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Corinthians atrapalha festa de 1977
Política conturbada do clube inviabiliza jogo comemorativo entre veteranos do time que derrubou jejum e a Ponte Preta
Tobias, goleiro do fim da fila, se diz frustrado por ver celebração que organizava não acontecer por falta de apoio da diretoria corintiana
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
Nas arquibancadas do Pacaembu hoje, certamente os
torcedores usarão o feito do
Corinthians em 13 de outubro
de 1977 para, 30 anos depois,
ajudar a empurrar o atual time
contra o Inter, na luta contra o
rebaixamento -bem mais inglória do que aquela contra a
Ponte Preta, que culminou no
fim de um jejum de títulos.
Mas, se até hoje (ou especialmente hoje) a mítica conquista
que inspira corintianos, não receberá no clube tratamento tão
especial como poderia.
A festa marcada para relembrar o fim da fila corintiana não
estará completa. Nem no almoço programado para ocorrer no
Parque São Jorge, nem no Pacaembu, onde alguns dos jogadores serão homenageados.
E, segundo palavras de um
dos heróis do título, por culpa
do próprio clube.
Tobias, goleiro do time que
finalizou o jejum, se diz frustrado na tentativa de organizar um
jogo entre veteranos de Corinthians e Ponte Preta e com a
falta de comprometimento da
diretoria em ajudar a concretizar a celebração.
Ele conta que, mesmo tendo
conseguido patrocínio para
custear estadia e viagem de todos os veteranos que residem
fora de São Paulo e também ter
acertado detalhes para que todos pudessem comparecer, o
projeto naufragou na hora em
que o clube precisava ajudar.
"Eu fiquei quatro meses correndo atrás para liberar o Parque São Jorge para que o jogo
fosse feito lá. Primeiro, não
achava o Dualib. Depois, quando finalmente consegui falar
com ele, todos esses problemas
políticos do clube acabaram
atrapalhando", conta Tobias.
"Quando consegui a permissão
para fazer o jogo, recebi a notícia do Clodomil [Orsi, que ocupou interinamente a presidência] de que o Contru não iria liberar o estádio por falta de segurança", reclama.
O ex-goleiro relata que já havia conseguido com a Nike uma
verba de R$ 50 mil para trazer
os oito ex-atletas que moram
fora do Estado, mais um acompanhante para cada um para
participar da festa.
"Mas, como não tinha mais
campo, acabei perdendo o patrocínio. Agora vai ter uma festa no domingo, mas não posso
trazer todo mundo. Vai ter que
ser só com quem mora em São
Paulo", diz Tobias, que contabiliza ter gasto R$ 13 mil do próprio bolso para não deixar a data histórica para os corintianos
passar em branco. "Se eu não
corro atrás, não tem nada."
Tobias não poupa nem mesmo o recém-empossado presidente pelo que considera falta
de descaso provocado pela
efervescência política no clube
nos últimos meses. "O Andrés
[Sanches], antes de ganhar, falava comigo, dizia que a gente
era importante. Depois, só consigo falar com a secretária."
O Corinthians organizou
eventos oficiais para hoje. Um
almoço para os heróis da conquista e uma homenagem no
Pacaembu. Tobias diz que só
irá ao encontro no clube. E só
porque quer entregar convites
a alguns jogadores para a festa
do dia seguinte. "Vou lá, fico
meia-hora e vou embora."
A mágoa de Tobias com o Corinthians não é unanimidade
entre os heróis de 77. Porém,
para pelo menos um deles, a
falta de apoio já era esperada.
"Eu conheço bem o Corinthians. A gente sabe que lá é assim. Também fiquei aborrecido, mas para mim é normal",
afirma o ex-lateral Zé Maria.
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