DO ENVIADO A SUZUKA

Michael Schumacher adotou o discurso da humildade no dia em que alcançou seu mais espetacular recorde, o hexacampeonato.
Classificou-se como "vazio e exausto" e confessou-se humano: admitiu que estava nervoso durante o GP, o que explica os erros que quase o tiraram da pista.
O primeiro, ao bater em Takuma Sato na luta pela décima posição. O segundo, ao exagerar na agressividade em uma disputa com Cristiano da Matta e seu irmão, Ralf, pelo sétimo lugar.
Schumacher evitou as comparações com o argentino Juan Manuel Fangio. E mandou para o espaço os rumores de que iria anunciar a aposentadoria caso chegasse ao título. "Não tenho porque parar", declarou. (FÁBIO SEIXAS)
 
Hexacampeonato - "Não posso descrever, de uma maneira apropriada, o que estou sentindo. É um título muito estranho. Das outras vezes, ganhei a corrida e conquistei o Mundial. Ganhar o campeonato chegando em oitavo é esquisito. Não sei como comparar com os outros.
Se sou o maior, isso é o que a imprensa diz, não é o que eu penso ou sinto. A vitória da Ferrari é muito maior do que o meu título. Estou muito feliz pela equipe, mas não sei descrever meus sentimentos. Estou vazio e exausto."

GP do Japão-2003 - "Foi uma das provas mais duras de toda a minha carreira. Minha corrida foi confusa, emocionante e turbulenta. Quando eu consegui entrar na zona de pontos, fiquei aliviado. Tenho certeza de que ninguém do lado de fora percebeu isso, mas eu estava muito, muito nervoso o tempo todo. O nervosismo começou no sábado, depois da classificação. Fiquei preocupado porque o resultado também foi estranho. Largar em 14º me deixou receoso de que algo de errado poderia acontecer."

Toque com Sato - "Perdi o bico por estupidez minha, entrei nos boxes de repente e os mecânicos estavam prontos. Isso foi o que de mais extraordinário aconteceu aqui. Eles estavam tão nervosos quanto eu, mas mesmo assim conseguiram mudar a estratégia, colocar o novo bico e me devolver para o GP.
A partir daquele momento, precisei acelerar tudo o que eu podia. Eu sabia que o Montoya havia abandonado e que Rubens estava na frente, com os dois McLaren atrás dele. Mas sei como são as coisas e algo de errado poderia acontecer. Isso aqui é F-1 e, no passado, já vimos situações virarem de um instante para outro.
Então minha única alternativa era voar, acelerar muito, para chegar o mais rápido possível à zona de pontos, o que evitaria surpresas desagradáveis."

Toque com Ralf - "Eu travei minhas rodas para não acertar o Da Matta e o Ralf acertou meu pneu traseiro esquerdo, que ficou quadrado. A partir daí, foi como dirigir um carro em uma estrada cheia de pedras. Na reta, eu quase perdia a visão, de tanto que o meu carro vibrava. Não sabia o quanto o carro havia sido afetado, se havia um furo no pneu ou alguma coisa assim.
Comecei a pensar um monte de coisas, a imaginar vários problemas e então decidi que iria me manter o mais seguro possível para levar o carro até a bandeirada."

Juan Manuel Fangio - "Não me comparo com o Fangio porque isso não se justifica. Ele é muito maior do que eu. Não posso me comparar a Fangio nem de longe. Tenho enorme respeito pelo que ele fez e jamais vou me comparar a ele, disso estou certo."

Temporada - "Foi um ano duro, uma decisão de campeonato muito dura. Quando a gente teve aquele momento ruim, depois de resultados ruins na Alemanha e na Hungria, muita gente começou a duvidar que pudéssemos reagir. Muita gente achou que já estávamos fora do páreo. Mas eu nunca duvidei da equipe. Vivo lá dentro e sei como todos eles trabalham."

Rubens Barrichello - "Rubens fez uma prova fantástica e venceu em grande estilo. Ainda bem que eu pude confiar nele.

Aposentadoria - " Não tenho motivo nenhum para parar, especialmente porque sinto que ainda sou um piloto competitivo. Por que que eu não posso continuar me divertindo?"



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