São Paulo, domingo, 14 de janeiro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Castas do Estadual ignoram Juventus

Paulista-07, que começa nesta semana, ressuscita mata-matas e inventa título vedado aos grandes e ao time da Mooca

FPF reconhece que medida não é a mais justa, mas aponta ser "difícil fazer 100% de felicidade" na hora de elaborar o regulamento

LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de dois anos de ausência, os mata-matas estão de volta ao Campeonato Paulista, que começa na próxima quarta-feira, com uma disputa "para o andar de cima", outra "para o andar de baixo". E há ainda um time "sem andar", o Juventus.
A fórmula deste ano prevê um primeiro turno em que os 20 clubes jogam entre si em turno único, seguida de fases semifinal e final para apurar o campeão. Quem não se classificar para os mata-matas finais, exceto o Juventus e os quatro grandes, tem ainda um título a buscar: "campeão do interior".
De acordo com Marco Polo Del Nero, presidente da FPF (Federação Paulista de Futebol), a introdução dos mata-matas aconteceu em razão de o Paulista ter, em 2007, mais datas à disposição do que nos anos anteriores. Ele acha o formato deste ano mais interessante que o de pontos corridos em turno único "meio capenga" dos dois últimos anos.
"E há ainda o retorno do título do interior, para dar mais glamour à competição, lembrando um troféu que existia antigamente e que os clubes interioranos têm orgulho de ostentar", completa ele.
O script é perfeito, desde que os grandes dominem a fase inicial e o Juventus não passe do nono lugar -no ano passado, acabou na oitava posição.
Se um interiorano levantar o troféu, ele será campeão paulista mas não campeão do interior. Por outro lado, se o Juventus se posicionar na zona de classificação para os mata-matas do interior (entre quinto e oitavo lugar), ele dará sua vaga ao próximo time do interior na classificação.
"Protestei contra isso no conselho arbitral, mas falaram que não havia nada a fazer, porque não era possível mudar o nome do "campeão do interior" para incluir a possibilidade de o Juventus concorrer caso termine entre quinto e oitavo", reclama Armando Raucci, presidente do clube da Mooca.
A rigor, a associação que ele comanda está mais próxima da realidade do "andar de baixo" que das condições técnicas e financeiras de Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo.
Por exemplo, o estádio da Rua Javari não pode receber partidas noturnas por falta de iluminação adequada.
No acanhado gramado do Juventus, os gandulas não são lá tão necessários -o alambrado fica bastante próximo às linhas do campo. Mas eles trabalham mesmo é na rua que circunda o estádio, a rua dos Trilhos, para onde vão as bolas chutadas com mais força para o alto.
O clube paga a cada garoto R$ 20, para evitar que transeuntes levem as bolas mandadas freqüentemente fora do estádio.
Nesse contexto, não é difícil entender a revolta juventina. Se, para um grande jogar um certame-consolação não acrescentaria nada, para o time da Mooca é diferente, até porque o título do interior é acompanhado de um prêmio de R$ 200 mil.
"Eu falei para fazerem um campeonato da Grande SP, mas a idéia não vingou. É injustiça tirar essa oportunidade só do Juventus. Ninguém no ABC [onde ficam o Santo André e o São Caetano] ou em Alphaville [condomínio de alto padrão no município de Barueri] diz morar no interior", aponta Raucci.
Del Nero não tira a razão do presidente do time grená, mas sustenta que não havia outras alternativas possíveis.
"O objetivo do título do interior é fazer com que todos disputem alguma coisa até o final do campeonato. É difícil fazer 100% de felicidade dos clubes quando montamos um regulamento. O único que reclamou foi o Juventus, os demais estão satisfeitos com as regras."


Colaboraram RODRIGO BUENO , da Reportagem Local, e FABIO TURA , do Datafolha


Texto Anterior: Italiano 2: Juventus sofre a 1ª derrota na série B
Próximo Texto: Saiba mais: Santos de Pelé tornou ponto corrido chato
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.