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FUTEBOL
Marcar e contra-atacar
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Algumas palavras e expressões estão presentes em todas
as transmissões de futebol, como pressionar, marcar e contra-atacar. Muitos associam o contra-ataque ao defensivismo. Jogar na defesa é uma coisa; de contra-ataque é outra.
O desarme, seguido do contra-ataque, é uma estratégia muito
importante no futebol. Pode começar no meio-campo, na própria intermediária ou na do rival.
Isso é muito mais relevante do
que o desenho tático e o número
de zagueiros e de atacantes.
Quem desarma precisa ter um
passe rápido e certeiro. Jogador
que não passa bem e/ou demora
500 anos para dominar a bola, virar o corpo, olhar e, depois, passar, acaba com o contra-ataque.
Uma das qualidades do Cruzeiro é alternar, em uma mesma
partida, a marcação adiantada
com o recuo e o contra-ataque. Os
melhores momentos da equipe
acontecem quando o Cruzeiro faz
um gol, recua e atrai o rival para
o contragolpe.
Para isso, além de um bom passe dos volantes e dos zagueiros,
uma das características do jovem Thiago, o Cruzeiro tem dois laterais velozes (Leandro e Maurinho), um armador brilhante (Alex), com ampla visão de jogo, e
dois atacantes rápidos e habilidosos. Alex aparece muito no ataque para finalizar, no espaço deixado por Aristizabal e Deivid.
Alex é um terceiro atacante, como Kaká no São Paulo.
O risco de recuar e de contra-atacar é o de permitir que o outro
time tenha mais posse de bola. No último jogo, o Santos teve também boas chances de marcar.
Hoje, contra o Vasco pela Copa do Brasil, o Cruzeiro poderá adotar a mesma estratégia. Se for derrotado e eliminado, não se mudam os conceitos por causa de
uma partida. Em São Januário, o
Vasco tem grandes chances de
vencer qualquer equipe.
Pressionar e defender
Uma boa equipe precisa contra-atacar e também saber pressionar, adiantar a marcação. Quando se toma a bola, é muito mais
fácil chegar ao gol. Mas o time que pressiona tem de se posicionar bem na defesa para receber o contragolpe.
Nos últimos anos, o Santos, nas finais do Brasileiro-2002 e, principalmente, o Grêmio em 2001, na conquista da Copa do Brasil, foram os dois times que melhor fizeram a marcação por pressão.
Depois o Grêmio perdeu vários
jogadores, mudou a estratégia e
caiu de produção. Nos últimos jogos, com a contratação de um
bom centroavante (Christian) e a
recuperação de alguns jogadores,
o time melhorou bastante.
O Grêmio alterna hoje a marcação por pressão com o recuo e o
contra-ataque, como faz o Cruzeiro. O time gaúcho é novamente
forte candidato ao título da Libertadores, desde que o Tite não
invente. Caio de volante, mesmo
como opção, é brincadeira.
O Santos, outro candidato aos
títulos da Libertadores e do Brasileiro, piorou em relação às finais
de 2002. O time não marca por
pressão, como antes. Com a entrada do Nenê, a equipe, que atacava bem pelos dois lados e pelo meio, ficou torta, pela esquerda.
Robinho não fica na direita, com
razão. Aí não é o seu lugar, apesar
de ser destro. Elano atacava e
marcava com eficiência pela direita. Agora está fora de posição e
isolado quando vai ao ataque.
Se parte da imprensa continuar
achando que o Robinho e o Diego
já são indispensáveis à seleção
principal, que basta o Robinho rebolar e pedalar para todos ficarem babando, os dois correm riscos de não evoluírem, principalmente se acreditarem nisso. Diego
está jogando bem, mas continua
conduzindo demais a bola e sendo derrubado.
Robinho e Diego são jovens brilhantes, com grandes chances de
se tornarem craques. Eles ainda
não repetiram as espetaculares
atuações das finais do Brasileiro.
Não podem se transformar em
craques dos "melhores momentos", já que, mesmo jogando mal,
fazem duas ou três jogadas de
efeito, principalmente o Robinho.
Corinthians e Paysandu têm
boas chances de se classificar na
Libertadores. Os times argentinos
são muito inferiores aos dos anos
anteriores. O mesmo acontece
com os outros rivais sul-americanos. Cada ano que passa, fica
mais fácil para um time brasileiro
ganhar o título.
Se o Corinthians quiser vencer,
terá de atacar, pressionar, mas
não pode se esquecer de se posicionar bem para receber o contra-ataque. Se levar um gol, será difícil fazer dois ou três. Aí só restará
tocar um tango.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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