São Paulo, quarta-feira, 14 de abril de 2010

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Eliminado do Nacional, ex-Banespa vai para UTI

Maior celeiro do esporte, Brasil Vôlei deixa a Superliga sem saber se seguirá vivo

Prestes a ter vínculo com Santander encerrado, clube de São Bernardo não acha empresas dispostas a bancar seu projeto de R$ 7 milhões

Charles Silva Duarte/‘OTempo’
Atletas do Brasil Vôlei Clube, que deve ser extinto, tentam bloquear ataque do Montes Claros

MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O maior celeiro de craques do vôlei masculino pode ter encerrado, com um revés, seus 26 anos de história. A derrota de ontem para o Montes Claros deve ter sido o melancólico capítulo final de uma trajetória repleta de sucessos do atual Brasil Vôlei Clube, ex-Banespa.
O time de São Bernardo perdeu o terceiro e decisivo jogo da série das quartas de final por 3 sets a 2, parciais de 25/21, 18/ 25, 21/ 25, 25/23 e 15/12, e acabou eliminado da Superliga.
Pelas quadras e pelas famosas peneiras do clube já passaram grandes estrelas do esporte. Lá, foram lapidadas as duas gerações de ouro do Brasil.
Tande, Giovane, Marcelo Negrão, Maurício, Ricardinho, Gustavo, Murilo e Rodrigão estão entre os principais nomes formados pelo clube paulista.
Em agosto de 2009, o Santander anunciou que encerraria a parceria após a Superliga.
Há um ano, o Osasco, tradicional equipe feminina, experimentou frustração similar quando perdeu o patrocínio de um outro banco e esteve bem perto de encerrar as atividades.
Em vão, o presidente do Brasil Vôlei, José Montanaro Júnior, busca um novo patrocinador desde o ano passado. Os atletas das categorias de base infantojuvenil e juvenil já foram dispensados. E a peneira, pela qual já passaram cerca de 40 mil adolescentes, foi extinta.
Segundo Montanaro, o Santander saiu do vôlei para direcionar seus investimentos no futebol e no automobilismo. "O banco quis fazer uma posicionamento mais global da marca. Isso se estendeu aos patrocínios esportivos. O vôlei não foi contemplado porque, segundo eles, não tem tanta amplitude."
Um dos principais empecilhos para os novos parceiros é o alto custo de manutenção de um time de ponta. O projeto do Brasil Vôlei, incluindo a base, custa R$ 7 milhões por ano.
"Tirando o futebol, talvez o vôlei seja a modalidade mais cara", diz Montanaro, membro da seleção que foi prata nos Jogos de Los Angeles-84. "Outro ponto que dificulta o patrocínio é que a Copa da África, e a próxima, no Brasil, concentram o patrocínio no futebol."
Diante de tantas tentativas frustradas, o presidente do Brasil Vôlei já cogita "fatiar" o projeto entre diversas empresas.
"Se alguém quiser investir só no time adulto, ou só no juvenil, vamos negociar. O mais importante é não deixar o clube acabar", afirma Montanaro, que, a partir de maio, vai assumir a gerência das categorias de base de um outro clube, o Sesi.
Montanaro, no entanto, não quer abandonar o Brasil Vôlei. Ele ainda tem esperança de salvar as categorias de base. Com um projeto aprovado pelo Ministério do Esporte via lei de incentivo, o clube tem até dezembro para captar recursos.


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