São Paulo, domingo, 14 de março de 2004

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Clube, que pode cair hoje, foi o que mais cedo se ligou no Paulista e o que menos tem desculpas para fiasco

Corinthians joga para fugir do inexplicável

Jefferson Coppola/Folha Imagem
Corinthians faz o último treino ontem para seu último jogo no Paulista-04, contra a Portuguesa Santista, que acontece hoje no Pacaembu; se o time perder, pode ser rebaixado para a segunda divisão

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

O time se preparou, investiu, revelou. Não sofreu com maratona de jogos, não perdeu atletas para a seleção. O planejamento foi feito com antecedência, os jogadores tiveram férias e fizeram pré-temporada. Além da insuperável tradição no Estadual, o clube ficou no grupo considerado mais fácil. Só o lanterninha da chave cai, e, apesar de tudo isso, o rebaixado pode ser esse time: o Corinthians.
Com uma combinação de resultados, o clube mais popular do Estado pode viver hoje o maior vexame de toda a sua história.
Uma vitória no Pacaembu contra a Portuguesa Santista basta para salvar a equipe do técnico Oswaldo de Oliveira do descenso, mas, por tudo o que aconteceu até aqui no Paulista, o resultado que seria lógico virou uma incógnita.
Nenhum outro time grande se empenhou tanto no Paulista como o Corinthians. A preparação para a atual temporada começou ainda em setembro, pois o time precocemente ficou sem ambições no Brasileiro -o Santos lutou até o fim pelo título, o São Paulo buscou a Libertadores, e o Palmeiras correu para subir.
No dia 30 de setembro, Roberto Rivellino ganhou seu cargo de diretor técnico do Corinthians. Foi uma aposta em um antigo ídolo que nunca havia ganho um título importante no clube -deixou o time após cair na final de 1974.
Um mês depois de acertar sua volta, Rivellino anunciou a efetivação do técnico Juninho. A idéia era exatamente acelerar renovações e dispensas para 2004.
No dia 4 de novembro, o planejamento para o Paulista já estava praticamente pronto. Sete atletas foram apresentados em um mesmo dia em dezembro. No total, 13 reforços foram contratados, um número bem maior do que o conseguido pela concorrência.
Atletas experientes, como Rincón, com bagagem internacional, e Rodrigo, e promessas, como Dinelson, chegaram. Além disso, a categoria de base foi trabalhada. Em janeiro, o time levou a Copa São Paulo de juniores e mostrou talentos, como Rosinei.
Os profissionais tiveram bom descanso após o final do primeiro Brasileiro de pontos corridos. Após as férias, fizeram uma pré-temporada em Extrema, Minas Gerais. Estrearam no Paulista no dia 21 de janeiro contra o recém-promovido Atlético Sorocaba pela chave que só tem dez times.
Começava com um 2 a 2 a pior campanha do clube no Estadual desde 1913. Durante o torneio, só uma vez a atenção foi desviada: um jogo pela Copa do Brasil contra o Botafogo-PB. Santos, que teve cinco atletas no Pré-Olímpico, e São Paulo voltaram suas atenções para a Libertadores, e o Palmeiras, humilde, testou suas forças na elite após jogar a Série B -os três já estão classificados.
Duas derrotas em clássicos custaram o cargo de Juninho. Algumas contusões atrapalharam, e o excesso de preparação física foi então usado como ""desculpa".
""Fiquei muito chateado ouvindo que a preparação física estava trazendo problemas. O que ela traz são soluções. Só o Rodrigo teve lesão muscular. Isso porque ficou sete meses sem jogar", disse Moraci Sant'Anna, preparador físico que saiu com Juninho.
Oswaldo de Oliveira assumiu e obteve só uma vitória: 3 a 2 no Juventus, concorrente de hoje ao rebaixamento. O placar veio com a ajuda do árbitro Robério Pires, que deu um pênalti inexistente.
Eliminado com uma rodada de antecedência, o Corinthians tem só um objetivo: não cair. ""Damos bicho por objetivo. Mas não pagaremos para não cair", diz Antonio Roque Citadini, vice de futebol.


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