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Longe da Indy, Interlagos experimenta ostracismo
Concorrência com F-1 impede que prova seja disputada no autódromo municipal
Para que corrida de hoje pudesse ser no tradicional circuito, os promotores deveriam ter feito pedidos de autorização à FIA e à FOM
MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
São Paulo é a única cidade
que, nesta temporada, abriga
etapas da Indy e da F-1. Enquanto a região do Anhembi
fervilha neste final de semana
para sediar a corrida da Indy,
no outro extremo da cidade, o
autódromo de Interlagos recebe eventos pouco badalados.
O principal palco do automobilismo da cidade e do país teria
ontem um evento fechado para
um banco, e hoje, treinos de pilotagem para motos.
Enquanto isso, a prova da
Indy no Anhembi não conseguiu nem definir o grid ontem,
pelas condições ruins do asfalto
na área do sambódromo.
Apesar de as obras de adaptação no Anhembi para abrigar a
Indy terem custado R$ 8 milhões aos cofres da prefeitura, a
hipótese de usar Interlagos não
foi nem sequer cogitada.
O principal motivo é uma
cláusula do contrato entre a
prefeitura, a FIA (Federação
Internacional de Automobilismo), a FOM (empresa que rege
comercialmente a F-1) e a Interpro (promotora da prova).
Pelo contrato, válido até
2014, qualquer corrida de monopostos com mais do que cinco pilotos estrangeiros só pode
ser realizada em Interlagos se
for autorizada pelas entidades.
Em 2008, o ex-piloto Emerson Fittipaldi tentou trazer para o autódromo paulistano uma
etapa da A1GP, categoria de base do automobilismo. Chegou a
anunciar a corrida, mas não
conseguiu o aval dos dois organismos internacionais para levar o projeto adiante. Isso desestimulou a Prefeitura de São
Paulo a fazer nova tentativa.
"Embora exista o interesse
da prefeitura de flexibilizar [o
contrato] para que Interlagos
possa ter mais eventos internacionais, não dava para decidir
isso em apenas uma semana como foi o caso da Indy", afirmou
Caio de Carvalho, presidente
da SPTuris, empresa municipal
de turismo que administra o
autódromo e o Anhembi.
Carvalho ainda lembra que
outro ponto que poderia inviabilizar o uso de Interlagos é o
fato de a F-1 e a Indy serem
transmitidas por emissoras
concorrentes, Globo e Bandeirantes, respectivamente.
Até mesmo os organizadores
da Indy reconhecem que qualquer tentativa de usar Interlagos seria frustrada.
"Não conseguiríamos aprovação da FIA, nem da CBA
[Confederação Brasileira de
Automobilismo] se fôssemos
para a mesma pista que a F-1",
admite Terry Angstadt, presidente comercial da IRL, entidade que comanda a Indy.
Segundo ele, desde o início
das negociações com a prefeitura de São Paulo, a ideia era
promover uma etapa em circuito de rua. "Gostamos de levar
nosso produto para mais próximo do público", diz Angstadt.
Uma possível economia de
gastos com obras -R$ 8 milhões- por conta de uma transferência da Indy para Interlagos é refutada pela prefeitura.
"Se formos colocar na ponta
do lápis, promover a Indy em
Interlagos sairia mais caro",
afirma o presidente da SPTuris.
"Aqui, no Anhembi, já há toda a estrutura de arquibancadas e de camarotes pronta. Já
em Interlagos, nós gastamos
todo ano cerca de R$ 9 milhões
para montar uma estrutura
provisória", conclui Carvalho.
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