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Castas do Estadual ignoram Juventus
Paulista-07, que começa nesta semana, ressuscita mata-matas e inventa título vedado aos grandes e ao time da Mooca
FPF reconhece que medida
não é a mais justa, mas
aponta ser "difícil fazer
100% de felicidade" na hora
de elaborar o regulamento
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de dois anos de ausência, os mata-matas estão de
volta ao Campeonato Paulista,
que começa na próxima quarta-feira, com uma disputa "para o
andar de cima", outra "para o
andar de baixo". E há ainda um
time "sem andar", o Juventus.
A fórmula deste ano prevê
um primeiro turno em que os
20 clubes jogam entre si em
turno único, seguida de fases
semifinal e final para apurar o
campeão. Quem não se classificar para os mata-matas finais,
exceto o Juventus e os quatro
grandes, tem ainda um título a
buscar: "campeão do interior".
De acordo com Marco Polo
Del Nero, presidente da FPF
(Federação Paulista de Futebol), a introdução dos mata-matas aconteceu em razão de o
Paulista ter, em 2007, mais datas à disposição do que nos
anos anteriores. Ele acha o formato deste ano mais interessante que o de pontos corridos
em turno único "meio capenga"
dos dois últimos anos.
"E há ainda o retorno do título do interior, para dar mais
glamour à competição, lembrando um troféu que existia
antigamente e que os clubes interioranos têm orgulho de ostentar", completa ele.
O script é perfeito, desde que
os grandes dominem a fase inicial e o Juventus não passe do
nono lugar -no ano passado,
acabou na oitava posição.
Se um interiorano levantar o
troféu, ele será campeão paulista mas não campeão do interior. Por outro lado, se o Juventus se posicionar na zona de
classificação para os mata-matas do interior (entre quinto e
oitavo lugar), ele dará sua vaga
ao próximo time do interior na
classificação.
"Protestei contra isso no
conselho arbitral, mas falaram
que não havia nada a fazer, porque não era possível mudar o
nome do "campeão do interior"
para incluir a possibilidade de o
Juventus concorrer caso termine entre quinto e oitavo", reclama Armando Raucci, presidente do clube da Mooca.
A rigor, a associação que ele
comanda está mais próxima da
realidade do "andar de baixo"
que das condições técnicas e financeiras de Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo.
Por exemplo, o estádio da
Rua Javari não pode receber
partidas noturnas por falta de
iluminação adequada.
No acanhado gramado do Juventus, os gandulas não são lá
tão necessários -o alambrado
fica bastante próximo às linhas
do campo. Mas eles trabalham
mesmo é na rua que circunda o
estádio, a rua dos Trilhos, para
onde vão as bolas chutadas com
mais força para o alto.
O clube paga a cada garoto R$
20, para evitar que transeuntes
levem as bolas mandadas freqüentemente fora do estádio.
Nesse contexto, não é difícil
entender a revolta juventina.
Se, para um grande jogar um
certame-consolação não acrescentaria nada, para o time da
Mooca é diferente, até porque o
título do interior é acompanhado de um prêmio de R$ 200 mil.
"Eu falei para fazerem um
campeonato da Grande SP, mas
a idéia não vingou. É injustiça
tirar essa oportunidade só do
Juventus. Ninguém no ABC
[onde ficam o Santo André e o
São Caetano] ou em Alphaville
[condomínio de alto padrão no
município de Barueri] diz morar no interior", aponta Raucci.
Del Nero não tira a razão do
presidente do time grená, mas
sustenta que não havia outras
alternativas possíveis.
"O objetivo do título do interior é fazer com que todos disputem alguma coisa até o final
do campeonato. É difícil fazer
100% de felicidade dos clubes
quando montamos um regulamento. O único que reclamou
foi o Juventus, os demais estão
satisfeitos com as regras."
Colaboraram RODRIGO BUENO , da Reportagem
Local, e FABIO TURA , do Datafolha
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