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POLÍTICA
Órgão do governo acena com maior rigidez na análise do uso de dinheiro público por comitês olímpico e paraolímpico
TCU quer apertar fiscalização da Lei Piva
GUILHERME ROSEGUINI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Tribunal de Contas da União
pretende elaborar uma sistemática mais aguerrida e objetiva para
fiscalizar a aplicação de dinheiro
público no esporte.
O órgão do governo, que analisa
como o Comitê Olímpico Brasileiro, o Comitê Paraolímpico Brasileiro e as confederações esportivas gerenciam os recursos oriundos da Lei Piva, acredita que o
atual formato das prestações de
contas precisa ser reformulado.
A constatação foi diagnosticada
no último relatório elaborado pelo tribunal sobre o tema, que analisou os gastos do COB no período
compreendido entre agosto de
2001 e dezembro de 2002.
"Há necessidade de se avaliar a
atual sistemática de controle dos
recursos e de verificar a conveniência de alterá-la", diz o documento, julgado no último dia 10.
Aprovada em julho de 2001, a
lei, que leva o nome do ex-senador Pedro Piva (PSDB-SP), destina 2% da arrecadação das loterias
da Caixa Econômica Federal ao
COB, que fica com 85% do total, e
ao CPB, que recebe 15%.
No atual dispositivo de fiscalização, o tribunal basicamente recebe relatórios e demonstrativos fiscais das confederações e do comitê a cada três meses e os analisa.
O órgão até considera o sistema
apropriado, mas afirma que precisa de mais elementos para detectar irreguralidades.
O principal caso flagrado pelo
TCU foi divulgado em dezembro
do ano passado. Auditoria feita
no comitê paraolímpico revelou
que os dirigentes da modalidade
pagaram altos valores em benefícios salariais, gastaram em excesso com a própria entidade e não
controlaram com rigor a cessão
de verbas para viagens e a confecção de seus contratos.
De acordo com o departamento
técnico do tribunal, o modelo que
está sendo utilizado é pouco efetivo. A idéia agora é inverter a mão
do processo. Em vez de apenas esperar os repasses das entidades, o
TCU pretende se infiltrar mais
nas partes envolvidas.
Segundo a Folha apurou, o órgão cogita aumentar o número de
inspeções e auditorias nas confederações e no próprio COB. Assim, o TCU conseguiria separar
mais as contas e melhorar a padronização dos demonstrativos
necessários para a fiscalização.
O objetivo é conseguir o que a
entidade chama de segregação de
caixas: deixar despesas de viagens, passagens aéreas, gastos
com atletas e manutenção devidamente separados. Assim, uma
possível falha saltaria mais facilmente aos olhos dos técnicos.
A fiscalização do TCU sempre
foi utilizada pelo presidente do
COB, Carlos Arthur Nuzman, como exemplo de transparência de
sua entidade no uso dos recursos
públicos. "Esta é a primeira vez
que recebemos dinheiro dos cofres públicos. E, para termos certeza de que não ocorrerão problemas, estaremos sujeitos à fiscalização do governo", disse Nuzman
à época da aprovação da Lei Piva.
O COB recebe a maior parte da
verba das loterias -em 2002, foram R$ 43,2 milhões.
O dirigente foi procurado ontem para comentar a mudança
nos padrões de fiscalização, mas,
por estar participando de uma
reunião de comitês olímpicos na
Europa, não se manifestou.
Insatisfeito com a parte que lhe
cabe, o COB também deseja usar
o dinheiro reservado ao esporte
educacional para criar um instituto para formar atletas de alto rendimento. Segundo o texto da Lei
Piva, 10% do montante deve ser
investido em desporto escolar, e
5%, em desporto universitário.
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