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Nelsinho usa telemetria como prova
Segundo testemunho ocorreu após dados do carro já terem sido enviados pela Renault ao departamento técnico da FIA
"Depois de ter certeza de que eu estava na volta correta, deliberadamente perdi o controle do meu carro", diz piloto brasileiro
TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A MONZA
O depoimento prestado por
Nelsinho Piquet à FIA, no qual
o piloto brasileiro admite ter
batido seu carro de maneira intencional no GP de Cingapura
do ano passado -segundo ele, a
pedido da Renault para beneficiar seu companheiro, Fernando Alonso-, não foi o único.
A Folha apurou que o filho
do tricampeão de F-1 Nelson
Piquet fez chegar à entidade
máxima do automobilismo um
novo documento, 18 dias após
ter feito as primeiras declarações na sede da FIA, em Paris.
Nessa nova papelada consta
um resumo de um segundo depoimento prestado por Nelsinho, desta vez em Londres.
O piloto comenta o que ocorreu naquela prova tendo em
mãos os dados da telemetria de
seu carro, àquela altura já fornecidos pela Renault ao departamento técnico da entidade.
"Depois de ter certeza de que
estava na volta correta, deliberadamente perdi o controle do
meu carro", explicou o piloto,
demitido pelo time franco-inglês após o GP da Hungria, em
26 de julho, sem ter pontuado
em 2009 e tendo como melhor
resultado um segundo lugar no
GP da Alemanha de 2008.
"Fiz isso pressionando o acelerador com força e antes da
hora. Assim que senti a traseira
do carro escapando, continuei
pisando no acelerador, porque
sabia que isso faria o meu carro
bater com força na parede."
De acordo com o primeiro
depoimento de Nelsinho, Pat
Symonds, diretor técnico da
Renault, teria escolhido aquele
local específico da pista porque
ali não havia guindastes, o que
forçaria a entrada de um safety
car até que o carro fosse retirado. Foi o que ocorreu e acabou
ajudando a estratégia de Alonso, vencedor da corrida.
Nesse segundo documento,
que chegou à FIA em 17 de
agosto, o brasileiro afirma que
a telemetria de seu carro comprova sua versão do ocorrido.
"Os dados claramente demonstram que eu pisei no acelerador com mais força e antes
do momento que vinha fazendo nas outras voltas", afirmou.
"Depois que a traseira do
carro começou a escapar, a única maneira de evitar o choque e
recuperar o controle do carro
seria tirar o pé do acelerador",
seguiu o piloto em seu relato.
"Entretanto eu não parei de
acelerar. Acelerei com mais
força ainda depois do momento que a traseira escapou e novamente depois do impacto no
concreto", completou ele.
Após bater do lado direito do
muro, Nelsinho rodou, cruzou
a pista e só parou ao se chocar
contra a outra parede. Encerrada a corrida, justificou a batida
dizendo que o circuito de Cingapura, na rua, era muito estreito. "Eu já vinha beliscando
o muro aqui e ali, mas acabei
beliscando um pouco demais."
Nesse segundo depoimento,
concedido a investigadores da
FIA, o brasileiro ainda reforça
o fato de que ele não ter parado
de acelerar pode ser totalmente perceptível na leitura dos dados da telemetria de seu carro
que foi fornecida pelo time.
Assim como havia feito no
primeiro documento, que foi
tornado público na última sexta-feira, Nelsinho declarou que
"tinha obrigação [de falar o que
havia ocorrido no GP] para assegurar a justiça e a legitimidade" do Mundial de F-1.
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