São Paulo, domingo, 14 de março de 2010

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JUCA KFOURI
Recordar é viver


E, na quarta-feira passada, deu para sonhar com você, Santos FC dos anos 60, de Pelé e companhia tão bela


É CLARO que o Naviraiense é fraco. Mas endureceu o jogo em Campo Grande, a ponto de perder só de 1 a 0 na partida de ida para o mesmo Santos que encontrou no jogo de volta. Ora, é claro, ainda, que o Santos de Neymar não é o Santos de Pelé. Só os idiotas da objetividade querem, no entanto, diminuir a façanha santista.
De minha parte, prefiro recordar.
Recordar os 11 a 0 no Botafogo de Ribeirão Preto, com oito gols de Pelé no bom goleiro Machado, em 1964, na mesma Vila Belmiro, quando eu tinha apenas 14 anos.
Faz tempo, mas, de fato, parece que foi ontem, tamanha foi a repercussão, o estupor. Dizia-se que Machado tinha jogado uma barbaridade, evitado uma goleada ainda maior, ele que, além dos oito gols do Rei, tomou um de Coutinho, outro de Toninho e mais um de Pepe.
Afinal, o Botafogo era dirigido por um mito chamado Osvaldo Brandão, que já tinha sido campeão paulista três vezes, do Rio-São Paulo outras tantas, da Copa do Brasil e sido técnico da seleção brasileira, com passagens, até então, já gloriosas por Palmeiras e Corinthians.
No turno, o Botafogo havia vencido o Santos por 2 a 0, em Ribeirão Preto, assim como, depois, empatara por 4 a 4 com o Palmeiras, até terminar o campeonato em décimo lugar, entre 16 times.
Não se quer aqui nem comparar o tricolor do interior paulista com o time de Mato Grosso do Sul. Apenas lembrar que, se fosse fácil enfiar dez em quem é muito inferior, veríamos goleadas parecidas acontecendo por aí com frequência, o que, infelizmente, não é verdade.
Ah, sim, no fim de semana seguinte aos 11 no Botinha, o Santos enfiou mais sete no Corinthians, 7 a 4, com o alvinegro da capital reestreando como técnico, exatamente,... Oswaldo Brandão.
É, o velho e saudoso Brandão, o Caçamba, levou 18 gols do Santos em dois domingos seguidos.
Aquele Santos era mesmo incomparável, tanto que, no fim de semana subsequente à goleada no Corinthians, meteu mais um 6 a 0 no São Bento até decidir o título com a Portuguesa e vencê-la por 3 a 2 para ser campeão.
E este Santos?
Ah, este Santos não ganhou nada, dizem os... idiotas da objetividade. Não mesmo, nem teve tempo e é até possível que não ganhe, que seja eliminado no mata-mata das semifinais do Paulistinha ou em qualquer fase da Copa do Brasil.
Mas e daí? E daí?!!!!
Por acaso qualquer uma das hipóteses empalidece como foi bonito ver Neymar entrar driblando pela área em seus gols? Ou a bela cobertura de Robinho? Ou a esperteza de André? A rapidez de Madson, além da exímia cobrança de falta?
É até gozado ver quem só pensa em futebol de resultados menosprezar resultado de tal tamanho: 10 a 0! Pobre do Palmeiras hoje?
Não sei, é possível, principalmente se entrar para não jogar, como fez o Corinthians na mesma Vila.
Vale lembrar, porém, já que estamos aqui lembrando, que o Palmeiras era precisamente o time que gostava de interromper as sequências santistas.
Quem sabe?

blogdojuca@uol.com.br


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