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São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 2003

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FUTEBOL

Marcar e contra-atacar

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Algumas palavras e expressões estão presentes em todas as transmissões de futebol, como pressionar, marcar e contra-atacar. Muitos associam o contra-ataque ao defensivismo. Jogar na defesa é uma coisa; de contra-ataque é outra.
O desarme, seguido do contra-ataque, é uma estratégia muito importante no futebol. Pode começar no meio-campo, na própria intermediária ou na do rival. Isso é muito mais relevante do que o desenho tático e o número de zagueiros e de atacantes.
Quem desarma precisa ter um passe rápido e certeiro. Jogador que não passa bem e/ou demora 500 anos para dominar a bola, virar o corpo, olhar e, depois, passar, acaba com o contra-ataque.
Uma das qualidades do Cruzeiro é alternar, em uma mesma partida, a marcação adiantada com o recuo e o contra-ataque. Os melhores momentos da equipe acontecem quando o Cruzeiro faz um gol, recua e atrai o rival para o contragolpe.
Para isso, além de um bom passe dos volantes e dos zagueiros, uma das características do jovem Thiago, o Cruzeiro tem dois laterais velozes (Leandro e Maurinho), um armador brilhante (Alex), com ampla visão de jogo, e dois atacantes rápidos e habilidosos. Alex aparece muito no ataque para finalizar, no espaço deixado por Aristizabal e Deivid. Alex é um terceiro atacante, como Kaká no São Paulo.
O risco de recuar e de contra-atacar é o de permitir que o outro time tenha mais posse de bola. No último jogo, o Santos teve também boas chances de marcar.
Hoje, contra o Vasco pela Copa do Brasil, o Cruzeiro poderá adotar a mesma estratégia. Se for derrotado e eliminado, não se mudam os conceitos por causa de uma partida. Em São Januário, o Vasco tem grandes chances de vencer qualquer equipe.

Pressionar e defender
Uma boa equipe precisa contra-atacar e também saber pressionar, adiantar a marcação. Quando se toma a bola, é muito mais fácil chegar ao gol. Mas o time que pressiona tem de se posicionar bem na defesa para receber o contragolpe.
Nos últimos anos, o Santos, nas finais do Brasileiro-2002 e, principalmente, o Grêmio em 2001, na conquista da Copa do Brasil, foram os dois times que melhor fizeram a marcação por pressão.
Depois o Grêmio perdeu vários jogadores, mudou a estratégia e caiu de produção. Nos últimos jogos, com a contratação de um bom centroavante (Christian) e a recuperação de alguns jogadores, o time melhorou bastante.
O Grêmio alterna hoje a marcação por pressão com o recuo e o contra-ataque, como faz o Cruzeiro. O time gaúcho é novamente forte candidato ao título da Libertadores, desde que o Tite não invente. Caio de volante, mesmo como opção, é brincadeira.
O Santos, outro candidato aos títulos da Libertadores e do Brasileiro, piorou em relação às finais de 2002. O time não marca por pressão, como antes. Com a entrada do Nenê, a equipe, que atacava bem pelos dois lados e pelo meio, ficou torta, pela esquerda. Robinho não fica na direita, com razão. Aí não é o seu lugar, apesar de ser destro. Elano atacava e marcava com eficiência pela direita. Agora está fora de posição e isolado quando vai ao ataque.
Se parte da imprensa continuar achando que o Robinho e o Diego já são indispensáveis à seleção principal, que basta o Robinho rebolar e pedalar para todos ficarem babando, os dois correm riscos de não evoluírem, principalmente se acreditarem nisso. Diego está jogando bem, mas continua conduzindo demais a bola e sendo derrubado.
Robinho e Diego são jovens brilhantes, com grandes chances de se tornarem craques. Eles ainda não repetiram as espetaculares atuações das finais do Brasileiro. Não podem se transformar em craques dos "melhores momentos", já que, mesmo jogando mal, fazem duas ou três jogadas de efeito, principalmente o Robinho.
Corinthians e Paysandu têm boas chances de se classificar na Libertadores. Os times argentinos são muito inferiores aos dos anos anteriores. O mesmo acontece com os outros rivais sul-americanos. Cada ano que passa, fica mais fácil para um time brasileiro ganhar o título.
Se o Corinthians quiser vencer, terá de atacar, pressionar, mas não pode se esquecer de se posicionar bem para receber o contra-ataque. Se levar um gol, será difícil fazer dois ou três. Aí só restará tocar um tango.

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