São Paulo, quinta-feira, 13 de outubro de 2005

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AÇÃO

Molhada e gelada

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

Há cerca de 15 anos, o francês Gerard Fusil juntou times mistos em diferentes modalidades de esportes outdoor e criou a corrida de aventura e sua pioneira competição, o Raid Gauloise. Combinando atividade física, intelectual (estratégia e navegação), psicológica (relacionamento na equipe) e ecológica, a nova modalidade atraiu praticantes e ganhou fama. Mas, como concebida, ela ficava limitada a poucos superatletas e inacessível ao público. Seu colega (e depois concorrente) Mark Burnett foi quem empacotou o esporte para a TV e o popularizou com o Eco Challenge. A coisa deu certo. O inglês Burnett virou um grande empresário da TV americana, deixou as corridas e se dedicou ao "Survivor", programa que desencadeou uma enxurrada de reality shows.
Mas, se a exposição na TV conquistava patrocínios e resolvia o acesso ao público, a atração de novos praticantes ainda dependia de ajustes no formato da competição. De provas como a Elf Authentic Adventure, cujo tempo de conclusão, para o vencedor, superava 11 dias em 800 km de percurso, até provas de 50 km de poucas horas, o esporte vem se moldando em busca da popularização e da fidelização dos atletas. O mesmo vale para a sua organização, que, mesmo com provas como a americana Primal Quest distribuindo US$ 250 mil em prêmios e um circuito mundial com dez provas -Adventure Race World Series-, não possui federação reconhecida internacionalmente.
No Brasil, o esporte foi introduzido em 97 com a Expedição Mata Atlântica. Hoje o Ecomotion/ Pro é a mais importante competição da América Latina. Sua terceira edição internacional, concluída na semana passada, consolidou a prova no calendário da ARWS e levou dez das melhores equipes do mundo ao RS.
Já na largada deu para notar a elaboração e a logística da prova. Para cada uma das 52 equipes inscritas, havia uma corda instalada para que descessem de rapel as falésias da praia de Torres e iniciassem a corrida pelas dunas. De trekking foram 141 km, de mountain bike, 236, de canoagem, 49, e de rafting, outros 18, completando um roteiro de 444 km que terminava em Gramado.
Os postos de controle foram colocados estrategicamente para aproveitar o cenário da serra gaúcha. Em três deles, a parada era obrigatória, sendo exigido um mínimo de quatro horas de descanso durante a prova, em outros havia a opção do apoio ou de seguir, abrindo mão do suporte para ganhar até uma hora. Tudo isso sob temperaturas inferiores a 10C e uma forte chuva, que obrigou a organização a alterar certos trechos que cruzavam rios.
A equipe espanhola Buff-Nike, com 68h43min, venceu e levou a maior fatia dos US$ 60 mil em prêmios. Em segundo, veio a americana Merrel, e em terceiro, beneficiada pela desistência de uma equipe sueca a pouco mais de 7 km da chegada, a brasiliense Oskalunga Brasil Telecom. A 35ª e última equipe classificada levou quase o dobro de tempo da campeã para concluir o percurso, com muito orgulho, esse o autêntico espírito do esporte.

SuperSurf
Começou ontem em Itamambuca, Ubatuba (SP), a decisiva etapa do Brasileiro profissional. Com descartes, Fabio Gouveia larga na frente entre os nove candidatos ao título. No feminino, quatro garotas têm chances. As ondas estão pequenas, mas há previsão de melhorarem.

Arte e cultura surfe
Três semanas da Mostra Internacional, e 30 mil passaram pelo MIS. O filme "Fabio Fabuloso" venceu o Festival de Cinema, melhor filme e trilha. Blue Horizon ganhou em fotografia e em melhores ondas.

Skate na Febem
Seguindo o projeto, hoje os atletas Denis Buiu e Laurence Reali vão se apresentar para os internos em Pirituba e doar 50 pares de tênis.


E-mail: sarli@trip.com.br

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