São Paulo, domingo, 14 de março de 2010

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Longe da Indy, Interlagos experimenta ostracismo

Concorrência com F-1 impede que prova seja disputada no autódromo municipal

Para que corrida de hoje pudesse ser no tradicional circuito, os promotores deveriam ter feito pedidos de autorização à FIA e à FOM

MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

São Paulo é a única cidade que, nesta temporada, abriga etapas da Indy e da F-1. Enquanto a região do Anhembi fervilha neste final de semana para sediar a corrida da Indy, no outro extremo da cidade, o autódromo de Interlagos recebe eventos pouco badalados.
O principal palco do automobilismo da cidade e do país teria ontem um evento fechado para um banco, e hoje, treinos de pilotagem para motos.
Enquanto isso, a prova da Indy no Anhembi não conseguiu nem definir o grid ontem, pelas condições ruins do asfalto na área do sambódromo.
Apesar de as obras de adaptação no Anhembi para abrigar a Indy terem custado R$ 8 milhões aos cofres da prefeitura, a hipótese de usar Interlagos não foi nem sequer cogitada.
O principal motivo é uma cláusula do contrato entre a prefeitura, a FIA (Federação Internacional de Automobilismo), a FOM (empresa que rege comercialmente a F-1) e a Interpro (promotora da prova).
Pelo contrato, válido até 2014, qualquer corrida de monopostos com mais do que cinco pilotos estrangeiros só pode ser realizada em Interlagos se for autorizada pelas entidades.
Em 2008, o ex-piloto Emerson Fittipaldi tentou trazer para o autódromo paulistano uma etapa da A1GP, categoria de base do automobilismo. Chegou a anunciar a corrida, mas não conseguiu o aval dos dois organismos internacionais para levar o projeto adiante. Isso desestimulou a Prefeitura de São Paulo a fazer nova tentativa.
"Embora exista o interesse da prefeitura de flexibilizar [o contrato] para que Interlagos possa ter mais eventos internacionais, não dava para decidir isso em apenas uma semana como foi o caso da Indy", afirmou Caio de Carvalho, presidente da SPTuris, empresa municipal de turismo que administra o autódromo e o Anhembi.
Carvalho ainda lembra que outro ponto que poderia inviabilizar o uso de Interlagos é o fato de a F-1 e a Indy serem transmitidas por emissoras concorrentes, Globo e Bandeirantes, respectivamente.
Até mesmo os organizadores da Indy reconhecem que qualquer tentativa de usar Interlagos seria frustrada.
"Não conseguiríamos aprovação da FIA, nem da CBA [Confederação Brasileira de Automobilismo] se fôssemos para a mesma pista que a F-1", admite Terry Angstadt, presidente comercial da IRL, entidade que comanda a Indy.
Segundo ele, desde o início das negociações com a prefeitura de São Paulo, a ideia era promover uma etapa em circuito de rua. "Gostamos de levar nosso produto para mais próximo do público", diz Angstadt.
Uma possível economia de gastos com obras -R$ 8 milhões- por conta de uma transferência da Indy para Interlagos é refutada pela prefeitura.
"Se formos colocar na ponta do lápis, promover a Indy em Interlagos sairia mais caro", afirma o presidente da SPTuris.
"Aqui, no Anhembi, já há toda a estrutura de arquibancadas e de camarotes pronta. Já em Interlagos, nós gastamos todo ano cerca de R$ 9 milhões para montar uma estrutura provisória", conclui Carvalho.


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