São Paulo, sábado, 13 de outubro de 2007

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Corinthians atrapalha festa de 1977

Política conturbada do clube inviabiliza jogo comemorativo entre veteranos do time que derrubou jejum e a Ponte Preta

Tobias, goleiro do fim da fila, se diz frustrado por ver celebração que organizava não acontecer por falta de apoio da diretoria corintiana

PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Nas arquibancadas do Pacaembu hoje, certamente os torcedores usarão o feito do Corinthians em 13 de outubro de 1977 para, 30 anos depois, ajudar a empurrar o atual time contra o Inter, na luta contra o rebaixamento -bem mais inglória do que aquela contra a Ponte Preta, que culminou no fim de um jejum de títulos.
Mas, se até hoje (ou especialmente hoje) a mítica conquista que inspira corintianos, não receberá no clube tratamento tão especial como poderia.
A festa marcada para relembrar o fim da fila corintiana não estará completa. Nem no almoço programado para ocorrer no Parque São Jorge, nem no Pacaembu, onde alguns dos jogadores serão homenageados.
E, segundo palavras de um dos heróis do título, por culpa do próprio clube.
Tobias, goleiro do time que finalizou o jejum, se diz frustrado na tentativa de organizar um jogo entre veteranos de Corinthians e Ponte Preta e com a falta de comprometimento da diretoria em ajudar a concretizar a celebração.
Ele conta que, mesmo tendo conseguido patrocínio para custear estadia e viagem de todos os veteranos que residem fora de São Paulo e também ter acertado detalhes para que todos pudessem comparecer, o projeto naufragou na hora em que o clube precisava ajudar.
"Eu fiquei quatro meses correndo atrás para liberar o Parque São Jorge para que o jogo fosse feito lá. Primeiro, não achava o Dualib. Depois, quando finalmente consegui falar com ele, todos esses problemas políticos do clube acabaram atrapalhando", conta Tobias. "Quando consegui a permissão para fazer o jogo, recebi a notícia do Clodomil [Orsi, que ocupou interinamente a presidência] de que o Contru não iria liberar o estádio por falta de segurança", reclama.
O ex-goleiro relata que já havia conseguido com a Nike uma verba de R$ 50 mil para trazer os oito ex-atletas que moram fora do Estado, mais um acompanhante para cada um para participar da festa.
"Mas, como não tinha mais campo, acabei perdendo o patrocínio. Agora vai ter uma festa no domingo, mas não posso trazer todo mundo. Vai ter que ser só com quem mora em São Paulo", diz Tobias, que contabiliza ter gasto R$ 13 mil do próprio bolso para não deixar a data histórica para os corintianos passar em branco. "Se eu não corro atrás, não tem nada."
Tobias não poupa nem mesmo o recém-empossado presidente pelo que considera falta de descaso provocado pela efervescência política no clube nos últimos meses. "O Andrés [Sanches], antes de ganhar, falava comigo, dizia que a gente era importante. Depois, só consigo falar com a secretária."
O Corinthians organizou eventos oficiais para hoje. Um almoço para os heróis da conquista e uma homenagem no Pacaembu. Tobias diz que só irá ao encontro no clube. E só porque quer entregar convites a alguns jogadores para a festa do dia seguinte. "Vou lá, fico meia-hora e vou embora."
A mágoa de Tobias com o Corinthians não é unanimidade entre os heróis de 77. Porém, para pelo menos um deles, a falta de apoio já era esperada.
"Eu conheço bem o Corinthians. A gente sabe que lá é assim. Também fiquei aborrecido, mas para mim é normal", afirma o ex-lateral Zé Maria.


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