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Schumacher fica nervoso, erra e permite que Raikonnen chegue a ser "campeão momentâneo", mas finlandês fraqueja
Imprevisível, GP faz balançar título certo
DO ENVIADO A SUZUKA
Quem esperava chuva viu um
GP do Japão com pista seca.
Quem previa um Michael Schumacher cauteloso viu um sujeito
nervoso cometer erros banais.
Quem apostava numa prova ousada de Kimi Raikkonen assistiu a
um piloto insosso, impotente.
E a matemática foi a tônica do
GP de encerramento do Mundial
mais apertado dos últimos anos.
Da largada à bandeirada final,
os 130 mil torcedores que lotaram
as arquibancadas de Suzuka, ontem, fizeram contas para saber,
afinal, quem seria o campeão.
Por 52 das 53 voltas, Schumacher segurou a taça. Mas houve
um instante, na 13ª volta, em que
o título foi para o rival finlandês.
O GP do Japão foi um dos mais
movimentados e imprevisíveis do
Mundial. A começar pelo clima.
A meteorologia indicava 70%
de chances de chuva. Os 30%, porém, prevaleceram, e o máximo
que se viu foi uma garoa fina, pela
manhã, que deixou o asfalto levemente úmido. Foi o bastante para
preocupar Rubens Barrichello, o
pole position. Embora os pneus
da Bridgestone, que equipam a
Ferrari, sejam melhores que os
Michelin debaixo de chuva, o favoritismo se dissolve quando há
pouca água. "Essa situação de
chove-não-molha é ruim para a
gente", disse, a caminho do grid.
Seus temores se justificaram, e
na primeira volta ele não teve como segurar Juan Pablo Montoya,
que saíra em segundo. Conforme
a corrida evoluía e o asfalto secava, no entanto, o rendimento da
Ferrari número dois melhorava.
"Naquele começo de prova, a
pista estava muito escorregadia
para a gente. Perdi um pouco o
carro na primeira curva, e o Montoya aproveitou para me passar."
Na sexta volta, Barrichello partiu para o ataque aberto a Montoya. Mas tinha uma preocupação
no retrovisor: Fernando Alonso,
da Renault, que o pressionava.
Em 12 voltas, ele se livrou dos
dois problemas. Na nona volta,
Montoya, subitamente, perdeu
ritmo. Com uma pane hidráulica,
abandonou a corrida. No 18º giro
foi a vez de o espanhol deixar a
prova, com a quebra do motor. Irritado, sem poder lutar por sua segunda vitória na categoria, Alonso deixou o carro na grama e socou o guard-rail. Àquela altura,
ele era mais veloz que o brasileiro,
e a ultrapassagem parecia certa.
Barrichello, líder, conseguiu então relaxar um pouco. O segundo
colocado, David Coulthard, da
McLaren, estava a mais de 15 segundos de distância. Seu companheiro, Raikkonen, o terceiro colocado, já não mostrava a mesma
velocidade do início do GP.
Sorte de Schumacher. Porque
ontem, nervoso com a decisão e,
principalmente, com o 14º posto
no grid, o então pentacampeão
cometeu um erro atrás do outro.
Mantendo o ritmo e a vantagem, Barrichello não foi jamais
ameaçado pela dupla da McLaren. De forma tranquila, venceu
pela segunda vez no ano e pela sétima em sua carreira na F-1.
Apesar de ter perdido tempo
em choques com Takuma Sato e
Ralf, Schumacher fez valer a superioridade do equipamento da Ferrari e conseguiu chegar à zona de
pontos, na oitava colocação.
Raikkonen, que chegou a ocupar uma liderança efêmera, na 13ª
volta, quando o alemão ainda lutava no pelotão do fundo, não
conseguiu se aproximar do brasileiro. "Não gosto de ser segundo",
disse. Ontem, porém, ele não teve
outra opção.
(FÁBIO SEIXAS)
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