São Paulo, terça-feira, 13 de outubro de 2009

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YouTube dita Brasil no Mundial

A partir de vídeos de rivais, brasileiros dizem que torneio que começa hoje é mais difícil que Olimpíada

Mesmo com média de 40 oponentes para cada ginasta do país, delegação diz que evento em Londres pode elevar status do masculino

CRISTIANO CIPRIANO POMBO
DA REPORTAGEM LOCAL

Árbitros, ginastas, técnicos e, por que não, o público. Todos os envolvidos no Mundial de ginástica artística, que começa hoje em Londres, têm pautado parte de suas ações com base em vídeos do YouTube.
"Hoje em dia, as imagens fazem parte do treino. E, principalmente, virou ferramenta de espionagem", diz o técnico Renato Araújo, que integra a delegação do país na capital inglesa.
Tanto o YouTube tem feito parte da rotina dos atletas que, apesar de o Mundial apresentar 40 rivais para cada um dos dez brasileiros (seis homens e quatro mulheres) na competição, é com base nos vídeos que a seleção aponta este torneio como o mais difícil dos últimos anos.
"Estudei todos os meus rivais pelo YouTube. Quando não via, alguém me alertava sobre a exibição de alguém. Deu para ver que Londres terá disputa no solo muito mais acirrada que na Olimpíada", diz Diego Hypólito, principal nome da equipe.
Ele dá como exemplo as notas de partidas dos principais oponentes, que, na Olimpíada, oscilavam de 16,30 a 16,70 e agora, no Mundial, devem ficar entre 16,50 e 16,80.
A seleção, que conta também com Victor Rosa, Mosiah Rodrigues, Sérgio Sasaki, Caio Costa e Arthur Zanetti, é unânime em dizer que é difícil achar atleta incólume ao site de compartilhamento de vídeos.
"A maioria das imagens vem de torcedor. Já vimos campeonato chinês, romeno, dos EUA. Tem de tudo lá, de treino a torneios. Isso ajudou a gente a definir a estratégia na preparação para o Mundial", diz Renato.
Além dos técnicos e ginastas, a arbitragem tem usado a internet para acompanhar a evolução das acrobacias do código de pontuação. "O YouTube permite que o árbitro treine o olhar e também tenha acesso a competições e novos movimentos que muitas vezes não passam na TV", diz a árbitra internacional Catarina Duarte dos Santos.
Ao mesmo tempo em que o YouTube prevê um Mundial desafiador, a delegação masculina tentará exibir hoje que está mais perto da elite do esporte. "Temos condições de melhorar as pontuações, ficar perto das finais. Servirá para fazer nome, ganhar status", diz Araújo.
A exceção é Diego Hypólito, que tenta em Londres seu terceiro título mundial no solo.
Poupado de outros aparelhos em razão da operação no ombro esquerdo, a qual se submeteu em junho, o atleta diz que pode inovar. "Em 2005 e 2007, quando fui campeão, sempre abri a série com uma passada original, que ninguém executa. Agora quero algo assim, nem que seja na final", fala Diego.
Hoje ele e os colegas tentam ficar entre os oito mais bem avaliados para ir às finais por aparelho, no fim de semana.


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