São Paulo, domingo, 13 de setembro de 2009

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Nelsinho usa telemetria como prova

Segundo testemunho ocorreu após dados do carro já terem sido enviados pela Renault ao departamento técnico da FIA

"Depois de ter certeza de que eu estava na volta correta, deliberadamente perdi o controle do meu carro", diz piloto brasileiro

TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A MONZA

O depoimento prestado por Nelsinho Piquet à FIA, no qual o piloto brasileiro admite ter batido seu carro de maneira intencional no GP de Cingapura do ano passado -segundo ele, a pedido da Renault para beneficiar seu companheiro, Fernando Alonso-, não foi o único.
A Folha apurou que o filho do tricampeão de F-1 Nelson Piquet fez chegar à entidade máxima do automobilismo um novo documento, 18 dias após ter feito as primeiras declarações na sede da FIA, em Paris.
Nessa nova papelada consta um resumo de um segundo depoimento prestado por Nelsinho, desta vez em Londres.
O piloto comenta o que ocorreu naquela prova tendo em mãos os dados da telemetria de seu carro, àquela altura já fornecidos pela Renault ao departamento técnico da entidade.
"Depois de ter certeza de que estava na volta correta, deliberadamente perdi o controle do meu carro", explicou o piloto, demitido pelo time franco-inglês após o GP da Hungria, em 26 de julho, sem ter pontuado em 2009 e tendo como melhor resultado um segundo lugar no GP da Alemanha de 2008.
"Fiz isso pressionando o acelerador com força e antes da hora. Assim que senti a traseira do carro escapando, continuei pisando no acelerador, porque sabia que isso faria o meu carro bater com força na parede."
De acordo com o primeiro depoimento de Nelsinho, Pat Symonds, diretor técnico da Renault, teria escolhido aquele local específico da pista porque ali não havia guindastes, o que forçaria a entrada de um safety car até que o carro fosse retirado. Foi o que ocorreu e acabou ajudando a estratégia de Alonso, vencedor da corrida.
Nesse segundo documento, que chegou à FIA em 17 de agosto, o brasileiro afirma que a telemetria de seu carro comprova sua versão do ocorrido.
"Os dados claramente demonstram que eu pisei no acelerador com mais força e antes do momento que vinha fazendo nas outras voltas", afirmou.
"Depois que a traseira do carro começou a escapar, a única maneira de evitar o choque e recuperar o controle do carro seria tirar o pé do acelerador", seguiu o piloto em seu relato.
"Entretanto eu não parei de acelerar. Acelerei com mais força ainda depois do momento que a traseira escapou e novamente depois do impacto no concreto", completou ele.
Após bater do lado direito do muro, Nelsinho rodou, cruzou a pista e só parou ao se chocar contra a outra parede. Encerrada a corrida, justificou a batida dizendo que o circuito de Cingapura, na rua, era muito estreito. "Eu já vinha beliscando o muro aqui e ali, mas acabei beliscando um pouco demais."
Nesse segundo depoimento, concedido a investigadores da FIA, o brasileiro ainda reforça o fato de que ele não ter parado de acelerar pode ser totalmente perceptível na leitura dos dados da telemetria de seu carro que foi fornecida pelo time.
Assim como havia feito no primeiro documento, que foi tornado público na última sexta-feira, Nelsinho declarou que "tinha obrigação [de falar o que havia ocorrido no GP] para assegurar a justiça e a legitimidade" do Mundial de F-1.


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