São Paulo, domingo, 13 de novembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

POLÍTICA

Ministério do Esporte admite que errou ao incluir com atraso modalidades de inverno em programa que paga atletas

Bolsa do governo ignorou critério da lei

LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Bolsa-Atleta, programa do Ministério do Esporte de auxílio a esportistas que não possuem outras fontes de renda, até agora não contribuiu em nada com os brasileiros que podem disputar os próximos Jogos Olímpicos.
Por um erro da pasta, as modalidades de inverno não foram inicialmente contempladas entre as que fizeram jus ao benefício.
O equívoco foi sanado após alertas das confederações de esportes de inverno, mas, como o orçamento do programa só foi suficiente para três centenas de bolsistas, nenhum atleta com chance de representar o Brasil na Olimpíada de Inverno de Turim, no início de 2006, foi posto na lista.
"Logo que surgiu a possibilidade de pedido da Bolsa-Atleta, recomendamos a inclusão de quatro filiados à nossa confederação. O Renato Mizoguchi, que representou o Brasil nos Jogos de Salt Lake-02, teve o pedido indeferido, sob a alegação de que não havia estado nos últimos Jogos Olímpicos", diz Eric Maleson, presidente da Confederação Brasileira de Desportos do Gelo.
Segundo o dirigente, seus interlocutores na pasta comandada por Agnelo Queiroz (PC do B-DF) não sabiam que, para efeito da lei, os Jogos Olímpicos de Inverno são equiparados aos de verão.
"Eles nem sequer haviam ouvido falar em luge [modalidade de trenó, em que o competidor desce uma pista de gelo deitado de barriga para cima], muito menos que era uma modalidade olímpica", lembra Maleson.
A confederação, que teve vetada a presença de Mizoguchi, por razões médicas, na competição italiana, ainda tenta ter representantes no bobsled -a equipe conta com os velocistas Matheus Inocêncio e Claudinei Quirino.
Stefano Arnhold, presidente da Confederação Brasileira de Desportos na Neve, a outra entidade do país que manda competidores para os Jogos de Inverno, confirma a informação de Maleson.
"Não foi nos primeiros cinco minutos que eles [funcionários do Ministério do Esporte responsáveis pela Bolsa-Atleta] entenderam que nossas modalidades são olímpicas. Tivemos que mandar ofício para esclarecer isso. Acho que faltou conhecimento dos técnicos da pasta no início."
Por sua assessroria de imprensa, o Ministério do Esporte reconheceu que, no início, as modalidades de inverno tiveram enquadramento diferente das de verão.
Em uma mensagem eletrônica para a confederação do gelo à qual a Folha teve acesso, uma funcionária encarregada do programa escreveu: "Reconhecemos o equívoco ocorrido". E o atribuiu ao fato de o sistema não se encontrar a pleno funcionamento quando Mizoguchi fez o pedido.
O programa Bolsa-Atleta tem hoje 301 beneficiários, incluindo praticantes de modalidades não-olímpicas como rúgbi, futevôlei, punhobol, xadrez, luta de braço, beach soccer, kung-fu e jiu-jitsu.


Texto Anterior: Futebol: Empate sem gols deixa França 17 jogos invicta
Próximo Texto: A personagem: Sem verba, piloto de bobsled agora é halterofilista
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.