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Vedete da Indy, reta vira transtorno
Falta de aderência do trecho do sambódromo força adiamento do treino oficial para hoje; para pilotos, local é "sabão'
Pavimentada com concreto,
reta principal gera sustos
e derrapadas a 200 km/h e
leva equipes a criticarem
a organização da corrida
FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
JOSÉ EDUARDO MARTINS
MARTÍN FERNANDEZ
DA REPORTAGEM LOCAL
ANDREI SPINASSÉ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
""Pista de boliche." ""Sabão."
""Rinque de patinação no gelo."
O que era para ser o trecho
mais charmoso do novo circuito de rua de São Paulo, a reta do
sambódromo ganhou apelidos
jocosos entre os pilotos e se tornou foco de preocupação.
Exigiu, mais do que ajustes,
alterações na programação da
corrida. E uma obra de emergência na noite de ontem.
Pavimentado com concreto,
enquanto o restante do traçado
é coberto por asfalto, o piso não
conferiu a aderência necessária
para os pneus da Indy. Resultado: escapadas, rodadas, batidas
no muro, suspensões quebradas e sustos a 200 km/h.
Inicialmente impassível às
críticas de pilotos e equipes, a
organização da prova viu seu
discurso de ""pista de rua é assim mesmo" ruir a cada acidente na região do sambódromo.
Enfim, pouco antes da definição do grid, marcada para as
15h30, rendeu-se às evidências.
Transformou o treino oficial
em sessão livre. Transferiu a tomada de tempos para hoje, das
8h30 às 10h. E colocou máquinas na pista para raspar e abrir
ranhuras no concreto.
A largada para a São Paulo
Indy 300, prova que abre o
campeonato da categoria, está
mantida para as 13h, com TV.
""Antes tarde do que nunca",
declarou Tony Kanaan, da Andretti Autosport, um dos maiores críticos às condições da pista. Pela manhã, logo após o primeiro treino, ele atacou o neozeolandês Tony Cotman, contratado pelos organizadores
para desenhar e montar o traçado. ""Ele nunca guiou um carro na vida", afirmou o piloto.
O projetista, que passou os
últimos três meses em São Paulo, defendeu-se. ""Cada pista de
rua tem sua especificidade, e
aqui o problema foi o concreto.
A borracha dos pneus não cola,
até lustra o piso. Todo mundo
sabe que pintaram aquele trecho para o Carnaval... Lixamos
aquela tinta, mas, infelizmente,
não tivemos tempo de testar isso com um carro de corrida."
Segundo ele, o concreto seria
raspado por mais 2 mm ou 3
mm na noite de ontem, além de
ganhar as ranhuras. Depois, o
piso passaria por uma lavagem.
A previsão era que o trabalho
avançasse até a madrugada.
Obras à parte, outra previsão,
a de chuva para a tarde de hoje,
ainda preocupa. ""No seco, já está impossível", afirmou Takuma Sato, da KV Racing.
Além do problema de falta de
aderência no sambódromo, os
desníveis por toda a pista geraram reclamações. ""Eu esperava
encontrar ondulações, mas isso
aqui é uma loucura. Há um
ponto do circuito em que tiramos as quatro rodas do chão",
disse o atual campeão da categoria, o escocês Dario Franchitti, primeiro a deixar o pit lane e experimentar o traçado.
Sob responsabilidade do
Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A.), as obras de adequação do Anhembi para receber a Indy custaram R$ 8 milhões à Prefeitura de São Paulo.
""As máquinas são as mesmas
utilizadas pela cidade, é uma
obra de cinco horas e o custo é
irrelevante", declarou Caio de
Carvalho, presidente da SPTuris, sobre os reparos emergenciais que tiveram de ser realizados durante a noite de ontem.
NA TV - Treino oficial e SP Indy 300
Bandeirantes, às 8h30 e às 13h
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