São Paulo, segunda-feira, 14 de abril de 2008

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SONINHA

Um domingo qualquer?


Não, um dia de clássico... Em que as preocupações normais são deixadas de lado, e outras terríveis ocupam seu lugar

13/04, 8H - Ruas tranqüilas como em qualquer domingo, nenhum sinal de semifinal no ar até passar o primeiro motorista com uma camisa marca-texto.
10h - No café da manhã, uma família da Brasilândia conta o impacto de um clássico na família. O pai, a mãe e três filhos são palmeirenses; um filho é são-paulino e uma filha é corintiana. A sexta filha não está nem aí, comemora qualquer gol. Fica sempre feliz e irrita alguém da casa.
14h - Perto do Parque Antarctica, tudo em paz, exceto pelo congestionamento na entrada do shopping-monstro.
15h30 - Chegando ao Morumbi, trânsito inacreditavelmente bom; tráfego lento, só junto ao estádio.
16h - Só sei que o Hino Nacional está tocando porque o painel eletrônico mostra a letra. Não dá para ouvir nada.
Primeiro tempo - O Palmeiras toca a bola com calma, estudando o adversário, esperando o momento certo para se tornar mais incisivo. Mas a segurança não durou muito... Contra-ataque com Adriano é sempre um sobressalto para a torcida e, pelo jeito, para o time. Bola pelo alto, também. Ele é muito grande, muito forte e está muito determinado.
A defesa do São Paulo, por sua vez, está tranqüilíssima. Alex Silva faz muita diferença. O time todo é forte, tem bom desarme e bom passe, parece levar vantagem em todos os lances. Os palmeirenses parecem juvenis perto dos grandalhões. Conseguirão levar vantagem por baixo? Não, o brutamontes Adriano fará um gol, rente ao chão... De manchete e impedido. Mas a superioridade são-paulina que se seguiu dava credibilidade ao placar. O Palmeiras teve bola na trave, mas seguia refém.
Intervalo - Sócrates faz troça comigo e diz que escreveu sua coluna antes do jogo, adivinhando quase tudo até ali. "Desse negócio eu entendo", disse. E riu gostosamente.
Segundo tempo - A defesa do Palmeiras serve Adriano e ele não se faz de rogado. Ganha a disputa com o marcador como um trator passaria por um graveto. O camisa 10 se recupera na vida; o São Paulo, na temporada. Tendo de lidar com contratações que não deram certo, sérios problemas disciplinares e as ausências, nesta etapa, dos destaques Aloísio e Borges, joga uma partida sólida, convincente. Até quem foi muito mal contra o Audax (como Richarlyson) faz um bom jogo. Sorte do tricolor: não poderia mesmo contar com o banco de reservas...
Mas o Palmeiras -cuja bola parada, ao contrário do São Paulo, não mete medo em ninguém (como desperdiça escanteios, por cobrar mal!)- tem sido capaz de se recuperar nos jogos. Eis que depois de alguns momentos bonitos mas ineficazes consegue o pênalti salvador.
Depois dele, o que parecia impossível aconteceu: a torcida verde acordou, a da casa ficou tensa. O visitante finalmente conseguiu bagunçar a defesa do adversário que, preocupado, passou a errar mais. A área tricolor foi visitada com freqüência, a ponto de torcedores perguntarem, aflitos, "quanto falta?".
Fim - Os dois times comemoram. A meu lado, um são-paulino pergunta: "Você não se abala? É que é trabalho, né?". É trabalho mas só não pulo para não derrubar o computador do colo. Sofri! Domingo de clássico não é um domingo qualquer.

soninha.folha@uol.com.br


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