São Paulo, sexta-feira, 13 de dezembro de 2002

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FUTEBOL

Com as empresas que comandou, Grisendi foi campeão em três equipes

"Mecenas" santista busca seu quinto título brasileiro

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

O homem que mais ganhou títulos nacionais envolvido na final Corinthians x Santos não entrará em campo no domingo.
É santista, mas não estará no banco ao lado de Emerson Leão na torcida pelo fim do jejum de 18 anos sem títulos importantes do time do litoral. Nem sequer faz parte da diretoria do time da Vila.
Seu nome é Gianni Grisendi. Com 50 anos, o italiano que preside a Bombril, a patrocinadora de camisa do Santos, pode ganhar no domingo seu quinto Brasileiro.
Atuando nos bastidores, Grisendi é apontado pelo presidente santista, Marcelo Teixeira, como um dos principais responsáveis pela campanha do time no Brasileiro. "Sem o patrocínio da Bombril, não haveria a tranquilidade que temos hoje aqui na Vila."
Torcedor da falida Fiorentina na Itália, o executivo viveu um ano de extremos. Viu seu time de coração no Brasil, o Palmeiras, cair para a segunda divisão. E comemora o fato de sua "equipe de profissão", o Santos, estar prestes a conquistar um título histórico.
"Me considero um pé-quente. Acho que há muito de trabalho, de profissionalismo nas conquistas, mas não posso negar que tenho bastante sorte", afirma Grisendi, que ganhou seu primeiro título nacional em 1993, ano em que a parceria entre Palmeiras e Parmalat tomou corpo.
Fanático por futebol, o então presidente da Parmalat da América do Sul decidiu centralizar os investimentos da multinacional em marketing no futebol.
O primeiro passo foi assinar uma co-gestão com a maior equipe da comunidade italiana.
Na mais duradoura e bem-sucedida parceria de um clube com uma empresa no país, Grisendi, entre outros títulos, ganhou dois Brasileiros (1993 e 1994).
Também se aliou ao Juventude. Com a Parmalat, o time gaúcho ganhou a Copa do Brasil em 1999.
O ex-professor de educação física também foi o responsável pelo patrocínio da Batavo, que pertence à Parmalat, ao Corinthians. No único ano de parceria, em 1999, o time do Parque São Jorge conquistou o Brasileiro.
Foi durante sua gestão que a Parmalat decidiu comprar um time: escolheram o Paulista, de Jundiaí, que acabou, em 2001, ganhando a Série C do Brasileiro.
Mas neste último título a participação de Grisendi foi quase nula. Alegando discordância em relação aos rumos da multinacional na América do Sul, exigidas pela matriz, o executivo resolveu pedir demissão, em fevereiro de 2000.
Sua saída precipitou o fim da era Parmalat no Palmeiras e foi um dos motivos do divórcio do clube com Luiz Felipe Scolari.
Amigo do executivo italiano, Scolari deixou o Parque Antarctica depois de inúmeros entreveros com o presidente Mustafá Contursi. A saída de Grisendi da Parmalat fez Scolari ameaçar deixar o clube às vésperas da decisão do Rio-SP. Quatro meses mais tarde, o treinador anunciava que seu ciclo no Palmeiras havia acabado.
O sonho de voltar a trabalhar com Scolari nunca foi abandonada por Grisendi. Em 2001, quando era presidente da TIM do Brasil viu o Atlético-PR, a quem patrocinava, ganhar o Nacional pela primeira vez. Na época, a volta da parceria com o gaúcho era impossível -Scolari já era da seleção.
De longe, e já no comando da Bombril, viu seu amigo mais próximo no esporte ganhar o mundo. Logo depois da Copa, em julho, telefonou ao treinador gaúcho para dar os parabéns. Aproveitou e o convidou para comandar o Santos, time com o qual acabara de assinar parceria.
Hoje, Grisendi não nega que tenha querido levar o pentacampeão para o Santos. Mas, sempre que questionado sobre o assunto, faz questão de ressaltar o trabalho do técnico Emerson Leão.
"Seu trabalho está rendendo frutos e nos agrada muito. No que depender de mim e da Bombril, ele fica em 2003."


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