas. Aliás, enquanto Londres ardia com motins e pilhagens, alguns torneios pré-olímpicos, como uma competição de vólei de praia, uma maratona de natação ou uma corrida de bicicletas, prosseguiam sem problemas.
Tenho a certeza de que em toda esta situação haverá preciosas lições a tirar pelo Brasil. A violência do ano passado na tomada do morro do Alemão gerou receios semelhantes de descontrolo e insegurança durante a Copa do Mundo ou a Olimpíada. Mais uma vez, convém manter a calma.
Mas também perceber que fenómenos como estes não são de geração espontânea e podem ser atalhados antes de degenerar em caos e pânico. Basta estar atento.


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